Com SAP acéfala e inerte, detentos passam a agredir policiais penais no CPP de Mongaguá/SP; ‘Virou rotina’

Agentes, que alegam trabalhar sob ameaça constante, tiveram fratura e hematomas pelo corpo.

Por: ATribuna.com.br - 

21/11/21 

CPP "Dr Rubens Aleixo Sendin" de Mongaguá cuja capacidade é de 1640 detentos, mas que conta
no site da SAP, na data de 19/11/21 com população carcerária de 2456 presos

Policiais penais do Centro de Progressão Penitenciária (CPP) de Mongaguá foram agredidos por detentos na última sextafeira (19) após os agentes impedirem a entrada de objetos ilícitos na unidade. Segundo o Sindicato dos Funcionários do Sistema Prisional do Estado de São Paulo (Sifuspesp), os profissionais vivem sob ameaça constante. "Essas agressões viraram rotina", destaca o presidente do sindicato, Fabio Cesar Ferreira.

De acordo com o Sifuspesp, três policiais penais foram agredidos enquanto tentavam impedir alguns dos sentenciados de recolher duas mochilas arremessadas por ninjas para uma área próxima da unidade e um outro servidor foi atacado ao fazer a contagem dos detentos. Seis homens teriam quebrado a janela de um dos pavilhões para ter acesso ao local onde as mochilas foram jogadas, mas tiveram a ação bloqueada pelos agentes, que apreenderam as bolsas.

Porém, os policiais foram surpreendidos com inúmeros ataques, quando um deles chegou a cair no chão e receber golpes na cabeça. Ao tentarem controlar a situação, os diretores de disciplina e de núcleo também foram agredidos com socos e chutes. Um teve o dedo fraturado, enquanto outro ficou com um hematoma no olho.

Descaso da Secretária de Administração Penitenciária coloca em risco a vida dos servidores e dos próprios internos da UP

Nota da SAP

Em nota, a Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) informou que o caso ocorreu por volta das 17h45. Segundo a SAP, quatro reeducandos entraram em luta corporal com os servidores e, após o ocorrido, foram isolados em pavilhão disciplinar. Eles serão transferidos para outra unidade para cumprimento de sanção.

De acordo com a Secretaria, objetos ilícitos estavam em duas mochilas que foram arremessadas por cima do muro do presídio. Dentro delas, os agentes encontraram 11 celulares, 25 carregadores, 22 fones de ouvido, 4 baterias, 14 Chips, 16 cabos USB, 01 cabo P2, 335 gramas de maconha e 15 gramas de cocaína.

A SAP informou que os agentes tiveram ferimentos após a luta corporal, mas passam bem. Um boletim de ocorrência foi registrado no 2º DP de Mongaguá e foi realizado o exame de corpo de delito para comprovar as lesões. A SAP também afirmou que instaurou os procedimentos apuratórios de praxe.

Centro de Progressão Penitenciária localiza-se em Mongaguá, SP - Foto: Reprodução/TV Tribuna

Tensão e risco 

No entanto, o sindicato afirma que a unidade continua sob forte tensão e risco. "São muitos presos e poucos policiais penais. A profissão já é difícil, a segunda profissão mais perigosa do mundo e você sai de casa sabendo que vai apanhar", enfatiza Fabio em entrevista à A Tribuna.

Os quatro policiais penais agredidos foram encaminhados ao atendimento médico e fizeram exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal (IML). Segundo a SAP, um boletim de ocorrência foi registrado na 2º Delegacia Sede Mongaguá e procedimentos apuratórios de praxe foram instaurados pela Secretaria.

Ainda de acordo com o Estado, a unidade opera normalmente dentro dos padrões de segurança e disciplina. Porém, o sindicato afirma que os servidores têm medo de trabalhar por não contarem com respaldo da Secretaria, pois denunciam o baixo número de efetivo e a superlotação do CPP. Além disso, pedem maior segurança externa e escolta, além da permanência do Grupo de Intervenção Rápida (GIR) para realização de blitzes.

"Nosso pessoal é corajoso, eles vão mesmo com pouco efetivo para tentar fazer nosso trabalho que é manter a ordem, a segurança e a disciplina. Mas não temos o respaldo da Secretaria", lamenta Fabio.

Fonte: A Tribuna

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