Cúpula da PM trabalha com hipótese de que texto seja instrumento para reivindicar porte de armas institucional e melhor condição de trabalho.
Renan Porto
16/10/2024
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Comando da PM acredita que suposto "salve" tenha sido elaborado por policiais penais, pois a citação de Marcola, preso em Brasilia e sem vínculos com Sistema Penitenciário de São Paulo é incongruente |
São Paulo — Comandantes da Polícia Militar do estado tratam com ceticismo o manuscrito atribuído ao Primeiro Comando da Capital (PCC) interceptado na Penitenciária de Parelheiros, na zona sul de São Paulo, e em outras unidades do sistema prisional. Sem descartar completamente a veracidade do
“salve” da facção, a cúpula da PM também trabalha com a hipótese de que o documento tenha, na verdade, partido de sindicatos de agentes penitenciários.
A suspeita é que o manuscrito tenha sido um instrumento utilizado por funcionários do sistema prisional para reivindicar melhores condições de trabalho e o porte de armas institucional.
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Suposto "salve" segundo o Comando da PM não tem compatibilidade com os atos da facção
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“Há uma série de elementos nessa carta que não fazem sentido”, afirma um integrante da cúpula da PM ao Metrópoles. Para ele, um dos indícios seria a citação ao líder máximo da facção: Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, que está preso na Penitenciária Federal de Brasília, sem vínculo com o sistema penitenciário de São Paulo.
O manuscrito, obtido com exclusividade pelo Metrópoles, é assinado pela Sintonia Final, cúpula da facção. O texto promete “represálias na rua” como resposta “ao que estão fazendo com nosso irmão Marcola”.
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Suposto "salve" segundo o Comando da PM não tem compatibilidade com os atos da facção
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“Tomaremos nossas providências […] deixando um papo para que dentro desses 30 dias determinamos os irmão faça acontecer [sic] e chegar em nossas mãos, aguardando esse levantamento como caráter de urgência”, diz o texto.
Segundo o bilhete, os criminosos responsáveis pelos presos de pavilhões ou raios deveriam informar, com “caráter de urgência”, se as unidades onde estão presos há bloqueadores de sinal de celular, além de condições de não deixar rastros ou provas da articulação feita para os eventuais ataques.
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O incêndio no caminhão da SAP é atribuído a um problema mecânico seguido de um episódio de vandalismo, segundo a SAP |
Supostos ataques
No último final de semana, uma viatura da Secretaria de Administração Penitenciária (SAP) foi incendiada próximo ao Centro de Detenção Provisória (CDP) de Pinheiros, na zona oeste de capital. Além disso, um agente penitenciário foi alvo de um ataque a tiros durante uma suposta tentativa de assalto na Rodovia Fernão Dias.
Na segunda-feira (14), dois homens em uma moto se aproximaram de uma base da PM na Vila Zilda, no Guarujá, e atiraram cinco vezes contra dois policiais em serviço. Horas depois, membros das Rondas com Motocicletas (Rocam) foram alvos de tiros no mesmo bairro.
Para a cúpula da PM, não há indícios de que os casos tenham relação entre si ou com o manuscrito interceptado na Penitenciária de Parelheiros. O incêndio no caminhão da SAP é atribuído a um problema mecânico seguido de um episódio de vandalismo.
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Dois homens em uma moto se aproximaram de uma base da PM na Vila Zilda, no Guarujá, e atiraram cinco vezes contra dois policiais em serviço. Horas depois, membros das Rondas com Motocicletas (Rocam) foram alvos de tiros no mesmo bairro |
Fonte: METRÓPOLES
Contraponto:
Da incredulidade e do ceticismo, Ferreira Pinto também desdenhou do PCC, dizendo que era apenas um grupo composto apenas por 20 ou 30 elementos, assim sendo vamos repetir suas palavras abaixo no ano de 2009 para reporteres.
"Força de facção é um mito, diz secretário"
Antonio Ferreira Pinto (Segurança) diz que a polícia exagera sobre o poder do PCC para não ser questionada sobre crimes. Para o secretário, hoje não existe a menor possibilidade de a onda de ataques criminosos de 2006 se repetir em São Paulo.
DA REPORTAGEM LOCAL
São Paulo, sexta-feira, 15 de maio de 2009
Ex-secretário da Administração Penitenciária entre junho de 2006 e março deste ano, Antonio Ferreira Pinto (Segurança) ganhou fama pela capacidade de conter as explosões do PCC (Primeiro Comando da Capital) nos presídios.
Usou como ferramenta de controle o monitoramento das conversas telefônicas, com autorização judicial, dos principais líderes da facção.
