04 abril 2018

DESESPERO POR VOTO TAMBÉM É INCOMPETÊNCIA : Alckmin entrega estação Oscar Freire do metrô com atraso e incompleta

Um dos acessos à estação só será aberto aos passageiros no segundo semestre.






Mariana Zylberkan
4.abr.2018 às 10h59

Estação Oscar Freire, da linha 4-amarela do metrô, ainda em obras; Alckmin inaugurou um dos acessos da plataforma nesta quarta (4) - Diego Padgurschi/Folhapress



SÃO PAULO - Com atraso de oito anos, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) inaugurou pela metade a estação Oscar Freire da linha 4-amarela do metrô na manhã desta quarta-feira (4). Um dos acessos à estação que receberá cerca de 23 mil pessoas por dia só será aberto aos passageiros no segundo semestre deste ano.

De acordo com o secretário de Transportes Metropolitanos, Clodoaldo Pelissioni, uma alteração no solo onde está sendo construído o segundo acesso, na avenida Rebouças, no sentido bairro, atrasou o cronograma da obra. “Por que nós vamos privar a população deste que é o acesso principal?”, respondeu o governador, ao ser questionado sobre a inauguração da estação pela metade.

Com 35 metros de profundidade, os passageiros terão que descer mais de quatro lances de escadas rolantes para chegar até a bilheteria, que fica próximo às catracas de acesso às plataformas. Na manhã desta quarta, enquanto o governador visitava a estação, técnicos da linha 4 ainda tentavam arrumar uma das portas no sentido Luz, que estava emperrada.

Em seus últimos dias no cargo, Alckmin também vai inaugurar a estação Moema, da linha 5-lilás, na quinta-feira (5), e um trecho da 15-prata do monotrilho, na sexta (6). O tucano vai se candidatar à Presidência da República e deixará no governo paulista seu vice, Márcio França (PSB).

Alckmin cansado de tanto fazer inaugurações inacabadas




'TERRENO MOLE'

O secretário Pelissioni explicou que o solo onde o segundo acesso está sendo construído se mostrou mais "mole" do que o previsto no projeto original. "Estamos tendo que cavar com mais cuidado.

Vamos trabalhar devagar, mas permanente, para entregar o segundo acesso no segundo semestre."
Em vez de atravessar a avenida Rebouças pelo túnel que deveria ligar os dois acessos da estação, os passageiros vão ter que usar a faixa de pedestres. No local, há apenas máquinas pesadas e ainda nenhum sinal de construção do acesso.

A estação, por enquanto, terá horário restrito, das 10h às 15h, para realização de testes, mas a tarifa dos usuários será cobrada normalmente. Depois de um período de 15 dias, ela passará a funcionar como as demais —de domingo a sexta das 4h40 à 0h e aos sábados das 4h40 à 1h.

Localizada no Jardim Paulista (zona oeste), a estação Oscar Freire será a nona da linha 4-amarela, operada pela concessionária ViaQuatro. Primeira da rede metroviária paulista a operada pela iniciativa privada, a linha teve o contrato entre o governo do estado e a concessionária assinado em 2006.
Entrada de um dos acessos da estação Oscar Freire, da linha 4-amarela, inaugurada ainda em obras pelo governador
 Geraldo Alckmin (PSDB) nesta quarta (4) - Diego Padgurschi/Folhapress




A previsão, no início, era que as operações da primeira parte da linha começassem em 2008 (com seis estações) e a da segunda etapa, que incluía a estação Oscar Freire, em 2010.

No ano seguinte à assinatura do contrato, no entanto, ocorreu um acidente, que abriu uma cratera na futura estação Pinheiros, matando sete pessoas. O acidente atrasou ainda mais as obras e o governo do estado parcelou a entrega das estações da primeira fase entre 2010 e 2011.

Em março de 2012, teve início as obras da segunda fase da linha (Higienópolis-Mackenzie, Oscar Freire, Fradique Coutinho, São Paulo-Morumbi e Vila Sônia). O governo achava que, ainda com o estádio do Morumbi cotado para ser a sede paulista na Copa-2014, a linha 4 chegaria até o bairro a tempo do evento.

A primeira estação da segunda etapa da linha amarela, a Fradique Coutinho, porém, foi inaugurada apenas em novembro de 2014. Ainda estão pendentes, as estações São Paulo-Morumbi, prevista para julho deste ano, e Vila Sônia, para o final de 2019.


Fonte: Folha de São Paulo