Criada sob modelo de ressocialização, cadeia foi elogiada até pelo escritor Stefan Zweig, mas ficou lotada em duas décadas.
Fernando Granato
21.abr.2020
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Penitenciária em seus áureos tempos, no Complexo do Carandiru |
Casa de Detenção na década de 50, ainda em construção, fazia parte do Complexo do Carandiru |
Policial faz a vigília em frente a Casa de Detenção do Complexo Penitenciário do Carandiru, na zona norte de São Paulo, em 20/08/1960 - Foto: Acervo/Estadão |
Sentenciados tinha na época aulas de desenho |
Inspirado no Centre Pénitentiaire de Fresnes, da França, buscava ser uma “casa de regeneração” extremamente funcional, que devolvesse os presos em boas condições para viver em sociedade depois de cumprida a pena.
Setor de Alfaiataria |
Em apenas 20 anos, o novo presídio atingiu sua capacidade máxima, de 1.200 presos. E nunca mais saiu da rotina de superlotação.
Setor de Cozinha, cadeia era movida a vapor no setor de cozinha e de lavanderia |
“No início era uma instituição modelar, representativa do estado de progresso pelo qual passava São Paulo”, diz Fernando Salla, 67, pesquisador do Núcleo de Estudos da Violência da USP. “Mas, ao longo do tempo, pelas tensões políticas e mudanças econômicas pelas quais passavam o país, entrou em declínio e já no final dos anos 1930 estava muito aquém das necessidades de uma cidade como São Paulo”.
No princípio eram unidades celulares, apenas um preso por cela, preso pagava a penitência literalmente |
Salla lembrou que, em 1951, o presídio teve a primeira fuga. Nunca mais parou de crescer e, em 1956, o então governador Jânio Quadros (1917-1992) inaugurou no local a Casa de Detenção, aumentando a capacidade para 3.250 presos, menos da metade da população carcerária que teria em seus anos finais, antes de ser implodida, em 2002.
E virou um monstro
Presídio do Carandiru foi demolido em 2002 (Foto: Evelson de Freitas/Folhapress) |
No dia 31 de outubro de 1996, durante as gravações para o documentário não concluído, presos reclamavam da superlotação e o médico Dráuzio Varella, que trabalhava como voluntário no presídio desde 1989, queixou-se da falta de remédio para tuberculose.
“Remédio para tuberculose não pode faltar”, queixou-se ao ajudante. “Aqui 90% dos pacientes do ambulatório estão com a doença”.
Corredor alagado de sangue na Casa de Detenção de São Paulo, após a intervenção da Polícia Militar |
Corpos dos detentos mortos após invasão da PM no Carandiru; ação da polícia deixou 111 mortos |
Corpos de parte dos 111 detentos mortos após invasão da Polícia Militar para conter uma rebelião na Casa de Detenção do Carandiru |
Já o Pavilhão 5 era o mais cheio. No terceiro andar ficavam isolados os estupradores, justiceiros e presos jurados de morte, que não podiam conviver com os demais. No quarto andar encontrava-se a chamada Rua das Flores, área destinada aos travestis.
Corpos de parte dos 111 detentos mortos após invasão da Polícia Militar para conter uma rebelião na Casa de Detenção do Carandiru |
No 6 ficava a cozinha, desativada desde os anos 1980, quando a comida passou a ser fornecida por empresas terceirizadas. E um cinema, que também não funcionava. No quarto e no quinto andar também existia uma área destinada a presos no “seguro”, ou seja, jurados de morte.
PMs fazem vistoria em um dos pavilhões do Carandiru após rebelião; ação da polícia deixou 111 detentos mortos |
O último pavilhão, 9, palco do massacre de 1992, abrigava réus primários que, por isso, ainda não conheciam bem as regras do presídio.
Pavilhões da Casa de Detenção de São Paulo, no Carandiru, foram implodidos em 2002 para dar espaço ao Parque da Juventude |
da Casa de Detenção de São Paulo, no Carandiru, foram implodidos em 2002 para dar espaço ao Parque da Juventude |
O Parque da Juventude mudou a paisagem da Zona Norte de São Paulo desde 2003, ao substituir o Complexo Penitenciário Carandiru por uma área de lazer e entretenimento ao ar livre |
Fonte: FOLHA DE SÃO PAULO
Imagens Adicionais: Folha de São Paulo/ SÃO PAULO ANTIGA
Passado negro do sistema ,que nos leva a refletir ....
ResponderExcluirDeixou muita história trabalhei muitos anos aí dentro e hj tenho o maior acervo particular sobre este presídio. Com mais de 1.500 fotos , muitas horas em vídeo e qz 5 mil objetos .. muita história de experiência q ali passei e hj com intenção de mostrar e falar sobre a vdd de como era este lugar .
ResponderExcluirrmazotto@hotmail.com
16 991866588
vc mora em Serra Azul?
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