28 abril 2019

PCC assume controle de 150 postos de combustíveis em São Paulo e começa expansão no NE

No Ceará, já há estabelecimento sendo construído sem autorização da Semace, postos servem apenas para lavar dinheiro do crime organizado.






Lauro Jardim
CN7/Via O Globo
28/04 9:46

De acordo com o presidente da entidade, crime organizado usa estabelecimentos para lavar dinheiro
de roubo a banco, assalto a carros forte e tráfico de drogas



Levantamento da Federação Nacional de Comércio de Combustíveis (Fecombustíveis) aponta que o Primeiro Comando da Capital (PCC) já é dono de 150 postos somente em São Paulo.

A prática é comum na lavagem de dinheiro, exatamente o que aconteceu na Lava Jato, que teve sua origem exatamente num posto de combustível.

A informação está publicada na coluna de Lauro Jardim, na edição deste domingo (28) do jornal O Globo.

O modelo de negócio já chegou ao Nordeste, onde estabelecimento está sendo construído no Ceará sem autorização da Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace).

O presidente da Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e de Lubrificantes (Fecombustíveis), Paulo Miranda Soares, disse que o setor enfrenta em São Paulo a concorrência desleal de, aproximadamente, 150 postos de combustíveis comandados pela facção criminosa PCC.

De acordo com Soares, o crime organizado coloca os preços dos combustíveis abaixo da média do mercado para aumentar as vendas e maquiar a lavagem de dinheiro. A informação foi divulgada durante o seminário "Ilegal, e daí?", sobre ilegalidade, pirataria e contrabando, realizado pelo GLOBO, em parceria com Extra, Valor e Época, no Hotel Prodigy, no Centro do Rio.

 — Começamos a mapear, com ajuda de grandes distribuidoras, que postos que praticavam concorrência predatória haviam mudado de dono mas continuavam usando as suas bandeiras, mesmo comprando de outras companhias. Receptavam caminhões com combustível roubado e, quando as autoridades iam até lá, as ameaçavam. É uma fiscalização muito difícil de ser feita, porque estamos tratando com bandidos — explica Soares.

De acordo com O Globo, a descoberta foi feita a partir de uma reclamação sobre concorrência predatória feita por um associado em relação a um determinado posto. Segundo o presidente do sindicato, a principal finalidade dos postos comandados pelo PCC é a lavagem de dinheiro:

— O crime organizado joga os preços dos combustíveis lá embaixo, as vendas disparam e, para fins de tributação pela Receita Federal, ela passa do regime de lucro real, no qual você tem de apresentar suas despesas, para o presumido, que dispensa essa apresentação porque a tributação ocorre em cima do faturamento bruto. Ele joga o faturamento lá em cima e fala que posto deu lucro enorme sem ter dado lucro nenhum e está lavando dinheiro ali, de roubo a banco, de assalto a carro forte.

 A descoberta desses postos irregulares levou à criação de uma força-tarefa no estado, numa parceria entre a Secretaria de Justiça, o Ministério Público (MP-SP), o Instituto de Pesos e Medidas e Associação Nacional do Petróleo, para investigar essa rede ilegal. Segundo Soares, no entanto, o setor ainda não sentiu nenhum resultado "palpável":



Fonte: CN7