06 março 2019

O DESCASO É MUNDIAL : Funcionários bloqueiam prisões na França após ataque contra agentes penitenciários

Na manhã desta quarta-feira (6), agentes penitenciários bloquearam pelo menos 18 prisões francesas, o que representa 10% das cadeias do país. 








Por RFI Publicado em 06-03-2019 
Modificado em 06-03-2019 em 16:48


Agentes penitenciários mobilizados na porta da prisão de Condé-sur-Sarthe, nesta quarta-feira 6 de março de 2019
(JEAN-FRANCOIS MONIER / AFP)



O movimento de protesto acontece após a agressão de caráter terrorista ocorrida na terça-feira (5) em um presídio de segurança máxima de Alençon, na região noroeste. A polícia interveio para acabar com os bloqueios, mas o acesso a duas cadeias permanece obstruído pelos manifestantes.

Além de bloquear 18 das 188 prisões francesas nesta manhã, os agentes também realizaram operações tartaruga pontuais ou bloqueios parciais em outros estabelecimentos. O movimento de protesto afetou a penitenciária de Fleury-Mérogis, na periferia de Paris, a maior da Europa. A polícia interveio e o acesso ao local foi restabelecido.

Durante o dia, outras ações foram suspensas. Mas a mobilização continua pelo menos em duas prisões. “Este é um movimento ilimitado. A emoção é grande na categoria. Havia muito tempo que alertávamos a administração penitenciária que isso iria acontecer”, declarou a AFP Emmanuel Guimarães, delegado nacional do sindicato Força Operária (FO), na frente da cadeia de Condé-sur-Sarthe, onde ocorreu o ataque.

Policiais em frente à prisão onde um detento esfaqueou dois guardas em Conde-sur-Sarthe, em 5 de março de 2019 (REUTERS/Benoit Tessier)



Ataque terrorista


Na terça-feira, a mulher de um detento condenado a 30 anos de prisão por sequestro seguido de morte, assalto a mão armada e apologia ao terrorismo, conseguiu entrar no presídio para visitar o marido com uma faca de cerâmica. O material passa despercebido pelo detector de metal.

O casal feriu gravemente a facadas dois agentes penitenciários aos gritos de "Allah Akbar" (Deus é grande em árabe). Durante a intervenção das forças especiais para desarmá-los, a mulher foi atingida e morreu. O marido dela, Michaël Chiolo, teve ferimentos leves e está sendo interrogado.

O ataque relança o debate sobre as condições de trabalho dos agentes penitenciários, principalmente porque o detento envolvido integrava uma lista de prevenção à radicalização terrorista. No entanto, ele não estava preso na ala criada especialmente para os detidos radicalizados no presídio de segurança máxima de Condé-sur-Sarthe. Ele foi inclusive autorizado a trabalhar e a receber a visita da mulher em uma unidade de convivência familiar.

A ministra da Justiça, Nicole Belloubet, reconheceu que “existem falhas” na gestão dos presos radicalizados e pediu uma inspeção para esclarecer as circunstâncias da agressão.


Policiais cercam região onde Chérif Chekatt foi morto em Estrasburgo(REUTERS/Christian Hartmann)



Controle de segurança insuficiente


Os agentes consideram ainda que o controle de segurança dos visitantes é insuficiente. De acordo com a legislação francesa, sem o alarme do detector de metal e o consentimento expresso dos visitantes, eles não podem ser revistados pelos policiais.

O ataque está sendo investigado pela Procuradoria antiterrorista. Segundo a Procuradoria de Paris, o detento alegou querer "vingar" o autor do atentado de Estrasburgo, Cherif Chekatt, que matou três pessoas e feriu outras dez no mercado de Natal, em dezembro.





Fonte: RFI - AS VOZES DO MUNDO