10 abril 2019

PIVÔ DA MEGA REBELIÃO DE 2006 : Ex-policial civil procurado pelo sequestro do enteado de Marcola é preso em Ibaté/SP

Augusto Peña foi condenado a 22 anos de prisão em 2015 pelos crimes de sequestro, extorsão e facilitação na fuga de preso.







Por G1 São Carlos e Araraquara
10/04/2019 12h57  


Ex-policial civil Augusto Peña foi preso em Ibaté — Foto: Polícia Militar/Divulgação




A Polícia Militar de Ibaté (SP) prendeu na terça-feira (9) o ex-policial civil Augusto Peña, que estava foragido e era considerado um dos criminosos mais procurados no Estado de São Paulo.

Peña e outro ex-policial civil foram condenados em 2015 a 22 anos de prisão cada pelo sequestro de Rodrigo Olivetto de Morais, enteado de Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, apontado pelo Ministério Público como líder de uma facção criminosa e que atualmente cumpre pena em um presídio federal. O caso aconteceu em 2005.

Segundo o boletim de ocorrência, Penã foi visto na terça-feira por policiais de Ibaté durante patrulhamento na Rua Visconde de Pelotas, no bairro São Benedito. Ele foi abordado ao tentar entrar em uma casa. Os PMs constataram que havia um mandado de prisão contra o ex-policial.

Sequestro

A condenação de Peña inclui ainda extorsão e facilitação de fuga de preso. Segundo o Ministério Público, Peña e outro ex-policial que integravam a equipe de investigação da delegacia de Suzano (Grande São Paulo) montaram um “setor de inteligência” para o trabalho de investigação com escutas telefônicas autorizadas pela Justiça, especialmente em relação ao tráfico de drogas praticado por membros da facção criminosa.

Mas, de acordo com a denúncia oferecida pelo Ministério Público, os policiais omitiam as informações dos procedimentos de investigação e utilizavam o material para extorquir os criminosos. Nessas investigações, a Justiça expediu mandado de busca e apreensão em uma empresa onde trabalhava Rodrigo Olivatto de Morais, enteado de Marcola.

Em abril de 2005, o mandado foi cumprido por três policiais que, apesar de não haver situação de flagrante, deram voz de prisão a Morais e ainda revistaram a sua residência, em outro endereço, de onde retiraram um computador e vários objetos.

Morais foi mantido na delegacia de Suzano e obrigado a chamar um advogado, de quem Peña e outro policial exigiram a quantia de R$ 1 milhão para não prender Morais em flagrante por tráfico de drogas.

Morais acabou libertado na noite seguinte, após o pagamento de R$ 300 mil. Desse total, R$ 6 mil foram dados dias depois a um terceiro policial para que ele não comunicasse o ocorrido.

Ainda segundo a denúncia do MP, em março de 2006 Peña e outro policial cobraram e receberam propina de R$ 40 mil para facilitar a fuga do preso Gilmar da Hora Lisboa, o “Pebinha”, que havia sido preso em Diadema. “Pebinha” seria interrogado na delegacia de Suzano e os policiais o manteriam ali durante um fim de semana, quando ocorreria a fuga. O plano, porém, foi descoberto e o preso removido às pressas, impedindo a fuga.

Como represália ao não cumprimento do acordo, o PCC ordenou um ataque à delegacia de Suzano, mas a Polícia Civil foi avisada sobre a ação e emboscou o grupo, matando quatro integrantes da facção criminosa. Na manhã seguinte, o PCC se vingou assassinando dois carcereiros e um amigo dele numa feira livre da cidade.

Especialistas em segurança pública afirmam que as extorsões contra integrantes do PCC teriam sido o estopim para os ataques contra as forças policiais, em maio de 2006, em todo o Estado de São Paulo.

Na ocasião, PCC comandou rebeliões em 74 presídios e matou 43 agentes públicos. Entre 12 e 20 de maio daquele ano, 493 pessoas foram assassinadas, a maioria por policiais, na maior crise já registrada na segurança pública paulista.

Todos os policiais envolvidos já foram expulsos da corporação.




Fonte: G1