Um detento foi identificado e transferido de unidade na noite de sábado. Crime pode ter sido ordenado por causa da suspensão das visitas nos presídios.
Por Cau Rodrigues, G1 AL
02/12/2018 13h08
Bombeiros foram acionados para combater incêndio em ônibus no Clima Bom, em Maceió Foto: Divulgação/Sinturb |
Um presidiário que estava na Penitenciária de Segurança Máxima (PSM 2) foi transferido para o Presídio de Segurança Máxima (PSM 1), ambos dentro do complexo prisional em Maceió, sob suspeita de ser um dos integrantes de uma facção criminosa que ordenou o incêndio a um ônibus no Clima Bom.
A transferência aconteceu no sábado (1), na mesma noite do crime, e foi confirmada ao G1 neste domingo (2) por um agente penitenciário, que pediu para não ter o nome revelado.
O preso foi identificado como Jailson da Conceição, que, segundo o agente, é integrante do Primeiro Comando da Capital (PCC), uma facção criminosa que age dentro e fora dos presídios em diversos estados do Brasil.
A reportagem entrou em contato com a Secretaria de Estado da Ressocialização e Inclusão Social (Seris) e com a Secretaria de Estado da Segurança Pública (SSP), mas elas não confirmaram a transferência. Disseram apenas que estão trabalhando de forma integrada para punir os responsáveis.
A SSP informou ainda que o grupamento aéreo está realizando voos de patrulhamento na cidade, além do policiamento nas ruas e próximo a terminais de ônibus. Por causa do crime, os ônibus corujões deixaram de circular neste fim de semana.
Os agentes penitenciários dizem que o preso foi identificado após um trabalho de investigação do setor de Inteligência do sistema prisional. A ordem para o ataque ao ônibus, de acordo com a investigação, foi passada a criminosos do lado de fora do presídio por meio de celular.
Em um áudio compartilhado via WhatsApp, os presos reclamam da suspensão de visitas neste fim de semana, por causa da paralisação dos agentes penitenciários que cobram pagamento de uma bolsa do governo, e também da qualidade da comida servida no presídio.
Preso identificado como integrante de facção que ordenou incêndio a ônibus estava recluso na PSM 1, em Maceió Foto: Hágata Christye/G1 |
A decisão de transferir Conceição para o PSM 1 é que a unidade não possui energia elétrica, somente refletores externos para iluminação, com isso, os presos não têm como carregar os aparelhos celulares para mandar mensagens ou fazer ligações.
Questionado sobre a entrada de celulares e carregadores nos presídios, o presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários de Alagoas (Sindapen), Kleyton Anderson, disse que a demanda é muito grande para o baixo número de agentes.
"Nem sempre dá para identificar na comida, no corpo. São 300 visitas, em média, por dia. É feita revista nas celas, mas eles escondem [o material ilícito] até nas paredes. O que seria efetivo mesmo era bloquear o sinal de celular, mas é um absurdo isso não estar funcionando", disse o presidente do Sindapen.
Sobre as críticas aos bloqueadores, a Seris informou que o processo de instalação dos bloqueadores na Penitenciária de Segurança Máxima está em fase de testes, e que estão sendo feitos ajustes técnicos para que o sinal dos aparelhos seja totalmente bloqueado.
Fonte: G1