18 outubro 2017

DENÚNCIA: Celas de presídio inaugurado em julho estão soltando pedaços, diz agentes de Ariquemes/Rondônia

Denúncia foi feita em audiência pública na promotoria de Ariquemes (RO). Centro de Ressocialização já teve quatro fugas desde a inauguração.


Por Diêgo Holanda, G1 
Ariquemes e Vale do Jamari

Agentes apresentaram pedaços de celas em audiência (Foto: Reprodução/WhatsApp

Agentes penitenciários afirmam que pedaços de concreto estão se soltando do novo Centro de Ressocialização de Ariquemes (RO), inaugurado em julho. Os objetos foram mostrados essa semana durante uma audiência pública que discutiu a crise penitenciária na cidade.

O encontro ocorreu após uma sequencia de fugas nas unidades penitenciarias locais. Somente no Centro de Ressocialização, inaugurado no final de julho, já ocorreram 4 fugas.

A audiência foi promovida pelo Ministério Público de Rondônia (MP-RO) e teve a participação de promotores, autoridades do judiciário, legislativo e executivo, policiais militares, policiais civis, agentes penitenciários, estudantes, familiares de detentos e sociedade em geral.

Agentes levaram pedaços em audiência (Foto: Diêgo Holanda/G1)


Para a promotora Joice Gushy Mota Azevedo, a audiência serviu para apresentar a complexidade da questão penitenciária a toda a sociedade e também buscar soluções para os problemas atualmente enfrentados.

“Essa audiência pública não é o início de um trabalho, ela visa dar continuidade e delinear a nossa atuação e nominar, orientar, como o MP deve se pautar no desenvolvimento desse trabalho tão árduo que é o acompanhamento do sistema penitenciário de Ariquemes”, destacou.

Para a juíza Claudia Mara Faleiros Fernandes, um dos problemas do sistema prisional em Ariquemes é a ausência de meios de ressocialização. “A sociedade ariquemense precisa entender que a crise no sistema penitenciário é um problema de todos. Nós precisamos nos unir para que tenhamos efetivamente uma ressocialização na cidade de Ariquemes, porque uma execução penal mal feita, quem paga é a sociedade”, argumentou.

A autônoma Vania Silva é parente de um detento e foi para audiência interessada em debater a questão.

“Pra gente, que é família, é muito importante essa reunião pra que seja resolvido esses problemas. Eles [presos] têm que pagar, mas pagar de uma forma justa, com dignidade”.
O delegado sindical dos agentes penitenciários, Clebs Dias criticou o governo do estado pelo que ele chamou de “descaso” com o trabalho dos servidores nas unidades de Ariquemes.]

“A população em geral não tem conhecimento do que se passa. O sistema prisional é um problema de segurança pública, um caos social, porque se essas pessoas estão presas é porque tem muitos problemas na sociedade. Até hoje o que nós tivemos foi apenas conversas, a situação está exatamente onde estava há quatro anos atrás”, reclamou.

Autoridades acompanham audiência (Foto: Diêgo Holanda/G1)



Os agentes levaram pedaços de concreto para o auditório do MP. Segundo eles, eram partes de paredes das celas do presídio, que foram mal construídas. Além disso, eles denunciam grades de celas que se soltaram e geraram necessidade de interdição delas.

Outro problema apontado pelos agentes penitenciários é a carência de servidores para cumprir os plantões nas unidades e o baixo efetivo da Polícia Militar (PM), nas guaritas do presídio.

Durante discurso, o secretário da Sejus, coronel Marcos Rocha, apresentou avanços do tempo em que está administrando a pasta e argumentou que a construção do Centro de Ressocialização vem de governos anteriores.

“A gente já colocou desde o dia da inauguração um efetivo reforço pra evitar problemas. Nós compramos equipamentos e materiais pra que se faça reparos na unidade. O presídio foi construído tempos atrás.

A gente fez a continuação dessa obra e a gente não tinha como identificar essa falha. Já estamos providenciando reparos. São problemas que acontecem não só aqui em Rondônia, mas as soluções estão sendo adotadas”, defendeu.

A audiência durou mais de 3 horas e teve um momento aberto para perguntas e apresentação de ideias, problemas e soluções da plateia em geral para a crise carcerária.


Fonte: G1