Presidiários fugiram de ala destinada a presos da facção, em centro de detenção em Pedro Juan Caballero.
Folha de São Paulo
19.jan.2020 atualizado às 14h30
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Policiais paraguaios se reúnem em frente a prisão antes de iniciar a caçada aos fugitivos Imagem: ABC COLOR |
SÃO PAULO - Setenta e cinco presos, a maioria membros do PCC (Primeiro Comando da Capital), fugiram na madrugada deste domingo (19) de uma prisão em Pedro Juan Caballero, no Paraguai.
A facção brasileira tem forte atuação no Paraguai, devido a tráfico de drogas.
De acordo com a imprensa do país, foi encontrado um túnel que ligava um dos pavilhões, voltados a presos da facção criminosa brasileira, à área externa da prisão.
O governo paraguaio, no entanto, considera que parte dos criminosos possa ter fugido durante a semana sem usar o túnel. Os responsáveis pela prisão já foram afastados.
Sacos de areia encontrados em cela, após fuga de integrantes do PCC no Paraguai Imagem: Reprodução |
“Foi encontrado um túnel e acreditamos que esse túnel foi um recurso enganoso para legitimar ou maquiar a liberação dos presos. Há cumplicidade com as pessoas de dentro da prisão e esse é um fenômeno que acontece em todas as penitenciárias", afirmou o ministro do Interior do país, Euclides Acevedo, em nota publicada em site do governo.
De acordo com ele, o país está em alerta máximo, pois os presos são de grande periculosidade. Segundo ele, entre os 75 presos — e não 91, como divulgado inicialmente pela imprensa paraguaia —a maioria é de integrantes do PCC.
Inicio do túnel dentro da cela - Imagem:ABC COLOR |
O ministro afirmou que é possível que alguns dos detentos tenham fugido para o Brasil.
A suspeita é que a facção criminosa tenha comprado a sua fuga —circulam informações, segundo a ministra, de que o pagamento pode ter sido de US$ 80 mil.
Inicio do túnel dentro da cela - Imagem:ABC COLOR |
A ministra da Justiça afirmou que colocará seu cargo à disposição. "A responsabilidade política do ministério é minha", disse, em coletiva de imprensa. "O presidente tomará a decisão".
Em uma das celas do presídio foram encontrados cerca de 200 sacos de terra, retirada para que o túnel fosse feito.
Jornais do país afirmam também que a Polícia Federal brasileira também foi avisada.
Vídeo do túnel utilizado para a fuga dos prisioneiros
No começo da tarde, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, afirmou que trabalha com as forças de segurança para impedir a entrada dos criminosos no Brasil, e que, caso sejam capturados, serão levados a presídios federais.
"Estamos trabalhando junto com as forças estaduais para impedir a reentrada no Brasil dos criminosos que fugiram de prisão do Paraguai. Se voltarem ao Brasil, ganham passagem só de ida para presídio federal", escreveu Moro no Twitter.
A ministra da Justiça, Cecilia Pérez, ordenou a destituição do diretor da penitenciária e de outros funcionários. "É categórico que houve corrupção", disse Cecilia à rádio paraguaia ABC Cardinal.
Em uma das celas do presídio foram encontrados cerca de 200 sacos de terra, retirada para que o túnel fosse feito.
Jornais do país afirmam também que a Polícia Federal brasileira também foi avisada.
Infográfico imagem: G1 |
PEDRO JUAN CABALLERO
No ano passado, sob o argumento de que há "níveis críticos de violência" e ações da facção criminosa PCC na região, o Ministério Público Federal decidiu fechar o seu prédio em Ponta Porã (MS), na fronteira do Brasil com o Paraguai, e transferir suas atividades para a cidade de Dourados (MS), a 120 km de distância.
A decisão partiu do Conselho Superior do MPF e foi acompanhada pelo CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público).
Término do túnel, já do lado externo da prisão de Pedro Juan Cabalero Imagem: ABC COLOR |
Segundo o MPF, o prédio fica a 350 metros da fronteira seca com Pedro Juan Caballero, no Paraguai, "palco de numerosas ações de diversos grupos criminosos organizados, em especial, do PCC [Primeiro Comando da Capital]".
Em 2016, um traficante brasileiro que era chefe do narcotráfico na região foi morto em um ataque em Pedro Juan Caballero que envolveu até o uso de metralhadora antiaérea. A polícia ligou a ação ao PCC, que buscava se estabelecer no território.
O órgão público funcionava desde 2003 e hoje conta com três procuradores da República, 15 servidores, seis estagiários e oito empregados terceirizados. Com 92,5 mil habitantes, Ponta Porã é o quinto maior município de Mato Grosso do Sul.
Fonte: FOLHA DE SÃO PAULO
Fonte Infográfico: G1