Mandados de prisão, bem como de busca e apreensão são cumpridos nesta quarta-feira (8). Bando usava geolocalização para ter acesso visual aéreo de penitenciárias.
Por G1 Presidente Prudente
08/05/2019 08h28
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Drones foram utilizados em ações que motivaram a operação Foto: Polícia Civil/Divulgação |
A Polícia Civil realiza, nesta quarta-feira (8), a Operação Voo de Ícaro, cuja investigação identificou uma nova forma de introdução de objetos em unidades prisionais. Mandados de prisão, bem como de busca e apreensão são cumpridos. O nome da ação tem alusão a drones utilizados por organização criminosa para lançamento de materiais para o interior de penitenciárias.
Até o momento desta publicação, a polícia havia cumprido 20 mandados de prisão (de um total de 21), dos quais nove eram em estabelecimentos prisionais. A ação contou com o apoio do Grupo de Intervenção Rápida (GIR), da Administração Penitenciária, para a realização de buscas administrativas no interior das celas dos detentos.
No Oeste Paulista, os MPs foram cumpridos nas penitenciárias de Martinópolis e Pacaembu, onde estão os líderes internos do esquema, segundo um organograma da Polícia Civil. A ação também foi realizada em unidades prisionais de Lavínia, Marília, São Paulo (Parelheiros), Guarulhos, Franco da Rocha e Potim.
Ainda houve o cumprimento de 13 mandados de busca e apreensão, todos na capital paulista. Foi apreendido farto material probatório, além do bloqueio e sequestro de várias contas bancárias utilizadas por membros da organização criminosa.
Sobrevoo
Foi apurado durante a investigação que aparelhos celulares que ingressavam em unidades prisionais garantiam a comunicação da liderança da organização criminosa que comandava ações gerais contra o Estado.
Ainda foi identificado que drones eram monitorados externamente, a partir de “acesso remoto”, com a ajuda de presos que direcionavam o controlador para a liberação de materiais, arremessados no pátio de banho de sol, com hora marcada. Em alguns casos, o dispositivo era direcionado até próximo do solo, onde um preso liberava a carga. Em algumas vezes, o aparelho era “abatido” por agentes de muralha.
Cada drone utilizado está avaliado em R$ 16 mil, segundo a polícia, e chegava a transportar até 1 quilo de materiais (droga, chips, celulares, cartas, etc) por sobrevoo.
Estrutura da organização criminosa que operava esquema de drone (Reprodução/Polícia Civil). |
As entregas, sem risco, tinham um custo aproximado de R$ 40 mil aos envolvidos e eram acompanhadas pela câmera de vídeo do aparelho, o que facilitava a visualização do ponto de descarga.
“Para a movimentação financeira, o grupo coaptava outros membros do crime que emprestavam seus nomes e documentos pessoais para abertura de conta bancária e repasses aos membros da organização, com retiradas pessoais”, explica a polícia.
A investigação comprovou que a esposa de um detento, presa nesta quarta-feira (8), também liderava o recebimento e as movimentações financeiras de maiores valores. Além disso, foi identificado que ela trabalhava em uma cantina de uma escola/cursinho particular em zona nobre da cidade de São Paulo.
‘Sintonia’
O bando identificado e preso nesta quarta-feira (8) pretendia fundar sua própria "sintonia" e “era o maior responsável pela operacionalização da comunicação dos presos da organização criminosa”.
Geolocalização
Apurou-se durante as investigações, que criminosos se utilizam da pesquisa em aplicativo de geolocalização, para acesso visual aéreo da unidade prisional e ao redor, através do “street view”.
Diante da situação, será representando junto ao Poder Judiciário para que seja expedido um mandado judicial para “desfocar” áreas de segurança, como delegacias de polícia, penitenciárias, unidades militares impedindo a visualização dos arredores desses locais sensíveis.
Fonte: G1