Homem foi libertado pelo STF após Folha mostrar caso de condenação com base em delação desmentida.
Rogério Pagnan
Henrique Santana
Artur Rodrigues
3.jul.2021 à 0h12
José Aparecido Alves Filho sai da Penitenciária de Iperó, e se encontra com familiares-Bruno Santos/Folhaspress |
“Será que é verdade? Vou passar do portão primeiro”, relatou à Folha.
José Aparecido estava preso em Iperó, no interior paulista, cumprindo uma condenação de 21 anos baseada em uma delação que depois foi desmentida. Após reportagem da Folha, parte da série Inocentes Presos, o ministro Edson Fachin anulou a condenação e expediu na quinta (1º) alvará de soltura do trabalhador rural.
O homem recebeu a notícia por volta da 11h. “A doutora me disse: 'Zé, seu alvará chegou'. Eu não acreditei, comecei a chorar e não parei mais."
Ele saiu às 15h58. Quando se aproximou do portão principal e viu a mulher, Vanessa, 32, e os filhos Gabriel, 11, e o caçula Fabrício, 9, e começou a chorar.
Diferentemente de outros presos, ele não precisou colocar nada no chão para abraçar os familiares. Estava de mãos vazias. "Deixei tudo. Eu doei porque tem gente que precisa muito mais do que eu. E saio daqui pra nunca mais voltar, se Deus quiser”, disse.
Após 07 anos, o detento José Aparecido Alves Filho, escoltado por agente, sai enfim pela Portaria, para ir de encontro a família e a liberdade |
Vanessa disse que comprou cinco exemplares. As edições servirão para mostrar para pessoas que duvidavam da inocência do marido e também como lembrança de um dos momentos mais felizes da vida.
No fim de semana, a família fará um churrasco para comemorar a saída de José Aparecido. “Vamos ter que fazer uma vaquinha [para comprar a carne]”, afirmou Vanessa.
Nos últimos sete anos, as economias da família se foram. Sem o arrimo de família, eles vinham se sustentando com R$ 257 do Bolsa Família e R$ 200 reais de mesada da mãe de José Aparecido.
A família vive na cidade de Tuiuti, no interior paulista. A chegada de José Aparecido, não mais como condenado, será marcada por fogos de artifício e a presença de toda a família.
Agente confere na Sub-portaria o Alvará de Soltura que confirma liberdade de José Aparecido Alves Filho-Bruno Santos/Folhaspress |
No futuro, porém, quer mudar de ramo. Após trabalhar na enfermaria da prisão, ele resolver que quer ser técnico de enfermagem.
“Ele sempre gostou de cuidar de cavalo, vaca. Agora quer cuidar de gente”, comentou a mulher do trabalhador rural.
Agora, o caso de José Aparecido voltará a antes da etapa de condenação, em primeira instância.
Vídeo do momento da saída da U.P
Em sua decisão, Fachin determinou também que seja feito um novo interrogatório de Evandro Matias Cruz, réu confesso do crime. Ele voltou atrás nas afirmações feitas em delegacia em 2014 e disse que José Aparecido é inocente.
"Não é justo alguém estar pagando por algo que não cometeu. Não tem por que a pessoa estar ali presa sem ter cometido o crime. Quem tem que pagar somos nós que cometemos. Ele está pagando por um crime pelo qual ele não cometeu", disse Evandro à Justiça.
Ele também relatou ter apanhado para incriminar José Aparecido. "Então, senhor, aconteceu o seguinte... Devido ao espancamento, a forma como eles me bateram, tomando choque... Eles me forçaram, mostrando fotos... Forçaram a falar que era o José Aparecido, mas o José Aparecido não teve envolvimento", disse na primeira oportunidade em que se retratou em juízo, ainda em janeiro de 2015.
Após sete anos preso sem provas, trabalhador rural é libertado e se encontra com familiares-Bruno Santos/Folhapress |
ENTENDA O CASO
O crime pelo qual José Aparecido foi condenado ocorreu na noite de 24 de março de 2014, em uma área rural de Bragança Paulista (SP), a 85 km da capital, e teve como vítima o patrão dele, o sitiante José Henrique Vettori, então com 68 anos de idade.
