06 fevereiro 2018

DEPUTADO QUE OFENDEU AGENTES PENITENCIÁRIOS NA ASSEMBLÉIA: Escutas telefônicas indicam relação de Campos Machado em esquema ilegal de jogos de azar

Em nota, o deputado esclarece não ter nada a declarar sobre o que chamou de: "ridícula, grotesca e leviana" inclusão de seu nome nas reportagens exibidas pelo SBT. 



SBT BRASIL - 
01/02/2018


Deputado diz que é inocente




O parlamentar diz que desconhece a atuação da organização criminosa investigada pelo Ministério Público por explorar jogos de azar em São Paulo

Escutas telefônicas, obtidas com exclusividade pelo Jornalismo do SBT, apontam que o major da Polícia Militar Marcello Salomão marcava encontros com o deputado estadual Campos Machado, do PTB.

A ligação foi gravada em 2013, no início da investigação do Ministério Público que desvendou um esquema de exploração de jogos de azar em bairros nobres da capital paulista. De acordo com a denúncia, o major (que está preso) era um dos oficiais da PM que recebiam propina para permitir que os cassinos funcionassem.




                



O mesmo Deputado foi matéria do Jornal Avaré Urgente na data de 02/02/2018, cujo teor segue também abaixo


UM DOS DEPUTADOS MAIS VOTADOS NA REGIÃO, CAMPOS MACHADO É INVESTIGADO DE PARTICIPAR DE ESQUEMA DE JOGOS DE AZAR


02/02/2018

O parlamentar diz não ter conhecimento das razões que possam determinar a citação de seu nome nessa investigação



A “Operação Cabaré” já é considerada a maior investida da história contra quadrilhas que exploram jogos de azar em São Paulo. A investigação do Ministério Público revelou que policiais militares recebiam mesada para permitir que cassinos funcionassem em bairros nobres da capital paulista.

Quatro oficiais da PM estão presos, mas o esquema criminoso pode envolver gente mais poderosa. Segundo informações, a denúncia foi encaminhada para a Procuradoria de Justiça, que tem prerrogativa de investigar pessoas com foro privilegiado.

Na decisão, a promotoria afirma que o deputado estadual, Campos Machado foi citado algumas vezes durante a investigação. O nome do parlamentar aparece em diálogos gravados pela Corregedoria da Polícia Militar.

Numa ação controlada, uma testemunha conversa com Diego Temório Liberal, um dos donos dos cassinos. As transcrições mostram que eles falam sobre a transferência da policiais militares e Diego afirma que um deputado pode intervir diretamente com o Comandante Geral da PM.

Na sequencia, confirmam que se trata de Campos Machado. Eles complementam que o deputado tem força. Em vários diálogos, Diego Temório aparenta ter intimidade com o parlamentar. Brinca que costuma elogiar o cabelo dele e fala que o deputado é tarado pelo pão de queijo da padaria. Também conversa de um evento organizado por Campos Machado.

O dono dos cassinos diz: “… esses jantares são feitos para arrecadar dinheiro, pra na verdade lavar dinheiro né”.

O deputado Campos Machado é líder da bancada do PTB na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. Em 1995 foi autor da proposta da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do bingo.

Durante a Operação Cabaré fora destruídas mais de mil máquinas caca-níquéis. A Promotoria estima que o lucro da organização criminosa chegava a R$ 20 milhões.

OUTRO LADO 

O parlamentar diz não ter conhecimento das razões que possam determinar a citação de seu nome nessa investigação e que assim que souber do teor das citações irá se pronunciar.

Um dos oficiais presos na Operação Caberá é o policial, Coronel Luiz Flaviano Furtado. Além de ser um dos homens mais respeitados da PM paulista, ele também é filiado ao PTB e chefiou o gabinete da Secretaria de Justiça de São Paulo entre os anos de 2015 e 2016.

Para o MP, o Coronel Flaviano usava o prestígio que tinha para convencer outros policiais a integrarem a organização criminosa.

A defesa do Coronel Luiz Flaviano Furtado nega que ele tenha cometido qualquer crime e entrou com um habeas corpus pedindo sua liberdade. Os advogados dele dizem que o oficial foi coagido pela Promotoria, dentro do presídio militar Romão Gomes.

O deputado Campos Machado é presidente estadual do PTB, mesmo partido do prefeito de Avaré, Jô Silvestre.

OPERAÇÃO LAVA JATO

Em abril de 2017, Campos Machado foi suspeito de receber valores não declarados para a campanha eleitoral em 2010.

O ministro Edson Fachin, relator da Operação Lava Jato no STF, encaminhou para a Justiça de São Paulo petição para investigar as acusações feitas nas delações dos ex-executivos da Odebrecht, Carlos Armando Guedes Paschoal e Benedicto Barbosa da Silva Júnior.

De acordo com o inquérito, os delatores contaram que a campanha de Campos Machado recebeu R$ 50.000,00 em espécie como recursos não declarados.

“Estranho o fato do meu nome estar na lista. Não conheço ou não tenho relação com nenhum diretor ou qualquer funcionário da Odebrecht”, disse em nota Campos Machado.

Em delação premiada, o ex-executivo Carlos Paschoal relatou que Campos Machado (PTB-SP), candidato a deputado estadual em 2010, recebeu R$ 50 mil da Odebrecht.

VOTAÇÃO

 A denúncia envolvendo o deputado Campos Machado poderá influenciar sua votação nas eleições deste ano. Um programa jornalístico de uma emissora de rádio a qual o parlamentar teria ligações, também poderia contribuir para que Machado perca votos.

Em 2014, Machado recebeu quase 5 mil votos em seis cidades da região. Em Avaré ele recebeu 2.633 votos, sendo o segundo mais votado na cidade.

Já em Cerqueira César, cidade natal de Machado, ele teve 1.033 votos. Ele também foi votado em Águas de Santa Bárbara (107 votos), Arandu (123 votos), Iaras (323 votos) e Itaí (415 votos).



Fonte: Avaré Urgente