24 maio 2018

SEGUNDO OFICIAL ENVOLVIDO : Ex-comandante da PM de SP é investigado por voar em helicóptero da facção de piloto preso

Ricardo Gambaroni confirmou ter feito voo com o coronel aposentado Edson Luiz Gaspar, que prestou depoimento sobre relação que tem com piloto acusado de envolvimento na morte de chefes de facção criminosa.












Por Victor Ferreira e César Galvão, Jornal Nacional, São Paulo
23/05/2018 20h43 

Coronel aposentado Edson Luiz Gaspar ao lado do ex-comandante da PM em São Paulo Ricardo Gambaroni
 (Foto: Redes sociais)




Inquérito que apura os negócios do piloto Felipe Ramos, preso por suspeita de envolvimento na morte de dois chefes da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), investiga um segundo oficial da Polícia Militar de São Paulo.

Ricardo Gambaroni foi comandante-geral da Polícia Militar de São Paulo entre 2015 e 2017. Piloto de helicóptero, ele também comandou o Grupamento Aéreo da PM. No ano passado, dois meses depois que deixou o comando da PM, Gambaroni voou num helicóptero que hoje está apreendido.

Segundo a polícia, a aeronave pertence ao piloto Felipe Ramos Morais, preso semana passada acusado de ter participado da morte de dois chefes do PCC. O crime foi em fevereiro no Ceará.

O voo feito pelo ex-comandante-geral da PM foi no ano passado junto com o coronel aposentado Edson Luiz Gaspar, que foi subcomandante do Grupamento Aéreo.

Em conversa com o repórter César Galvão, Gambaroni confirmou que fez o voo no helicóptero. "Eu já tava na reserva e fiz esse voo pra prestar um apoio pro Gaspar porque a carteira dele estava vencida, então precisava de um piloto pra fazer o... Acompanhar o piloto durante o check, que é o procedimento normal.

Gambaroni negou saber quem era o dono do helicóptero. "Não conheço o Felipe, nem sei quem é o Felipe hoje", disse à reportagem.

Depoimento de coronel aposentado

Ricardo Gambaroni e Edson Luiz Gaspar são amigos, trabalharam juntos no Grupamento Aéreo. Nesta quarta-feira, Gaspar prestou depoimento no Departamento Estadual de Investigação Criminal (Deic) sobre a relação dele com o piloto preso. Na saída, ele negou ter relação com as acusações contra Felipe Ramos. "A verdade é que eu não tenho nada a ver com essa história inteira", disse Gaspar.

A reportagem apurou que Edson Gaspar contou ter voado no mesmo helicóptero usado para levar os dois traficantes paulistas para uma emboscada no Ceará. O voo em que Gaspar estava presente ocorreu em dezembro de 2017, dois meses antes do crime.

No depoimento, o coronel disse ter sido convidado por Felipe Ramos Morais para ir de São Paulo até o estado de Goiás, onde Felipe tem duas empresas. Segundo a polícia, Gaspar também disse que não sabia quem era o dono da aeronave, mas admitiu ser amigo de Felipe de longa data. A amizade só acabou depois da repercussão que teve o crime no Ceará.

Até agora, a polícia não tem provas de que o piloto e o coronel aposentado tenham negócios juntos.



Fonte: G1