Confusão ocorreu na manhã desta quinta-feira (14) e segurança na área externa do presídio está reforçada. Há quase um ano, 33 presos foram brutalmente mortos na unidade.
Por Emily Costa e Marcelo Marques, G1 RR
14/12/2017 13h02
Entrada da unidade foi isolada e apenas veículos oficiais têm autorização para seguir rumo ao presídio (Foto: Marcelo Marques/G1 RR) |
Detentos da Penitenciária Agrícola de Monte Cristo abriram cadeados, saíram das celas e iniciaram um tumulto na manhã desta quinta-feira (14), informou o diretor da unidade, Ricardo Macedo.
Segundo ele, o tumulto ocorreu porque os presos alegaram que estavam com fome. Ele disse que desde a quarta (13) os detentos estavam sem receber alimentação. A unidade fica na zona Rural de Boa Vista.
"Eles se soltaram, mas estão dentro dos pavilhões. Não tem ninguém correndo, nem se agredindo. Estão só batendo nas grades e dizendo que estão com fome, mas já estamos regularizando a situação para eles esperarem a comida", declarou.
O diretor não soube informar o que motivou o não fornecimento de comida na unidade. "Acredito que foi falta de pagamento, mas não estou inteirado".
A segurança na parte externa da unidade foi reforçada pela Polícia Militar e a entrada do presídio foi isolada. Apenas carros oficiais têm autorização para entrar no local.
PM enviou reforço ao presídio (Foto: Marcelo Marques/G1 RR) |
Familiares de detentos estão em terrenos próximos à unidade prisional aguardando notícias. Eles relataram terem ouvido barulhos e gritos de dentro da penitenciária.
“Viemos às 5h entregar alimentos a eles. De repente, por volta das 9h, ouvimos baques lá de dentro, e os presos gritando que estavam com fome”, descreveu a familiar de um detento que não quis ter o nome divulgado.
A Penitenciária Agrícola de Monte Cristo é a maior unidade prisional de Roraima, e abriga mais de mil homens. O presídio é o mesmo onde 33 presos foram brutalmente assassinados em janeiro de 2016.
O G1 tentou contato com o titular da Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejuc), Ronan Marinho, e com o adjunto, capitão Diego, mas não obteve retorno até a publicação desta matéria.
O proprietário da empresa contratada para entregar comida no presídio também foi procurado, mas não respondeu aos questionamentos da reportagem.
Familiares de presos aguardam por notícias em terrenos vizinhos à penitenciária (Foto: Marcelo Marques/G1 RR) |
Em nota, a Secretaria de Comunicação do Governo informou que efetou na quarta o pagamento da empresa Quali Gourmet, que fornece refeições na Penitenciária Agrícola.
A nota diz que a empresa já foi acionada para prestar esclarecimentos sobre o não fornecimento do jantar da noite de quarta-feira e o café da manhã desta quinta-feira e cobrar o retorno do fornecimento.
O não fornecimento das refeições motivou o princípio de motim, quando os presos saíram e tentaram chegar até o portão. Os policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) e da Força Nacional foram acionados para conter os presos e normalizar a situação. Na ação, foi necessário o uso de armamento não letal.
A nota encerra afirmando que por medida de segurança, a entrega dos itens de limpeza e higiene feita por familiares foi suspensa temporariamente.
Fonte: G1