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04 outubro 2017

MORO DEFENDE GRAVAÇÃO DE CONVERSAS DE ADVOGADOS COM DETENTOS EM PRESÍDIOS FEDERAIS

Para juiz, monitoramento sistemático impediria que criminosos perigosos mantivessem contato com cúmplices fora da prisão

   

POR JAILTON DE CARVALHO
 04/10/2017 20:51

O juiz Sérgio Moro - Edilson Dantas / Agência O Globo





BRASÍLIA - O juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, defende a gravação de conversas entre presos com visitantes, inclusive advogados, em presídios federais. Para o juiz, o monitoramento sistemático das conversas de presos federais seria uma forma de impedir que criminosos considerados mais perigosos se mantenham em contato com cúmplices fora da prisão. Moro tratou do assunto numa conversa por telefone com o ministro da Defesa, Raul Jungmann, na terça-feira.

Jungmann ligou para o juiz da Operação Lava-Jato para saber a opinião dele sobre a proposta de monitoramento de conversas entre advogados e presos. Moro disse, então, que é favorável à gravação de conversas de presos nos presídios federais, construídos especialmente para abrigar chefes de organizações criminosas, entre outros detentos considerados de alta periculosidade.

 Ontem (quarta-feira), em entrevista ao GLOBO o juiz confirmou a conversa com o ministro e reafirmou a defesa do monitoramento nos presídios federais.

- Não entram celulares (nos presídios federais), mas os presos podem passar mensagens através dos visitantes. A forma de prevenir é impor visita somente no parlatórios e gravada, sem exceções.

O material só pode daí ser utilizado para prevenir crimes futuros mas não como prova de crimes passados, a fim de resguardar o direito de defesa. Para tanto, é necessário ampliar a quantidade e a qualidade dos parlatórios - disse Moro.

O juiz argumenta ainda que a medida é importante até mesmo para reforçar a segurança dos próprios advogados. Cientes de que a vigilância seria sistemática, criminosos não tentariam forçar visitantes a fazer papel de pombo-correio.

- A medida, além de proteger as pessoas de novos crimes, também protege visitantes, inclusive advogados de serem pressionados a servir de mensageiros de ordens criminosas - disse.

Moro entende, no entanto, que a medida é inviável em presídios estaduais devido ao tamanho e a complexidade do sistema carcerário do país. A ideia de monitorar conversas de presos com advogados ressurgiu nas últimas semanas a partir de uma iniciativa de Jungmann.

O ministro busca apoio entre autoridades e especialistas em segurança para levar ao Congresso Nacional projeto com regras favoráveis a escutas nos presídios. Para ele, esta seria uma das formas de se tentar impedir que criminosos continuem a cometer crimes mesmo com ordens emitidas de dentro das prisões.



Fonte: O Globo