21 março 2018

MATARAM UM INOCENTE, PARA IMPOR MEDO: Polícia conclui que agente prisional foi morto a mando de detentos por conta de regime mais rígido em cadeia de Anápolis/GO

Segundo as investigações, Eduardo dos Santos foi alvejado por mais de 20 tiros após ser escolhido de forma 'aleatória'. Nova postura em cadeia após ação contra privilégios motivou crime, diz delegado.





Por Sílvio Túlio, G1 GO
21/03/2018 13h47  

Segundo polícia, Eduardo foi morto aleatoriamente após mudança de regime em presídio
(Foto: Reprodução/TV Anhanguera)



A Polícia Civil conclui nesta quarta-feira (21) o inquérito que apura a morte do agente prisional Eduardo Barbosa dos Santos, de 34 anos, atingindo por mais de 20 tiros em Anápolis, a 55 km de Goiânia. A corporação apontou que o crime foi ordenado por detentos, que escolheram a vítima de forma "aleatória". Um regime mais rígido implantado no presídio da cidade motivou o homicídio.

Eduardo foi executado no último dia 2 de janeiro. Segundo o delegado Vander Coelho Júnior, responsável pelo caso, houve uma troca da equipe de servidores penitenciários após a Operação Regalia, deflagrada pelo MP no final do ano passado para investigar privilégios dados a presos. Eles mantinham até um motel na penitenciária.

A situação irritou os reeducandos que eram beneficiados pelo esquema. A nova direção adotou uma postura mais rígida. A partir de então, os presos resolveram matar membros dos serviços de segurança.

"Primeiramente, os presos teriam solicitado a execução de dois policiais militares. Como não conseguiram, deliberaram pela morte de agentes prisionais. Escolheram de forma aleatória: o primeiro agente que deixasse o plantão naquele dia seria executado", explicou o delegado.

Morte de Ednaldo ainda é investigada (Foto: Reprodução/ TV Anhanguera)



Morte do executor

Quatro detentos e mais quatro homens foram indiciados pelo crime. Entretanto, dois dos envolvidos na morte de Eduardo também foram mortos. Inclusive, o executor foi assassinado três dias depois por um comparsa como "queima de arquivo".
Outro que o auxiliou também foi morto em um confronto com a Polícia Militar no último dia 23 de fevereiro.

Os envolvidos responderão pelo homicídio, cuja pena em caso de condenação varia entre 12 e 30 anos.

Um dia após a morte de Eduardo, o também agente e ex-supervisor do Presídio de Anápolis Ednaldo Monteiro também foi executado a tiros quando ia comprar flores para o velório do colega. Câmeras de segurança registraram o crime .

O delegado, no entanto, disse que o inquérito sobre a morte de Ednaldo segue em investigação por meio da força-tarefa instaurada para realizar o trabalho.

Monteiro era supervisor de segurança da Unidade Prisional de Anápolis, mas foi afastado do cargo após ser preso em novembro durante a segunda fase da Operação Regalia, realizada pelo Ministério Público de Goiás (MP-GO). Segundo os promotores, ele e outros servidores recebiam propina em troca de regalias aos detentos. Em dezembro, a vítima conseguiu a liberdade provisória.



Fonte: G1