Interceptação de ligações telefônicas durante investigação identificou o filho de um vereador da cidade como o chefe da organização na região.
SÃO PAULO
Gabriel Croquer, do R7*
06/05/2019 - 19h53
Investigação chegou ao PCC no ano passado/ANDRESSA ANHOLETE/AFP/JC - Jornal do Comércio |
Na região de Brotas, interior de São Paulo, 16 pessoas foram denunciadas pelo MPSP (Ministério Público de São Paulo) por formar organização criminosa armada. As investigações, que ocorrem há dois anos, identificaram grupo que agia em nome da facção criminosa denominada PCC (Primeiro Comando da Capital).
A interceptação de ligações identificou o filho de um vereador da cidade como o chefe da organização na região. A quadrilha atuava nas cidades de Brotas, Torrinhas e Dois Córregos.
Pelo conteúdo das ligações, a polícia apurou um pessoa que foi nomeado como chefe da organização da região, tendo como padrinho Marcos Antônio de Oliveira, que está preso na penitenciária de Junqueirópolis. Nas conversas interceptadas entre os dois, são oferecidos pontos de venda de drogas em Brotas e Dois Córregos.
O promotor de Justiça Cássio Sartori denunciou no dia 30 de abril os suspeitos pelas práticas dos crimes de organização criminosa armada, porte de arma de uso permitido (e de uso restrito) e associação para o tráfico. O caso corre em sigilo na Justiça, portanto, o nome do vereador não foi revelado pelo MP-SP.
Dois anos de investigação
As investigações que levaram à apresentação da denúncia foram realizadas ao longo dos últimos dois anos pela Polícia Civil de Brotas. Há cerca de seis meses foi identificado, através da ligação entre Matheus Rodrigues e Marcos Antônio Oliveira, um grupo que atuava em nome do Primeiro Comando da Capital na região, coordenando o tráfico de drogas e armas.
A polícia identificou uma estrutura e divisão de tarefas da organização, que contava com agentes que faziam a contabilidade e administração financeira do tráfico. A facção também contava com olheiros e vigias nos pontos de vendas de entorpecentes.
Um adolescente também estava envolvido com o grupo. Trata-se de um estagiário do Detran (Departamento Estadual de Trânsito), que funciona no mesmo prédio da Delegacia de Polícia do município de Brotas. Ele fornecia informações privilegiadas para o grupo sobre investigações na área.
No dia 28 de março, foram cumpridos 13 mandados de prisão temporária e de busca e apreensão. Outros dois indivíduos foram presos em flagrante, transportando aproximadamente 500 gramas de cocaína divididos em 663 porções, além de duas espirgandas com munições de uso restrito, compatíveis com fuzil.
Cerca de 2,5 quilos de droga foram apreendidos, junto com 6 mil recipientes destinados ao armazenamento de entorpecentes, telefones celulares, rádios comunicadores, balanças de precisão, anotações da contabilidade do tráfico e aproximadamente R$ 11 mil. Outro inquérito foi instaurado para a investigação da prática de lavagem de dinheiro.
Treze dos denunciados permanecem presos preventivamente.
*Estagiário do R7, sob supervisão de Ana Vinhas
Fonte: Portal R7- São Paulo