Carro foi parado no meio da estrada por homens mascarados que roubaram carteira e celular. Polícia trabalha com hipótese de emboscada.
Alex Tajra e Luís Adorno
Do UOL, em São Paulo
14/05/2020 13h59
Local onde Valter Barbosa foi morto, na noite de quarta-feira (13), na rodovia Régis Bittencourt-Imagem: Arquivo pessoal |
Segundo a SSP (Secretaria da Segurança Pública), a mulher relatou na delegacia que os dois foram fechados por um carro prata antigo. Dois criminosos com os rostos cobertos obrigaram o casal a parar. Enquanto desciam do veículo, Barbosa foi baleado.
Segundo o Boletim de Ocorrência, os criminosos fugiram levando celular e carteira, mas não especifica de qual das vítimas.
Investigadores de Santos, de Cajati, da cúpula da Polícia Civil e membros do MP (Ministério Público) disseram ao UOL que ainda é cedo para definir a motivação do crime, que nada está descartado, mas, por envolver o Porto de Santos, deve ser investigada uma possível ação do PCC (Primeiro Comando da Capital).
Valter (à esquerda, sem máscara) recebeu homenagem na terça-feira (12), quando se despediu dos colegas no Porto de Santos(Foto: Divulgação / Porto de Santos) |
O porto é estratégico para a facção paulista. É de lá que partem grandes remessas de drogas — principalmente a cocaína — do Brasil para a Europa, África e Ásia em navios de carga. A reportagem apurou com interlocutores, porém, que o cargo exercido por Barbosa não tinha relação com fiscalização e investigação, o que atrapalharia diretamente o PCC.
Pelas características do crime, os policiais entrevistados pela reportagem disseram que não há dúvidas de que foi um homicídio, não um latrocínio (roubo seguido de morte). Um inquérito foi instaurado para tentar esclarecer as circunstâncias e encontrar os criminosos.
Valter Barros Barbosa foi morto a tiros na frente da esposa — Foto: Reprodução/Linkedin |
Seria diretor no Porto de Imbituba (SC)
Barbosa assumiu o cargo de superintendente por indicação de Marcelo Ribeiro de Souza, oficial superior da Marinha com 36 anos de serviços prestados e que se tornou diretor de Operações da Codesp em março de 2019. Segundo apurou o UOL, Barbosa tinha a confiança de Ribeiro por também ter sido oficial da Marinha. Em um primeiro momento, ele teve dificuldades de se adaptar ao cargo"Uma coisa é você mandar, a outra é você receber ordens e conciliar", diz uma fonte ligada ao Porto de Santos. "Após passar essa primeira parte, ele teve uma boa relação com a comunidade portuária, conquistou muitos amigos e era bem quisto pelos trabalhadores do Porto. Não tinha inimizades, ninguém fazia nenhuma crítica."
Como superintendente, Barbosa era responsável por áreas como a programação dos navios e a fiscalização de determinadas operações. Antes de deixar o cargo ele estava alegre, ansioso com o novo desafio, segundo interlocutores. Houve uma pequena comemoração dos funcionários para celebrar a passagem de Barbosa, incluindo uma placa que o homenageava.
Policiais trabalham para identificar suspeitos de latrocínio na Rodovia Régis Bittencourt em Cajati, SP — Foto: Reprodução |
"Exemplo de líder e companheiro"
A Santos Port Authority (SPA) informou por meio de nota que Barbosa tinha acabado de se desligar do cargo e estava a caminho do estado de Santa Catarina, para assumir a diretoria de Infraestrutura e Logística na SCPar Porto de Imbituba (SC)."Valter foi um exemplo de líder e companheiro de trabalho que a muitos ensinou e inspirou em pouco mais de um ano de atuação na SPA. Não só com sua excelência profissional, mas, sobretudo, com sua simplicidade e disposição para ouvir e falar", escreveu a SPA.
Marcelo Ribeiro, diretor de Operações, afirmou que "mais que um profissional dedicado, ele era um amigo. Perdi um amigo. Espero que Deus possa confortar o coração da família". Barbosa deixou, além da mulher, três filhos.
Por meio de nota, a SSP disse que o socorro da concessionária foi acionado no momento do crime, mas o superintendente não resistiu aos ferimentos. "A esposa passou mal no local e foi atendida pela equipe médica. O caso foi registrado na Delegacia de Cajati, onde as diligências seguem para identificar e prender os autores."
Fonte: UOL
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