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01 novembro 2019

Segurança Pública faz ato contra Doria após anúncio de "reajuste salarial"

Pacote de segurança do governo é criticado pela categoria; mobilização será realizada na segunda-feira (4).







Laísa Dall'Agnol
1º.nov.2019 às 18h02


Policiais militares, civis, técnico-científicos e agentes de segurança penitenciária e de escolta e vigilância penitenciária
 terão 5% de aumento sobre o salário-base- Rivaldo Gomes 2.jan.2014/Folhapress



SÃO PAULO - O Sindpesp (Sindicato dos Delegados de Polícia de São Paulo) realiza, na próxima segunda-feira (4), uma mobilização contra as medidas do pacote de segurança pública anunciadas pelo governador João Doria (PSDB).

A categoria se queixa, principalmente, do reajuste salarial de 5% a partir de janeiro de 2020 que será concedido pelo estado a todo o efetivo da segurança, o que inclui policiais militares, civis e técnico-científicos e agentes de segurança, escolta e vigilância penitenciária.

As críticas têm como base o fato de que, durante a campanha, o governador prometeu elevar salários dos policiais para que ficassem entre os melhores do país. Hoje, o quadro do estado tem um dos piores vencimentos.

A bonificação que hoje é paga para os servidores da segurança que atuam como agente operacionais, será liberada
 também para bombeiros e funcionários das áreas administrativas das policias de delegacias especializadas -
Rivaldo Gomes 2.jan.2014/Folhapress



De acordo com ranking salarial divulgado pelo Sindpesp, a remuneração de um delegado de polícia hoje, em São Paulo, coloca a categoria em penúltimo lugar na lista que compara todos os estados, ficando atrás apenas de Pernambuco. O mesmo vale para outros cargos, como escrivão e investigador.

A remuneração de servidores da segurança é composta, além do salário-base, pelo RETP (Gratificação pelo Regime Especial de Trabalho Policial), que, somados, formam o salário inicial.

O aumento salarial a ser concedido representará um acréscimo de R$ 110 no salário-base de carreiras como a de investigador, no que diz respeito ao vencimento inicial, e de R$ 72 para policiais militares ingressando na área, descontados valores "extras" de frequência, como diárias.

O ato programado para a segunda-feira deve ocorrer a partir das 14h, simultaneamente no Quartel General da Polícia Militar, na Delegacia-Geral e na Secretaria de Estado da Administração Penitenciária. De lá, os agentes devem seguir para a sede da SSP (Secretaria da Segurança Pública).

O auxílio alimentação será igual para todas as categorias e será reajustado pela Ufesp; hoje,
 o máximo pago é de R$796 - Rivaldo Gomes 20.ago.2019


"Esta união é inédita. Toda a força de segurança do estado de São Paulo, a Polícia Civil e a Polícia Militar, juntamente com senadores e parlamentares, nos reunimos e deliberamos por esse grande ato", diz Raquel Kobashi, presidente do Sindpesp.

Além do reajuste, outros itens do pacote de segurança do governo, como o vale-alimentação, que será equiparado para todas as categorias, também são alvo de críticas.

"Todas as medidas estão abaixo das reais necessidades da classe. O policial civil já recebe, no máximo, R$ 240 por mês, ou seja, menos de R$ 11 por dia de trabalho de tíquete-alimentação. Como qualquer trabalhador, merece receber dignamente para que possa fazer, ao menos, uma alimentação por dia", diz Kobashi.

O adicional de insalubridade, concedido a quem tem trabalho considerado prejudicial a saúde, será contabilizado
 a partir do inicio da exercício da função; atualmente, policiais esperam até dez meses para passar a receber
 Rivaldo Gomes 9.mar.2019/Folhapress



Durante o anúncio do pacote de medidas da segurança pública, na última quarta-feira (30), o vice-governador Rodrigo Garcia (DEM) afirmou que o atual governo recebeu um déficit orçamentário da gestão anterior.

“Só a Previdência estadual tem um rombo de R$ 23 bilhões. Por isso, estamos num cenário de contenção de despesas, com a extinção de secretarias, empresas estatais e gastos com folha de pagamento.”

Desafeto

O ato do Sindpesp é apoiado pelo senador Major Olímpio (PSL-SP), que tem feito duras críticas a Doria.

O último capítulo da desavença entre os dois ocorreu em outubro, após Doria ser vaiado por policiais militares da reserva e chamá-los de "vagabundos", durante evento em Taubaté (140 km de SP).

O ato do Sindpesp é apoiado pelo senador Major Olímpio (PSL-SP), que tem feito duras críticas a Doria
Imagem: 18.jan.2019 - Simon Plestenjak/UOL



O governador acusou Major Olímpio de estar por trás do ato do grupo, que trazia cartazes em apoio ao presidente Jair Bolsonaro (PSL).

“Vai cobrar do Major Olímpio seus 'duzentinho' para vir aqui falar bobagem no microfone. Vai pra casa, aposentado", disse Doria na ocasião.

Major Olímpio rebateu. "Primeiro, eu não tenho dinheiro para pagar ninguém, segundo, eu nunca precisei. Essas pessoas estão aí porque a família policial está passando necessidade. Os governos do PSDB e você, na sequência, destruíram essas pessoas. Eles não são vagabundos, não”, declarou o senador em rede social.




Fonte:  FOLHA DE SÃO PAULO/AGORA SÃO PAULO