10 maio 2018

Nova fase da Operação Ethos visa desmantelar célula criminosa com função de 'pombo-correio' de presos

Oito mandados de prisão preventiva devem ser cumpridos nesta quinta-feira (10) pela Polícia Civil de Presidente Venceslau e de São Paulo.











Por G1 Presidente Prudente
10/05/2018 08h26  


  Operação começou às 5h desta quinta-feira (10) (Foto: Divulgação/Polícia Civil)




A Polícia Civil de Presidente Venceslau, junto a agentes de São Paulo, deflagram nesta quinta-feira (10) a 4ª fase da Operação Ethos. A ação tem o objetivo de desmantelar a célula criminosa chamada de "correio" e deve cumprir oito mandados de prisão preventiva. São pessoas que ajudavam os advogados já investigados pela corporação em outras ocasiões.

Os alvos desta fase da operação são pessoas que fazem a comunicação entre o pessoal da cúpula da organização – que está no interior dos presídios – com aqueles que estão em liberdade, em especial os investigados desde o início da Ethos, que são os advogados.

A comunicação funciona em modos de saída e entrada. A ordem sai do presídio por meio de visitas ou de advogados e chega até a célula – fora da unidade prisional –, que é coordenada por uma pessoa.

Então, a partir desta célula são expedidas ordens de serviço para que sejam cumpridas na rua e, da mesma forma, esta pessoa coordenadora centralizava as respostas, produzia material e preparava as "mulas", que geralmente são as mulheres que tentam entrar com ilícitos em presídios, fazendo com que a mensagem retorne para dentro da prisão, segundo a Polícia Civil.

Mandados

Durante esta quinta-feira (10), a Polícia Civil deve cumprir oito mandados de prisão preventiva, sendo na capital paulista, Itapecerica da Serra, Taubaté, Sumaré, Campinas, Mogi das Cruzes e Itaquaquecetuba.

De acordo com informações da corporação, outras fases da Operação Ethos estão programadas, porém, ainda sem data definida. Tudo depende de mandados judiciais e concordância do Ministério Público.

Cher Ami

A ação desta quinta-feira (10) recebeu o nome de Fase Cher Ami 2 e contou com a participação de 40 policiais civis do Departamento de Polícia Judiciária do Interior (Deinter-8) e do Departamento de Capturas e Delegacias Especializadas (Decade) em 15 viaturas policiais para o cumprimento de oito mandados de prisões preventivas.

Operação começou às 5h desta quinta-feira (10) (Foto: Divulgação/Polícia Civil)




A fase foi constituída pelo trabalho de investigação policial de mais de um ano realizado pela Polícia Civil, que identificou uma célula de facção responsável pela comunicação entre presos, alvos da Operação Ethos, e integrantes da organização que estão em liberdade.

Durante a ação foram apreendidos 250 objetos, entre eles computadores e cartas provenientes de presidiários.

A primeira fase da Cher Ami (3ª fase da Operação Ethos) ocorreu no dia 5 de agosto de 2017 e resultou na prisão em flagrante por tráfico de drogas e associação ao tráfico de uma mulher. Em sua casa foram localizados 1,439 quilo de maconha e 1,138 quilo de cocaína, balança de precisão, bem como informações sobre presos do Estado de São Paulo.

A prisão da recepcionista, de 34 anos, ocorreu na área do 68º DP Lageado, por policiais civis da 7ª Delegacia Seccional de Polícia de São Paulo. Além de comunicação, o grupo também introduzia drogas nos presídios de Presidente Venceslau e de Avaré.


Ethos

A Operação Ethos, que já levou à prisão o ex-presidente do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (Condepe) e advogados da facção.

O inquérito policial sobre o caso foi instaurado em maio de 2015 para apurar crimes de organizações criminosas, lavagem de dinheiro, associação para fins de lavagem, exploração de prestígio e corrupção ativa.

P-II de Presidente Venceslau, onde está presa a
 cúpula da facção criminosa PCC
As investigações começaram após informações reveladas através de uma carta que foi interceptada por agentes da Penitenciária “Maurício Henrique Guimarães Pereira”, a P2 de Presidente Venceslau, no dia 11 de maio de 2015, durante procedimento de varredura de rotina realizado no telhado sobre os raios 3 e 4 da unidade.

Conforme a Polícia Civil, os envolvidos nos crimes tinham uma célula denominada “sintonia dos gravatas” – modo como é tratado o departamento jurídico da facção criminosa – criada inicialmente para prestação de serviços exclusivamente jurídicos aos chefes da organização.

Blindados pelo sigilo constitucional do advogado, esses profissionais passaram a atuar de forma ilícita, segundo as investigações. O grupo simulava visitas jurídicas aos líderes presos, fazendo elo de comunicação de atividades criminosas entre os presos e aqueles que estão em liberdade, segundo a Polícia Civil.



Fonte: G1