03 dezembro 2018

SAP NÃO FOI CONTRA TRANSFERÊNCIA : Promotoria pede à Justiça transferência de Marcola e outros 14 presos do PCC

Juiz analisa remoção para presídio federal; plano de resgaste no interior de SP motivou pedido






Rogério Pagnan
2.dez.2018 às 20h00

Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, apontado como líder do PCC - Sergio Lima/Folhapress.





SÃO PAULO - O Ministério Público de São Paulo ingressou na semana passada com pedidos de remoção de 15 integrantes do PCC para presídios federais, entre eles o principal chefe da facção criminosa, Marco Camacho, o Marcola.

O pedido está sendo analisado pelo juiz Paulo Sorci, da 5ª Vara de Execuções Criminais de São Paulo, que deve consultar nesta semana o governo paulista para que se manifeste sobre o assunto —se é contra ou a favor.

Sorci é o mesmo magistrado que determinou no mês passado a transferência ao sistema penitenciário federal de seis integrantes do PCC, incluindo dois deles do primeiro escalão: Cláudio Barbará da Silva, o Barbará, e Célio Marcelo da Silva, o Bin Laden.

Penitenciária Mauricio Henrique Guimarães Pereira, mais conhecida como P II de Venceslau e
onde se encontra a cúpula do PCC





Ambos são suspeitos de comandar crimes de dentro da prisão, conforme investigação da Polícia Civil e Promotoria. Já o pedido de transferência de Marcola e de outros 14 presos é motivado pelo plano de resgate de chefes do PCC da penitenciária estadual de Presidente Venceslau (interior de SP), descoberto pela inteligência da administração penitenciária em outubro.

A gestão Márcio França (PSB) deverá se manifestar à Justiça por meio das secretarias da Segurança Pública e da Administração Penitenciária. Ainda que o governo se posicione contra a remoção, como é possível, Sorci pode determiná-la assim mesmo, conforme seu entendimento. A gestão França poderá, no entanto, entrar com recurso.

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Se for concedida, a ordem judicial é encaminhada ao governo federal para que providencie vagas em uma das cinco penitenciárias federais (Porto Velho/RO, Mossoró/RN, Campo Grande/MS, Catanduvas/PR e Brasília/DF).

A Folha apurou que integrantes do governo Michel Temer (MDB) já manifestaram apoio ao governo de São Paulo para a remoção, incluindo aeronaves e esquema especial de segurança. As transferências ao sistema federal são aceitas em situações específicas, como quando há risco de resgate dos presos nas unidades estaduais.

Polícia Militar enviou um grande aparato a Presidente Venceslau, incluindo as tropas de elite
 Rota e COE (operações especiais)



PLANO DE RESGATE


O plano descoberto pelo governo paulista previa o resgate de Marcola e comparsas dele com a utilização de exército de mercenários e helicópteros de guerra, uma ação estimada em até R$ 100 milhões. Em razão dos detalhes descobertos, a Polícia Militar enviou um grande aparato a Presidente Venceslau, incluindo as tropas de elite Rota e COE (operações especiais).

Soldados de prontidão para o combate em caso de uma possível tentativa de resgate



Segundo a Folha apurou, após a PM enviar o efetivo, ficou acordado entre a Promotoria e os secretários Mágino Alves Barbosa Filho (Segurança) e Lourival Gomes (Administração Penitenciária) que haveria o pedido de transferência tão logo passassem as eleições.

Após a derrota de França, porém, e a manifestação do governador eleito João Doria (PSDB) de mudança na pasta da Segurança, Barbosa Filho passou defender a permanência da cúpula alegando riscos.

Em reunião no mês passado com o governador Márcio França, no Palácio dos Bandeirantes, Barbosa Filho chegou a mencionar —com informações de origem desconhecidas— a possibilidade de haver um "banho de sangue" caso Marcola fosse removido.

Estrutura improvisada, com colchões com 5 cm de espessura, e policiais tendo de pagar a comida do
 próprio bolso para permaneceram na cidade.




Lourival Gomes bateu boca com o colega. Informou que todos os serviços de inteligência (Promotoria, SAP e PM) não detectaram planos de eventual represália. Depois disso, França se posicionou publicamente pela permanência dos criminosos em Presidente Venceslau alegando a falta de consenso sobre a necessidade de remoção.

"Nós sabemos que existem pessoas criminosas que também têm a tentativa de produzir reações, confusões. Então, temos que tomar cautela, não é uma coisa simples", afirmou.

Estrutura improvisada, com colchões com 5 cm de espessura, e policiais tendo de pagar a comida do
próprio bolso para permaneceram na cidade.




Os detalhes do plano de resgate foram conhecidos no mês passado, quando o deputado federal e senador eleito Major Olímpio (PSL) enviou ofícios às Forças Armadas e ao governador falando sobre eles e pedindo providências.

A Folha visitou o local onde as tropas da PM foram alojadas em Presidente Venceslau e na região. Achou uma estrutura improvisada, com colchões com 5 cm de espessura, e policiais tendo de pagar a comida do próprio bolso para permaneceram na cidade.




Fonte: Folha de São Paulo
Imagens : Folha de São Paulo

Contraponto: Pelo que se infere do teor da matéria, que em conversa no Palácio dos Bandeirantes, entre o Secretário da Segurança Pública e o Dr. Lourival Gomes, o mesmo não era contrário a transferência dos detentos. 

E que inclusive chegou a bater boca com o colega, alegando que não existia informações de que haveria represálias em caso de transferência da cúpula da quadrilha.