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21 fevereiro 2022

Um infiltrado a menos: Polícia de SP prende segurança de hacker por participação no assassinato de Cara Preta

Agente penitenciário preso neste domingo seria segurança do empresário Pablo Henrique Borges, detido por agentes da 38º DP (Brás de Pina) em uma mansão em Angra dos Reis. 

Por Leslie Brandão e César Menezes, TV Globo — São Paulo

20/02/2022

David Moreira da Silva, agente penitenciário e segurança de Pablo Henrique Borges e suspeito
de ter contratado o assassino de Cara Preta
Segundo a polícia, segurança e empresário teriam participado do assassinato de um traficante internacional e de seu motorista.

Policiais do Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHHP) e agentes da Policia Federal prenderam neste domingo (20) mais um suspeito de participar das execuções de chefes do Primeiro Comando da Capital (PCC), uma das principais facções criminosas do país, no Tatuapé, Zona Leste de São Paulo, no dia 27 de dezembro, os mortos foram Anselmo Bechelli Santa Fausta, de 38, conhecido como "Cara Preta", e Antônio Corona Neto, o "Sem Sangue", 33.

Segundo os policiais, o agente penitenciário David Moreira da Silva, preso neste domingo em São Paulo, era segurança de Pablo Henrique Borges, investidor de criptomoedas detido na semana passada em uma mansão em Angra dos Reis. 

Agora, são três presos pelo duplo homicídio em dezembro.

O suposto executor teria sido contratado por David Moreira da Silva, e ele foi morto pelo próprio crime organizado. Identificado como Noé Alves Schaun, um ex-presidiário, que saiu da cadeia em julho, ele foi decapitado, e sua cabeça foi deixada em uma praça do bairro do Tatuapé. De acordo com as investigações, ele teria sido contratado para “matar um agiota” e executou a dupla sem saber que, na verdade, estava atirando em um dos maiores traficantes do país.

Pablo Henrique Borges estava hospedado em uma casa de luxo em uma ilha de Angra dos Reis, na Costa Verde fluminense Foto: Reprodução

Suspeitos de envolvimento no caso “Cara Preta”

Dos cinco suspeitos com prisão decretada pela Justiça, três também são investidores do mercado financeiro, empresários de vários ramos, envolvidos com lavagem de dinheiro do PCC e de outros criminosos, alguns usando inclusive criptomoedas, segundo a investigação. São eles Robinson Moura, Rafael Maeda, o “Japa”, e Danilo Lima, além do agente penitenciário David Oliveira, que teria contratado o executor da dupla e recebido R$ 100 mil pelo serviço. Todos seguem foragidos.

David é amigo de infância de Vinícius e Pablo - ambos negam estarem envolvidos nas mortes.

Pablo Henrique Borges deve ser trazido para a capital paulista nesta segunda-feira (21). A chegada no Campo de Marte, segundo os policiais, deve ocorrer por volta das 12h, em um helicóptero da Policia Civil.

O advogado Rodrigo Fonseca, que defende David, afirmou que seu cliente é inocente das acusações.

"Quem se rende espontaneamente se não fosse inocente? Até o presente momento, inexiste indício suficiente para incriminar o meu cliente. O último contato do meu cliente com o Pablo , tão somente ocorreu no ano de 2020, pois David prestava serviço como segurança pessoal. Meu cliente, espontaneamente autorizou a quebra do sigilo bancário e de seu telefone, o que demonstra sua boa-fé", disse o advogado Rodrigo.

Anselmo Becheli Fausta, o Cara Preta e seu braço direito,  Antonio Corona Neto, o Sem Sangue,
eles foram executados a mando de investidor e hacker segundo a polícia de São Paulo

Prisão em mansão

Policiais da 38ª DP (Brás de Pina) prenderam, na manhã da última quarta-feira (16), o investidor em criptomoedas Pablo Henrique Borges, de 28 anos.

Segundo investigações da polícia, ele é suspeito de ter participado de um esquema financeiro que causou um prejuízo de R$ 400 milhões em contas bancárias de terceiros.

Ele também é apontado pelas autoridades como um dos mandantes do assassinato do traficante internacional Anselmo Becheli Fausta, morto no dia 27 de dezembro do ano passado.

Pablo foi detido quando estava em uma mansão localizada em Angra dos Reis, Costa Verde do litoral fluminense. Pelo aluguel do imóvel, ele pagava uma diária de R$ 15 mil.

Vídeo da prisão de Pablo em 16/02/2022

Investigação da Polícia Civil de São Paulo aponta que Pablo e sua empresa - a E-Price Capital Participações - funcionavam como braço financeiro do Primeiro Comando da Capital (PCC), uma das principais facções criminosas do país. Pablo arrecadava a verba por meio de lavagem da criptomoeda bitcoin.

Segundo investigadores, Pablo vinha sendo monitorado pelo setor de inteligência da delegacia. Na terça-feira (15), uma operação da Polícia Civil de São Paulo fez uma operação de busca e apreensão na mansão onde Pablo morava, no Morumbi, região nobre da capital paulista.

No local, os agentes encontraram e apreenderam um Porsche Taycan, passaportes e documentos - tanto de Pablo quanto de sua mulher, a influenciadora digital Marcella Portugal Borges.

Ainda segundo investigação da Polícia Civil, Pablo seria um dos mandantes da morte de Anselmo Bechelli. O agente financeiro teria investido R$ 100 milhões do traficante, que seria membro do PCC. O dinheiro, no entanto, desapareceu, o que teria gerado desentendimento entre eles e a ordem para o assassinato.

Pablo Henrique Borges foi preso em outubro de 2018 na Operação Ostentação - Imagem: Reprodução G1

Esquema milionário

O esquema funcionava da seguinte maneira: Pablo e seus comparsas ofereciam, via redes sociais e mensagens de WhatsApp, pagamentos de boleto com 50% de desconto.

Os interessados repassavam metade do valor para o grupo. Logo em seguida, os criminosos quitavam o boleto por meio da invasão de contas de clientes de bancos.

Na lista de clientes - formada tanto por empresas quanto por pessoas físicas - havia centenas de interessados em pagar contas pela metade do valor. Entre os boletos pagos, havia débitos de IPVA, celular, ISS e TV por assinatura.

Ainda de acordo com a investigação da polícia paulista, a quadrilha causou um rombo de R$ 400 milhões, lesando 23 mil contas.

O esquema era possível graças a um sistema de roubo de senhas desenvolvido por um programador de Goiás.

Veículos de luxo apreendidos em operação em São Paulo — Foto: Divulgação/Deic

Vida luxuosa

Pablo já havia sido preso uma vez em 2018, na Operação Ostentação. Após passar apenas dois dias na cadeia, ele aceitou fazer um acordo para auxiliar as autoridades na investigação em troca de permanecer em prisão domiciliar.

Segundo a polícia, o esquema possibilitou que Pablo experimentasse uma escalada financeira incomum.

Até 2012, ele era apenas um jovem morador da Região Metropolitana de São Paulo que vivia da instalação de computadores.

Carros de luxo deixam casa de preso em operação do Deic em SP — Foto: Abraão Cruz/TV Globo
Em pouco tempo, ele passou a viver em uma mansão. O suspeito tinha um gosto particular por carros italianos de alto luxo - possuía uma Maserati, uma Lamborghini e duas Ferraris.

Pablo também costumava se deslocar de helicóptero.

Além disso, em 2017 alugou um iate pelo qual pagou diária de 42 mil euros para poder assistir O Grande Prêmio de Fórmula 1, no Principado de Mônaco.

Fonte: G1

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