É com esse currículo que ele diz ser um mito o poder do PCC: "A polícia exagera o poder dessa facção. Há interesses subalternos em torno dessa apreciação exagerada. É uma forma de a polícia não ser cobrada por outras atividades delituosas, como desvio de carga, adulteração de combustível e tráfico".
Hoje, segundo Ferreira Pinto, o que se chama de PCC "são 20, 30 presos perigosos, traficantes, que têm no celular uma grande arma, mas não têm condição nenhuma de colocar em xeque as instituições, como ocorreu em 2006" -quando São Paulo ficou paralisada por uma série de ataques.
Para o secretário, esse cenário apocalíptico não tem a menor chance de acontecer novamente: "O Estado está aparelhado para dizer que os ataques de três anos atrás não vão se repetir. Qualquer facção criminosa que possa existir no sistema prisional está sob controle".
Ele diz que o exagero sobre o PCC não significa que não existam outros grupos envolvidos no crime organizado.
Segundo o secretário, a lavagem de dinheiro deve ser objeto de uma nova delegacia e de cursos para os policiais.
Uma das ideias é transformar o Denarc em delegacia de combate ao crime organizado, focada na lavagem de dinheiro.
Até 2000, apesar de inúmeras ações atribuídas ao PCC, o governo paulista nem sequer admitia sua existência. Depois, quadros do governo passaram a minimizar a influência do grupo. Tal discurso se enfraqueceu em 2001, após uma megarrebelião ordenada pelos líderes da facção. (MARIO CESAR CARVALHO)
Link da Matéria do Jornal Folha de São Paulo
Assim sendo importante frisar que: "Com ceticismo cúpula da PM trabalha com hipótese de que texto "Salve Geral" apreendido por Policiais Penais na Penitenciária de Parelheiros, seja de autoria de Agentes Penitenciários e Sindicalistas e que seria usado como instrumento para se reivindicar porte de armas institucional e melhor condição de trabalho aos servidores da categoria.
Um dos indícios citados pelo comandante é que a citação ao líder máximo da facção Marcola, que está preso na Penitenciária Federal de Brasília, sem vínculo com o sistema penitenciário de São Paulo.
Acredito que este Comandante não tenha conhecimento de que Marcola não possui vínculo algum com o sistema penitenciário de SP, mas sim com a facção ora denominada PCC, que possui cerca de 40 mil afiliados espalhados dentro e fora dos presídios, em todos os estados da Federação e que já atuam em 24 outros países e que independente de ele estar sendo custodiado pela Sistema Penitenciário Federal, ele como "Sintonia Final" desta facção solicita atentados onde bem quiser, e que lhe convenha, mas é claro que tais solicitações só se concretizam, onde o poder público não intervém efetivamente.
Não se leva em conta em momento algum os relevantes trabalhos de investigação realizados dentro dos presídios paulistas por agentes penitenciários, que auxiliam os Promotores do Gaeco do Ministério Público de São Paulo, que foram os trabalhos minunciosos e de efetiva astucia destes agentes que ocasionaram com a abertura de inúmeros procedimentos processuais contra a facção e que culminaram com a efetiva condenação de centenas de membros faccionados, presos e em liberdade.
Mesmo porque quem pode dizer se não foram os faccionados pertencentes ao grupo de excluídos pela própria facção, tais como Wanderson Nilton de Paula Lima, o "Andinho", Roberto Soriano, o "Tiriça", Abel Pacheco de Andrade, o Vida Loka, ", Daniel Vinicius Canônico, o "Cego", e Reinaldo Teixeira dos Santos, o "Funchal", todos lideres históricos do PCC que se viraram contra o chamado "Sintonia Final", o próprio Marcos Herbas Willians Camacho, o "Marcola e que o e pediram o "salve" no intuíto de o incriminarem? Afinal tudo é possível e nada deve ser deixado de ser investigado e sem pontas soltas."
Diante deste ceticismo que derrama desprezo e desmerecimento aos Policiais Penais da Secretaria da Administração Penitenciária, acredito que nossa Instituição e nossos representantes sindicais deveriam solicitar uma carta de retratação ao comandante da Polícia Militar.
Que a Polícia Civil investigue e coloque o fato e o tal "salve"sob perícia, e se houver culpado ou culpados, que ele ou eles paguem por tais atos que não se coadunam com a postura de Homens e Mulheres sérios e comprometidos com o trabalho desempenhado nas Unidade Prisionais as duras penas, com baixos efetivos e com população carcerária geralmente acima de suas capacidades, honrando seus compromissos com a Segurança Pública do Estado de São Paulo.
Leandro Leandro.