Presidente não quis comentar denúncia do MPF do Pará sobre intervenção federal no sistema penitenciário.
Daniel Gullino
08/10/2019
O presidente Jair Bolsonaro Foto: Adriana Machado / REUTERS |
BRASÍLIA — O presidente Jair Bolsonaro chamou de "besteira" a denúncia do Ministério Público Federal (MPF) de um quadro de tortura na intervenção federal no sistema penitenciário do Pará, conforme O GLOBO mostrou nesta terça-feira, e encerrou uma entrevista após ser questionado sobre o assunto. O coordenador da força-tarefa que atua nos presídios do Pará , Maycon Cesar Rottava, foi afastado pela Justiça Federal, atendendo a um pedido do MPF.
— Bora — disse Bolsonaro, na saída do Palácio da Alvorada, deixando a entrevista, depois de ser perguntado sobre a denúncia.
Enquanto saía, o presidente se virou para apoiadores que estavam lá e criticou a pergunta:
— Só perguntam besteira, só besteira o tempo todo.
Bolsonaro, então, subiu no seu carro e fez uma "oração" pela imprensa, classificada por ele como "fétida":
— Deixa eu orar aqui agora. Não sou pastor, não. Meu Deus, salve, lave a cabeça dessa imprensa fétida que nós temos. Lave a cabeça deles, que bote coisas boas dentro da cabeça, que possam perguntar, me ajudar a publicar matéria para salvar o nosso Brasil. Eles não viam problemas em governos anteriores. Vamos ajudar o Brasil. Vocês são importantíssimos para salvar o Brasil. Parem de perguntar besteira.
Em uma ação de improbidade administrativa assinada por 17 dos 28 procuradores da República que atuam no Pará, o MPF aponta práticas que vão do empalamento à perfuração dos pés dos presos por pregos em presídios do estado que passaram a ser controlados por uma força-tarefa autorizada pelo Ministério da Justiça.
O sistema penitenciário do Pará está sob intervenção federal desde 30 de julho, quando o ministério, em atendimento a um pedido do governador Helder Barbalho (MDB), autorizou a força-tarefa composta por agentes federais e estaduais. A pasta defende a atuação dos agentes e diz que os casos de tortura carecem de comprovação.
Em 30 de julho, um massacre num presídio em Altamira (PA) terminou com a morte de 62 presos. Barbalho, então, pediu ajuda ao ministro da Justiça Sérgio Moro. No mesmo dia, ele autorizou o envio da Força-Tarefa de Intervenção Penitenciária (FTIP) para intervir em 13 unidades do estado.
A função do grupo, cuja atuação foi prorrogada por Moro até o fim deste mês, é “coordenar ações das atividades dos serviços de guarda, de vigilância e de custódia de presos”. O ministério não divulga quantos são os agentes federais envolvidos. O coordenador foi nomeado pelo diretor-geral do Departamento Penitenciário Nacional (Depen), Fabiano Bordignon. O Depen é vinculado ao MJ.
Fonte: JORNAL O GLOBO
Contraponto: O Presidente Jair Messias Bolsonaro está correto quando afirma que não existe tortura em penitenciárias. O que ocorre na região norte, onde está havendo Intervenção Penitenciária em vários estados, é a absoluta falta de disciplina nestes Sistemas Penitenciários.
Sendo que, grande parte dos mesmos são geridos por Empresas Privadas, as chamadas PPPs., que além de serem incapacitadas para esta tarefa, exploram a mão de obra dos funcionários locais, pagando salários aviltantes que envergonhariam o mais víl dos capitalistas.
Expondo-os a situações degradantes e condenando-os a compactuarem ou silenciarem no quesito aplicação de Disciplina, haja visto que com estes paipérrimos salários terem apenasa condições de serem vizinhos de seus custodiados, não se permitindo terem a oportunidade de ter e de dar uma vida digna e com segurança para seus familiares.
Esta é a grande verdade, a privatização não funciona e simplesmente não é aplicada a disciplina necessária para que ocorra a ressocialização.