Penitenciária de Halden é a menina dos olhos do sistema norueguês, que diz focar na reabilitação dos presos, e não em sua punição.
Por BBC
23/03/2018 11h39
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Linn Andreassen, guarda da prisão de Halden, na Noruega, ao lado de grafite no local (Foto: Reprodução/BBC) |
“Nós não temos grades. Temos janelas”. É assim que Linn Andreassen, que atua como guarda na prisão de Halden, na Noruega, descreve o lugar – conhecido como "a cadeia mais humanizada do mundo".
“Você se sente uma pessoa, não um bicho. Acho isso muito importante”, diz ela.
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Consultório odontológico para os detentos |
Halden é considerada “de luxo” por muitos e menina dos olhos do programa norueguês de encarceramento, que se diz focado na "reabilitação" dos presos, e não em sua "punição".
Ela está inserida em um sistema prisional que passa longe da realidade da superlotação vista em outros países, e que tem, entre outras características, estímulos ao trabalho e à educação dos detentos e instalações carcerárias adequadas.
Neste sentido, os presos do país levam uma vida o mais perto possível do normal: cozinham, estudam e trabalham, por exemplo.
“Para alguns deles, é a primeira oportunidade de acesso à educação”, diz Andreassen. “Não é só uma reabilitação, mas também uma habilitação”, acrescenta.
“Nossas medidas e propostas aqui são baseadas em uma nova vida lá fora, fazendo alguma coisa. Neste sentido, eu acho que Halden é bem-sucedida”. Veja o vídeo
Baixa reincidência
O sistema prisional do país tem sido alvo de críticas, pois muitos o consideram demasiadamente brando. Mas é difícil argumentar que não funcione.
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Estúdio musical para desenvolver e estimular as percepções e talentos |
Quando os presos deixam a cadeia, a maioria se mantém fora das grades.
A taxa de reincidência criminal na Noruega era, em 2016, de 20%, a mais baixa do mundo.Em outros países, como o Reino Unido, chegava a 46%, e nos EUA 76% das pessoas que deixavam a prisão voltavam nos cinco anos seguintes.
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A prisão de Halden, na Noruega, conta com um estúdio para os detentos que querem aprofundar seus conhecimentos musicais ou simplesmente gravar e produzir música |
A baixa taxa de reincidência é vista como resultado, por exemplo, de o sistema de Justiça enxergar que retirar a liberdade de seus cidadãos já é castigo suficiente.
Nesse contexto, os presos têm acesso à educação de alta qualidade – assim como a oportunidades para trabalhar, receber apoio de saúde mental e permanecer autossuficientes ao cozinhar suas próprias refeições.
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Praça de esportes dos condenados |
Esse apoio é ainda reforçado pelos guardas da prisão, que estão entre os mais bem treinados do mundo e são encorajados a passar tempo com os detentos.
Outra medida adotada no país foi a contratação arquitetos para redesenhar as prisões a partir do zero – concentrando-se em diminuir qualquer tensão ou conflito entre os presos.
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Dinâmica de grupo com terapia aplicada |
Após a libertação, eles recebem, ainda, ajuda para se reintegrar na sociedade – uma vez que lhes é dado suporte para encontrar habitação e emprego.
“É claro que alguém que fez outras pessoas sofrerem deveria sofrer. Mas nós temos que focar na pessoa e no porquê de isso ter ocorrido. Como podemos fazer dar certo lá fora, para que não aconteça de novo?”, diz Andreassen.
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Capacidade da Unidade é de 252 pessoas rodeadas de TVS de plasma, frigobares, murais de artistas contemporâneos e um laboratório culinário |
“Eles serão os meus vizinhos, serão os seus vizinhos. E nós queremos que eles ajam da melhor forma possível”.
Comparações com hotel são comuns
Na prisão em que ela atua, os detentos ficam em quartos individuais – equipados com televisor, frigobar, escrivaninha e banheiro privado.
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Salas de terapia e de bate papos |
Nas janelas não há grades, mas sim uma vista para um bosque próximo ao complexo.
O local abriga criminosos considerados perigosos – condenados por crimes como homicídio, tráfico de drogas e violência sexual.
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Área de atividades e lazer externa |
A unidade foi projetada para abrigar cerca de 250 detentos (dificilmente atinge essa marca) e tem quase 350 funcionários para cuidar deles.
A comparação com um hotel é comum, mas irrita boa parte dos presos.
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Áreas de atividades internas |
Semelhante ao que ocorre nas unidades da Apac (Associação de Proteção e Assistência ao Condenado) no Brasil, apenas sentenciados que já estiveram em outras prisões dizem sentir-se felizardos por estar lá.
O sistema penitenciário da Noruega já foi descrito por visitantes e analistas como "a utopia das prisões".
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Metade do pessoal e guardas que trabalham em Halden são mulheres (mulheres norueguesas gente!) |
E a prisão de Halden não é o único exemplo disso.
Na ilha de Bastoey, ao sul de Oslo, por exemplo, os detentos podem caminhar ao redor de uma prisão que mais parece um povoado cercado por sítios.
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Detento em sua cela |
Lá praticam esqui, cozinham, jogam tênis e cartas. Possuem uma praia particular e cuidam da balsa que faz a ligação com a ilha.
Mas nem todos os presos têm acesso a esse tipo de unidade.
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Atividades recreacionais levadas a sério e com intuito de desenvolver habilidades |
A maioria deles vive, ao menos no começo de suas condenações, em instalações mais próximas do modelo tradicional de cadeia: espaços com grades nas janelas em que os prisioneiros passam a maior parte do dia fechados em celas.
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biblioteca, que oferece revistas e os títulos mais recentes das livrarias norueguesas |
A maioria dos presos começa a cumprir suas penas em prisões de alta segurança. A transferência a uma prisão de menor segurança é considerada depois com a ideia de criar uma transição gradual da prisão à liberdade.
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Detentos em horários de estudos |
E até o final da sentença os presos também podem ser transferidos a casas de adaptação, que permitem uma existência mais parecida com a vida normal.
Nesta fase, podem obter algumas "concessões", como viagens para casa.
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A prisão de Halden, na Noruega, considerada um modelo de reabilitação de detentos: aulas de música e culinária, celas que lembram quartos de hotel e até estúdio para fazer música |
Fonte: BBC BRASIL
Contraponto:
O dia em que tivermos prisões como esta dentro de nossas fronteiras, pode estar certos, estaremos com o desenvolvimento humano acima da média, nosso país estará entre os melhores do mundo em termos de conhecimento técnico e científico, indústria e comércio.
Estaremos pagando menos impostos e sabendo da correta aplicação dos mesmos. Os níveis de corrupção terão uma enorme diminuição, assim como a criminalidade. Nossas crianças e os jovens terão escolas de verdade.
E os Agentes Penitenciários estarão recebendo salários dignos e não irão necessitar de ficar mendigando migalhas para poder dar uma vida digna, com uma educação de qualidade a seus filhos e proporcionar mais conforto e lazer a seus familiares. Eles também vão estar circulando por ruas com asfalto de qualidade e também sem violência, em automóveis de primeira linha e sabendo que não existe a necessidade de se preocupar com o final do mês.
Nossa luta senhores está apenas começando, este é o momento de darmos o ponta pé inicial a esta luta, por um Sistema Prisional que realmente ressocialize o preso e que valorize os servidores.
Por este motivo eu digo e afirmo, também queremos Unidades Prisionais com os padrões Noruegueses de qualidade, queremos que as prisões realmente ressocialize os internos, assim como os padrões salariais e de vida dos Agentes Penitenciários da Unidade de Halden.