Polícia encontrou porções de maconha, cocaína e skunk dentro de um ônibus que fazia o trajeto entre Assis (SP) e Presidente Prudente (SP). Cartas apreendidas tinham nomes de presos e anotações ligadas ao tráfico.
Por g1 Presidente Prudente
07/10/2025
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Polícia apreende cartas do crime organizado e drogas em Presidente Prudente - Imagem: Polícia Civil/Divulgação |
Uma mulher de 40 anos, identificada apenas como Cristiane, foi presa em flagrante suspeita de tráfico de drogas e ligação com o crime organizado, após policiais encontrarem cartas e entorpecentes durante uma fiscalização de transporte coletivo, em Presidente Prudente (SP).
Segundo o boletim de ocorrência, a operação ocorreu em um ônibus de viagem, que fazia o trajeto entre Assis e Presidente Prudente. Com o apoio do canil do 8º Batalhão de Ações Especiais de Polícia (Baep), um cão farejador indicou a presença de ilícitos em uma mochila ao lado da passageira.
Durante a abordagem, a suspeita demonstrou nervosismo e negou ser dona do material. Depois, confessou que as drogas pertenciam a ela, alegou ser para o uso pessoal. Dentro da mochila, os policiais encontraram porções de maconha, cocaína e "skunk", que juntas somavam aproximadamente 169 gramas.
Além das drogas, os agentes apreenderam diversas cartas manuscritas, com anotações que, segundo a Polícia Civil, indicam comunicações entre detentos e pessoas em liberdade. Os textos continham nomes de presos, contabilidade do tráfico e pedidos de entorpecentes.
A equipe investigou até a residência da mãe da suspeita, em Assis, onde foram encontradas outras cartas com o mesmo teor no quarto da mulher, reforçando os indícios de envolvimento com o crime organizado.
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Uma ação da Polícia Militar no Terminal Rodoviário de Presidente Prudente resultou na prisão de uma mulher de 40 anos, por tráfico de drogas e envio de correspondências ligadas ao crime organizado - Imagem: Arquivo |
Durante o interrogatório, Cristiane afirmou ser usuária de drogas e disse que comprou os entorpecentes por R$ 1.000 de um homem.
Em relação às cartas, alegou que prestava favores a detentos, transmitindo mensagens a familiares por meio de aplicativos de mensagens, e que não recebia pagamento por isso.
Para a Polícia Civil, o conteúdo das cartas e como as drogas estavam embaladas indicam tráfico e possível vínculo com uma organização criminosa.
Segundo o delegado responsável, a suspeita atuava como elo de comunicação entre presos e comparsas fora das penitenciárias, garantindo a continuidade de ordens relacionadas ao tráfico de drogas.
A mulher foi presa em flagrante e teve a prisão preventiva representada pela autoridade policial. O celular dela foi apreendido, e a polícia também solicitou a quebra de sigilo telefônico para análise de mensagens e possíveis conexões com o crime.
As drogas foram encaminhadas para perícia e devem ser destruídas após autorização judicial. O caso foi registrado pela Polícia Civil da cidade.
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Segundo a indiciada, ela prestava favores a presos que estão custodiados junto com seu companheiro na Penitenciária de Bernardino de Campos -SP |
Decisão da Justiça após pedido de prisão preventiva da indiciada pela Polícia Civil
“No que tange à grande quantidade de cartas, a indiciada negou veementemente qualquer vínculo com o tráfico de drogas ou com organização criminosa, afirmando que não existe contabilidade de tráfico em tais manuscritos”, informa o Boletim de Ocorrência sobre as atitudes da mulher, que alegou que prestava “favores” a outros detentos que cumprem pena junto ao seu companheiro, na Penitenciária de Bernardino de Campos.
“Tais favores consistiriam em intermediar a comunicação entre os presos e seus familiares, transmitindo recados ou pedidos de itens de higiene e uso pessoal, como sabonetes e chinelos. Declarou que não recebe qualquer remuneração por tal atividade, fazendo-o por ajuda, uma vez que muitos dos detentos seriam ‘abandonados’ por suas famílias devido à distância da unidade prisional”, expôs o registro.
Mesmo tendo argumentado que recebe as cartas dos presos e repassa as informações aos familiares por aplicativo de mensagens, motivo pelo qual os PMs teriam encontrado transações via Pix em seu celular, as quais, segundo ela, foram erroneamente interpretadas como contabilidade do tráfico, a Polícia Civil decidiu por representar por sua prisão preventiva.
“A conduta em concreto da implicada reflete a prática de delito considerado grave, eis que fomenta o germe do vício, contribui para o aumento da violência e da criminalidade como um todo, acarreta a degeneração moral da pessoa, assim como o aviltamento da família e da sociedade”, considerou a autoridade policial que atendeu o caso.
“Não é de se descartar, ainda, a audácia e o destemor da celerada em eventualmente ser surpreendida pelas forças policiais, tamanha é sua crença na impunidade, circunstância de demanda pronta e imediata resposta das autoridades investidas na persecução criminal. A manutenção em liberdade da increpada representa grave violação à ordem pública”, finaliza o documento.
Fonte: G1