01 dezembro 2018

FORÇA E HONRA, RESPEITO E VALORIZAÇÃO: Agentes anunciam paralisação após colega ser morto por preso no Compaj

A informação foi confirmada pelo presidente da comissão de negociação salarial, Edson da Costa, e deve ocorrer neste domingo.






RAPHAEL TAVARES 
01 de dezembro de 2018 - 17:04

Agentes anunciam paralisação após colega ser morto por preso no Compaj, A informação foi confirmada
 pelo presidente da Comissão de Negociação Salarial, Edson da Costa



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Manaus - Revoltados com o assassinato a sangue frio de um agente penitenciário identificado como Alexandro Rodrigues Galvão, de 36 anos, dentro do Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), na tarde deste sábado (1º), o sindicato dos profissionais que trabalham em presídios do Amazonas resolveu que vai paralisar todas as atividades neste domingo (2).

No início da manhã, por volta das 06h0-, os profissionais devem fazer um ato público na entrada do presídio, localizado na BR-174, em memória ao colega morto por um detento. A informação foi confirmada pelo presidente da Comissão de Negociação Salarial, Edson da Costa.

Segundo ele, será feita uma paralisação de advertência para mostrar o nível de insegurança e insatisfação da categoria com as autoridades competentes. "O que nós queremos é fazer com que as autoridades entendam que precisam melhorar a segurança pública. É preciso mais policiais nos presídios, mais viaturas, para que outra fatalidade como essa não venha ocorrer nos presídios do Estado", explicou.

Em tom de revolta, e visivelmente tristes com a morte de Alexandro Rodrigues, agentes penitenciários que conversaram com o Em Tempo acham inadmissível que as visitas tenham continuado normalmente na tarde deste sábado, depois da morte do colega de trabalho.

"Você acha justo uma coisa dessa? Um pai de família foi assassinado dentro de um resídio da capital e os caras dizem que está tudo bem, quando não está. A dor vai ficar para a família que sofre bastante com esse tipo de situação", completou Edson.

Visitas deveriam ter sido encerradas segundo os servidores após o ataque a Alexandro Rodrigues Galvão, 
36 anos de idade, friamente assassinado



Entenda o caso


O agente penitenciário morreu após dar entrada no Hospital e Pronto-Socorro Delphina Aziz, com uma faca cravada no pescoço. A vítima foi golpeada com a arma branca por um preso do regime fechado do Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj). A informação sobre a morte do agente foi confirmada pelo Instituto Médico Legal (IML).

O corpo da vítima foi enviado para o necrotério da unidade hospitalar e removido por funcionários do IML. O tenente Dutra, da Força Tática, confirmou mais cedo ao Em Tempo, que houve um tumulto na unidade prisional após a divulgação do caso.

Nota


Conforme a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap), o incidente ocorreu durante o horário de visita aos internos do pavilhão 3 do Complexo Penitenciário. Conforme apurado pelas imagens do circuito integrado, Alexandro foi rendido por um interno antes de fechar o portão de acesso à área de convivência e, em seguida, recebeu as estocadas.

O crime teria sido praticado em retaliação aos procedimentos de revistas dos visitantes, uma vez que, nas últimas semanas, diversos materiais ilícitos foram apreendidos no Compaj.

A Seap informa que 12 internos suspeitos de participação no crime foram encaminhados ao 19º Distrito Integrado de Polícia (DIP) para que os fatos sejam apurados. Por medida de segurança, a Seap reforçou o monitoramento dentro do presídio e também suspendeu a visitação aos presos deste domingo (2).

Alexandro trabalhava há quatro anos como agente no presídio. Ele foi atacado por detentos,
neste sábado, e esfaqueado com uma faca artesanal





O Agente

O irmão do agente penitenciário Alexandro Rodrigues Galvão, de 36 anos, morto após ser atacado por detentos dentro do Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), situado no km 8 da BR-174 (Manaus – Boa Vista), neste sábado (1), lamentou a forma que o irmão morreu. Na porta do hospital para onde o agente foi levado, ele lembrou dos riscos que o irmão vivia ao trabalhar no presídio. Mesmo assim, “ele nunca quis preocupar a família com o trabalho”, disse.

Alexandro trabalhava há quatro anos como agente no presídio. Ele foi atacado por detentos, neste sábado, e esfaqueado com uma faca artesanal. Ele deixou dois filhos. Um de 20 e outro de 3 anos.

O pastor Raimundo Rodrigues, de 41 anos, irmão do agente penitenciário, lembrou que Alexandre sempre evitou, mesmo ciente dos riscos, preocupar a família quando o assunto era o trabalho dentro do Compaj, presídio que foi palco do maior massacre do sistema prisional do Amazonas.

"Ele já viu muita coisa nesses quatro anos que estava lá. Ele nunca quis preocupar a família com o trabalho dele. Apesar disto, nossa mãe sempre o avisava dos riscos, mas era o trabalho que ele tinha”, contou.

A família de Alexandre foi avisada por uma colega de trabalho da vítima, que conhecia os familiares, sobre a morte, por volta de 13h00.

“Eu estava em casa, quando ela avisou. Ela mora perto da nossa casa, frequenta a igreja que sou pastor e trabalhava com ele. Ela tinha o meu número e me ligou. Agora estamos aqui, nesta situação”, lamentou o irmão do agente penitenciário.





Fonte: EM TEMPO