06 junho 2021

Penitenciária no DF: Chefões do PCC e mafiosos italianos na mira de ministro

Anderson Torres (Justiça), que assumiu em março deste ano, quer desfazer iniciativa de Moro e tirar líderes de grupos criminoso.

Por Eduardo Gonçalves

6 jun 2021

Federal de Brasília - Imagem: Departamento Penitenciário Federal (Depen)
Longe das fronteiras e próximo ao centro do poder político e diplomático do país, o presídio federal de Brasília — o mais novo do sistema — é conhecido por ser à prova de fuga e de rebeliões. Inaugurado em 2018, a penitenciária hoje abriga chefões do crime não só do Brasil, mas do mundo. 

Entre eles, parte da cúpula do Primeiro Comando da Capital (PCC), incluindo Marcos Herbas Camacho, o Marcola, e o seu irmão, Alejandro Camacho Júnior, o Marcolinha; e lideranças da ‘Ndrangheta, a poderosa máfia italiana da Calábria, entre eles Rocco Morabito, conhecido como o “rei da cocaína em Milão” — preso em maio em João Pessoa (PB) –, e Nicola Assisi, preso em 2019 em Praia Grande (PB).

“Ter desempenhado função de liderança ou participado de forma relevante em organização criminosa” é o pré-requisito número 1 para ser transferido a uma das cinco penitenciárias federais do país. Outro critério é ter se “envolvido em incidentes de fuga, de violência ou de grave indisciplina no sistema prisional de origem”.

Marcola, o principal líder do PCC, foi levado para Brasília pelo então ministro da Justiça,
Sergio Moro, medida que irritou o governador Ibaneis Rocha (MDB) Sergio Lima/AFP 
Condenado a uma pena que ultrapassa 300 anos de prisão, Marcola, por exemplo, é apontado pelo Ministério Público e Polícia Civil e São Paulo como o líder máximo da facção paulista, que domina boa parte do sistema prisional brasileiro. Ele já foi alvo de pelo menos duas investigações sobre planos mirabolantes de resgate que não se concretizaram. 

Marcolinha, por sua vez, teria sido um dos mentores da fuga de mais de 100 presos, incluindo ele próprio, do Complexo do Carandiru, em São Paulo, em novembro de 2001.

Morabito também é expert em escapar das autoridades. Em 2017, ele foi preso em Montevidéu, no Uruguai. Dois anos depois, enquanto esperava o processo de extradição para a Itália, ele fugiu por um buraco no telhado da penitenciária uruguaia junto com três comparsas, que depois foram recapturados. Ele, no entanto, sumiu dos radares da polícia e se refugiou no Brasil. 

De acordo com a Polícia Federal, Nicola Assisi é condenado por tráfico e associação
para tráfico de drogas na Itália. O outro preso é Patrick Assisi, filho de Nicola
No último dia 24, após dois anos de intensas buscas, ele foi preso em um flat em João Pessoa em uma operação que envolveu a Polícia Federal, a Abin, os carabinieris (da Itália), o DEA (departamento antinarcótico dos EUA) e o FBI (a polícia federal americana). Conforme a sua ficha na Interpol (polícia internacional), ele foi condenado quatro vezes pela Justiça italiana a penas que somam 103 anos de prisão.

A defesa de Morabito até tentou impedir que ele fosse levado ao presídio federal — preferia a penitenciária da Papuda, também em Brasília –, mas a ministra do Supremo Tribunal Federal Cármen Lúcia não atendeu ao pedido no final de maio. As defesas de Marcola e outros integrantes do PCC também já entraram com ações se queixando das condições impostas pelo sistema. 

Nas unidades mantidas pelo governo federal, a rotina do preso é bem mais rígida: um banho de sol por dia e visitas restritas aos parlatórios. Pela lei, os presos só podem ficar por três anos nessas unidades, mas o prazo pode ser prorrogado pela Justiça.

O italiano Rocco Morabito, líder da máfia ‘Ndrangheta, foi preso pela PF em operação
com o apoio da Abin, da Interpol, do DEA, do FBI e dos carabinieri italianos Joédson Alves/EFE
A concentração de presos estrelados do crime organizado na capital federal, no entanto, pode não durar muito — se o presídio já estava no alvo de autoridades em Brasília com a concentração de líderes do PCC, a situação piorou com a chegada dos novos hóspedes italianos. 

Uma das principais bandeiras do novo ministro da Justiça, Anderson Torres, que assumiu o posto no fim de março, é transferi-los para outras unidades do país. “Brasília não é lugar para esse tipo de líder de organização criminosa. Tudo que eles possam vir a montar em Brasília representa um risco. Imagine a Esplanada dos Ministérios inteira pegando fogo num atentado”, disse ele a VEJA.

A transferência de Marcola para Brasília ocorreu logo depois de Sergio Moro ter assumido o Ministério da Justiça, em março de 2019, e gerou fortes críticas do governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), que chegou a pedir que os líderes do PCC fossem levados a outras unidades da federação. Quando Moro caiu, Ibaneis foi um dos primeiros a comemorar. À época, o hoje ministro da Justiça, Anderson Torres, era secretário de Segurança Pública do governo do DF.

Fonte: Revista Veja

7 comentários:

  1. Com todo aparato policial da unidade q eles estão, o medo dp ministro é q a esplanada toda do ministério pegue fogo. O que faz? Leva pra outra unidade/cidade. Que se foda se lá não existem tantos recursos. Estamos bem de Ministro. Votei no Bolsonaro mas até agora não vi ele fazer porcaria nenhuma pra segurança pública.

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    1. A lei geral da Polícia penal partiu dele PL3408/20 e a penal só sai no gov dele..

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  2. Decepcionado com o Bolsonaro não fez nada de bom pra segurança publica

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  3. Político bom é político cremado pra ter certeza que não volta do inferno! Cancer no cu do Doria vai se juntar com Covas na cova!

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    1. Agora né pé vermei... elegem o calça apertada, agora se arrependeu???

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