Denúncia foi feita em audiência pública na promotoria de Ariquemes (RO). Centro de Ressocialização já teve quatro fugas desde a inauguração.
Por Diêgo Holanda, G1
Ariquemes e Vale do Jamari
Agentes apresentaram pedaços de celas em audiência (Foto: Reprodução/WhatsApp |
O encontro ocorreu após uma sequencia de fugas nas unidades penitenciarias locais. Somente no Centro de Ressocialização, inaugurado no final de julho, já ocorreram 4 fugas.
A audiência foi promovida pelo Ministério Público de Rondônia (MP-RO) e teve a participação de promotores, autoridades do judiciário, legislativo e executivo, policiais militares, policiais civis, agentes penitenciários, estudantes, familiares de detentos e sociedade em geral.
Agentes levaram pedaços em audiência (Foto: Diêgo Holanda/G1) |
Para a promotora Joice Gushy Mota Azevedo, a audiência serviu para apresentar a complexidade da questão penitenciária a toda a sociedade e também buscar soluções para os problemas atualmente enfrentados.
“Essa audiência pública não é o início de um trabalho, ela visa dar continuidade e delinear a nossa atuação e nominar, orientar, como o MP deve se pautar no desenvolvimento desse trabalho tão árduo que é o acompanhamento do sistema penitenciário de Ariquemes”, destacou.
Para a juíza Claudia Mara Faleiros Fernandes, um dos problemas do sistema prisional em Ariquemes é a ausência de meios de ressocialização. “A sociedade ariquemense precisa entender que a crise no sistema penitenciário é um problema de todos. Nós precisamos nos unir para que tenhamos efetivamente uma ressocialização na cidade de Ariquemes, porque uma execução penal mal feita, quem paga é a sociedade”, argumentou.
“Pra gente, que é família, é muito importante essa reunião pra que seja resolvido esses problemas. Eles [presos] têm que pagar, mas pagar de uma forma justa, com dignidade”.
O delegado sindical dos agentes penitenciários, Clebs Dias criticou o governo do estado pelo que ele chamou de “descaso” com o trabalho dos servidores nas unidades de Ariquemes.]
“A população em geral não tem conhecimento do que se passa. O sistema prisional é um problema de segurança pública, um caos social, porque se essas pessoas estão presas é porque tem muitos problemas na sociedade. Até hoje o que nós tivemos foi apenas conversas, a situação está exatamente onde estava há quatro anos atrás”, reclamou.
Autoridades acompanham audiência (Foto: Diêgo Holanda/G1) |
Os agentes levaram pedaços de concreto para o auditório do MP. Segundo eles, eram partes de paredes das celas do presídio, que foram mal construídas. Além disso, eles denunciam grades de celas que se soltaram e geraram necessidade de interdição delas.
Outro problema apontado pelos agentes penitenciários é a carência de servidores para cumprir os plantões nas unidades e o baixo efetivo da Polícia Militar (PM), nas guaritas do presídio.
Durante discurso, o secretário da Sejus, coronel Marcos Rocha, apresentou avanços do tempo em que está administrando a pasta e argumentou que a construção do Centro de Ressocialização vem de governos anteriores.
“A gente já colocou desde o dia da inauguração um efetivo reforço pra evitar problemas. Nós compramos equipamentos e materiais pra que se faça reparos na unidade. O presídio foi construído tempos atrás.
A gente fez a continuação dessa obra e a gente não tinha como identificar essa falha. Já estamos providenciando reparos. São problemas que acontecem não só aqui em Rondônia, mas as soluções estão sendo adotadas”, defendeu.
A audiência durou mais de 3 horas e teve um momento aberto para perguntas e apresentação de ideias, problemas e soluções da plateia em geral para a crise carcerária.
Fonte: G1