Vettori foi rendido por homens armados quando parou a picape na entrada de seu sítio no município de Tuiuti, vizinho a Bragança. Mesmo sem oferecer resistência, ele foi agredido e morto por um dos ladrões enquanto era levado para outro local.
Os criminosos colocaram o corpo na caçamba da picape, atearam fogo nela e fugiram. O homem apontado como autor do disparo foi Edilson Paulo de Souza, tio de Evandro. Um terceiro criminoso, apelidado de Peixe, ajudou a iniciar o incêndio.
José Aparecido Alves Filho sai da Penitenciária de Iperó, e se encontra com familiares-Bruno Santos/Folhaspress |
Os policiais chegaram até o mecânico após investigarem um Fiat Palio abandonado e batido em uma estrada vicinal por Evandro durante a fuga. Neófito na criminalidade, ele se desesperou ao cruzar com duas viaturas da PM que estavam em sentido contrário e nem perceberam o acidente.
A confissão de Evandro foi registrada em vídeo. A análise das imagens e do documento produzido a partir dele revela como a polícia construiu a tese de que José Aparecido era o terceiro elemento do crime.
Condenado apenas com base em delação desmentida, trabalhador rural segue preso há sete anos em SP |
Em vez disso, quase no final do depoimento, os policiais apresentam a Evandro meia dúzia de fotos. Quando viu uma foto de José Aparecido, Evandro ficou por alguns segundos pensativo.
"Eu não tenho a absoluta certeza. Mas...", começou ele, sendo interrompido por um policial que participava da reunião, que o questionou sobre o motivo da incerteza. "O boné. Está sem boné. E parece que o cabelo está maior", afirmou ele.
Os policiais propuseram buscar uma foto mais recente de José Aparecido porque, conforme consta no processo, eles usavam uma foto em preto e branco quando o trabalhador rural tinha 17 anos, tirada mais de 18 anos antes.
Condenado apenas com base em delação desmentida
O delegado do caso afirmou que um reconhecimento presencial foi feito na mesma noite do interrogatório, quando Evandro confirmou a participação de José Aparecido. No entanto, um dos policiais que serviu de testemunha no procedimento alegou posteriormente que não participou do ato.
O delator, por sua vez, nega que tenha reconhecido José Aparecido. "Só tinha o Zé, só o Zé estava lá. Disse que não reconhecia o Zé, tomei mais dois tapas", relatou Evandro em audiência realizada no fórum de Bragança Paulista em 2015.
Após o interrogatório, Evandro deu três depoimentos negando que José Aparecido tivesse participado do crime. No entanto, o primeiro depoimento e um bilhete citando que corroborava com as primeiras informações serviram para que o trabalhador rural fosse condenado em duas instâncias.
Após as condenações, Evandro disse que o bilhete não anulava os depoimentos em que inocentava José Aparecido e reafirmou a informação.
Fonte: Jornal Folha de São Paulo
Santo erro da justiça, Batman!!!
ResponderExcluirDu fui no sete
ResponderExcluirSaber o que era sete
Todos eram sete
Lig lig sete
Só no fióte do pobre mesmo... onde já se viu?!
ResponderExcluirQue coisa, não?
ResponderExcluirCom a privatização é que vcs não vão msm tirar foto com meu fuzil e nem com minha VTR, e bora pro hot dog do Marquinhos tomar aquela serrana geladinha a melhor de Arandu.
ResponderExcluirEsse tnc de acordo...
ResponderExcluirUfa ate que enfim os meti loco voltaram vagabundos kkkk
ResponderExcluirCalma Ze. Não precisa ficar nervoso. Seu marido já vai voltar na quarta-feira. Controle-se biba!
ExcluirVixi... azedou o "pé do frango".
ExcluirO STF agora soltou um inocente , tempo atrás libertaram um cachaceiro que saqueou o país ....Quem ñ concorda vsi tomar chá matte kk
ResponderExcluirCala a boca imbecil. Vc nem deveria dar opinião. Nem no concurso Vc passou comédia do caralho.
ExcluirCaralho ... que enquadro hein kkkkkkk
ExcluirSenhorrrrrrr, que atropelo kkkkkk
ExcluirEste Concurseiro é chato pra caralho! Por que um imbecil deste não puxa a cordinha??
ExcluirTem provas que ñ passei? Já vc passou para ser babá de preso kkk, comédia .
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