A unidade, na Área Continental de São Vicente, está praticamente pronta e terá área de saúde específica para a mulher, pavilhão de trabalho, creche e playground.
Por Gilmar Alves Jr.
09 FEV 2020
A Secretaria da Administração Penitenciária afirma que a unidade foi construída respeitando as necessidades e particularidades das mulheres Foto: Divulgação/SAP |
A primeira Penitenciária Feminina da Baixada Santista, instalada no Jardim Rio Branco, em São Vicente, deverá começar a funcionar ainda este ano e terá capacidade para 863 detentas. A informação foi obtida pelo Diário do Litoral junto à Secretaria da Administração Penitenciária (SAP).
As instalações estão praticamente prontas e atualmente a SAP espera aprovação para implantar uma rede de esgoto na faixa da Rodovia Padre Manoel da Nóbrega. A penitenciária fica às margens desta rodovia, na Área Continental. O valor das obras, que foram iniciadas no final de 2015, chegou a R$ 53,3 milhões.
De acordo com a SAP, a unidade foi construída respeitando as particularidades e necessidades das mulheres, principalmente ligadas à saúde. "Já são seis unidades femininas do Plano de Expansão, desde 2011, inauguradas nesses moldes. Além da área de saúde específica para a mulher, elas dispõem de um setor destinado à amamentação, já sendo inauguradas com creche, biblioteca, playground onde as crianças brincam em dias de visita, pavilhão de trabalho, além de setores destinados à saúde e visita íntima", informa a pasta.
Das 863 vagas, 110 serão para o regime semiaberto, conforme antecipa a secretaria.
Atualmente, presas da Baixada Santista e Vale do Ribeira que já estão condenadas cumprem suas penas em unidades prisionais no interior paulista e na capital.
Detidas da Baixada e do Vale, que estão na condição de trânsito, ficam na cadeia feminina anexa ao 2º DP de São Vicente e na cadeia feminina de Sete Barras, no Vale do Ribeira.
Conforme dados da SAP referentes ao último dia 4, o Centro de Detenção Provisória (CDP) de São Vicente, com capacidade para 842 presos, tinha 2.013 encarcerados; a Penitenciária I, cuja capacidade é 1.257, tinha 1.587 e a Penitenciária II, que é para 1.066, conta com 1.584.
No início da construção da Penitenciária, em 2015, lideranças comunitárias de bairros da Área Continental de São Vicente realizaram ações diversas e articulações visando a interrupção da obra.
As lideranças argumentavam que a população da Área Continental seria prejudicada diante um total de quatro unidades prisionais na área, se somando ainda à unidade da Fundação Casa, e ainda questionavam se o terreno, entre duas áreas contaminadas (dos quilômetros 67 e 69), sob responsabilidade da Rhodia, também estaria contaminado por organoclorados, tais como pentaclorofenol (conhecido como pó da china), hexaclorobenzeno dentre outras substâncias altamente cancerígenas. Diversas reportagens do Diário do Litoral abordaram o tema naquele período.
Em inquérito civil concluído em agosto de 2016 o Ministério Público Estadual (MPE) entendeu que informações técnicas trazidas pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) afastaram qualquer possibilidade de contaminação da área da unidade prisional. O inquérito foi arquivado e houve a homologação do Conselho Superior do MPE.
A nova penitenciária fica às margens da Rodovia Padre Manoel da Nóbrega; valor das obras até o momento é de R$ 53,3 milhões Foto: Divulgação/SAP |
Os atos contra a instalação da Penitenciária Feminina prosseguiram até meados de 2018. Hoje, conforme relata ao Diário Francisco de Souza Pereira, o Bodinho, um dos integrantes do Comitê Interbairros do Distrito da Área Continental (Cidac), a implantação da nova penitenciária "foi superado", na medida do possível, e a principal preocupação da comunidade neste momento é a Ponte dos Barreiros.
Bodinho diz que o receio é de que com a vinda dessa quantidade de presas para a Penitenciária Feminina, além de familiares eventualmente para morar naquela região em virtude da proximidade, haja gargalos em setores como da saúde, da educação e até de abastecimento de água.
Ele cita ainda a possibilidade de eventuais problemas na rede de telefonia, devido ao bloqueio no trecho do presídio, que pode gerar reflexos nas imediações.
Fonte: Diário do Litoral