16 março 2021

Dinheiro, poder e morte: Principal integrante do PCC pode ter sido morto pela própria cúpula

Para o Ministério Público de São Paulo, o desaparecimento reforça o racha interno da facção, Dr. Lincoln Gakiya fala sobre a divisão de poder da Facção.

Por: Thaís Nunes 

15/03/2021 às 23:15

Nadim Georges Hanna Awad Neto, 42, um dos principais integrantes do PCC - Imagem: Reprodução
Um dos principais integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC), maior facção criminosa do país, sequestrado no mês passado, pode ter sido morto pela cúpula da organização da qual fazia parte.

Marcos William Camacho, o Marcola, apontado pelas autoridades como chefe do PCC, e outros 21 integrantes da cúpula da facção criminosa, foram transferidos para presídios federais dois anos atrás. 

Desde então, de acordo com o Ministério Público, a organização interna do PCC mudou e o poder de decisão teria sido passado - a pedido do próprio Marcola - para Marcos Roberto de Almeida, o "Tuta". 

Foragido da justiça, "Tuta" passou a ser considerado o número um das ruas. Abaixo dele, como número dois, estava Nadim Awad Neto, também em liberdade.

No mês passado, Nadim teria sido convocado para uma reunião por integrantes do PCC e desapareceu. O carro dele foi abandonado na Vila Maria, bairro da Zona Norte da Capital Paulista. Investigações do Ministério Público apontam que o criminoso teria sido assassinado por membros da facção. 

Seis meses atrás, uma investigação descobriu que, em menos de um ano, "Tuta" e os comparsas dele movimentaram valores superiores a um bilhão de reais. De acordo com a promotoria, outros integrantes da facção não sabiam dessa movimentação bilionária e Nadim teria suspeitado de que "Tuta" estava desviando dinheiro do grupo.  

Os policiais ouvidos pela reportagem disseram que o sumiço de Nadim pode ter sido motivado por desvio de dinheiro da facção ou então por delação de algum comparsa. "Ele era do tribunal do crime e foi vítima do próprio tribunal do crime. Vai ser difícil encontrar o corpo dele", disse um policial. 

Assista à reportagem completa do SBT Brasil 

"Playboy do PCC"

Segundo o policial, Nadim era uma espécie de "playboy do PCC", pois costumava pilotar uma Ferrari, gostava de roupas de grife e morava em uma cobertura na região de Santana, na zona norte da capital paulista. "O padrão de vida dele era de classe alta. Tinha até lancha no litoral paulista", afirmou.

De acordo com investigações do MPE (Ministério Público Estadual), Nadim pertencia à célula terrorista do PCC e foi acusado com outros sete comparsas de realizar levantamentos de endereços de autoridades consideradas inimigas da facção e marcadas para morrer.

A missão do PCC era cometer atentados em represália à transferência da alta cúpula da organização criminosa para penitenciárias federais, realizada em 13 de fevereiro de 2019. Os alvos eram um promotor de Justiça, um deputado estadual, dois ex-secretários de Estado e um coordenador de presídio.

O plano da célula terrorista foi descoberto duas semanas após as remoções da liderança do PCC, quando dois homens acusados de pertencer à quadrilha visitaram três condomínios no interior de São Paulo. Ambos se passaram por funcionários de uma operadora de TV.

Em um dos condomínios mora uma das autoridades. Em outros residem policiais que atuam no Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), órgão subordinado ao MPE.

Um dos porteiros do local desconfiou da dupla. Os falsos funcionários disseram que iriam averiguar a intensidade do sinal da operadora no condomínio. Mas nenhum morador havia solicitado o serviço.

A dupla se apresentou com nome verdadeiro na portaria. E, além disso, também foi filmada dentro de um veículo pelas câmeras de segurança. O Gaeco investigou o caso, descobriu a farsa e identificou os demais acusados.

Nadin esteve preso na Penitenciária "Ozias Lúcio dos Santos" de Pacaembu - Foto: Folha Regional/Arquivo
Em maio de 2019, policiais da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar), unidade de elite da Polícia Militar, e agentes do Gaeco cumpriram mandados de busca e apreensão em endereços relacionados a oito homens apontados como integrantes da célula terrorista.

Um dos mandados foi cumprido em imóveis ligados a Marcos Roberto de Almeida, 49, o Marcos Tuta. Segundo o Gaeco, ele é o principal homem ainda em liberdade, de confiança de Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, líder máximo da facção.

Em um endereço de Marcos Tuta, na avenida Giovanni Gronchi, no Morumbi, zona oeste de São Paulo, PMs da Rota encontraram um Porsche Macan branco. Em outro imóvel foram apreendidos R$ 182.620,00 em espécie. Os mandados foram cumpridos durante a deflagração da Operação Jiboia. O processo tramita em segredo de justiça.

Nadim respondeu a processos por tráfico de drogas, roubo, extorsão, ameaça, formação de quadrilha e associação ao tráfico. Ele deixou a Penitenciária de Pacaembu (SP) em 6 de dezembro de 2003.

Fonte: SBT NEWS/UOL

Obs: Tudo isso tem reflexos direto dentro das UPs de todo o pais.

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