Policiais penais são suspeitos de receber propina por regalias em unidade de Ponta Porã, em Mato Grosso do Sul.
Artur Rodrigues
6.jan.2022
Material apreendido em operação que apura regalias em prisão de MS - Divulgação |
Denominada La Catedral, a operação ganhou esse nome em referência ao apelido da prisão onde ficou o narcotraficante Pablo Escobar, na Colômbia, conhecida pelas regalias ao criminoso.
Na manhã desta quinta-feira (6), policiais do Dracco (Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado) prenderam cinco policiais penais que atuam no presídio Ricardo Brandão, em Ponta Porã (MS), na fronteira com o Paraguai. A região é conhecida pelo domínio por criminosos do PCC (Primeiro Comando da Capital), que promoveram uma onda de violência neste ano.
Cela 'especial' até com móveis planejados — Foto: Dracco/Polícia Civil |
Policiais disseram à Folha que os criminosos realizavam festas e reformavam as celas, com colocação de armários, prateleiras e até forro no teto. Os policiais penais são suspeitos de receber propina para permitir as regalias.
Entre as práticas investigadas estão a cobrança de propinas para troca de celas e remissão de pena, entrada de bebidas alcoólicas e carne in natura, venda de drogas, celulares, uso de serviços particulares pelos presos, além das alterações nas celas e entrada de comida diferenciada sem passar pela revista.
Dinheiro apreendido — Foto: Dracco/Divulgação |
De acordo com investigação do Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado (Dracco), os policiais penais teriam:
*facilitado a fuga de dois presos, pela porta da frente da unidade, no dia 2 de julho de 2021;
*vendido bebidas alcoólicas, de uísque à pinga;
*cobrado para deixar detentos em celas especiais com móveis planejados, forro, banheiro com chuveiro elétrico e piso;
*permitido a entrada de celulares, com propina de R$ 700 a R$ 1,3 mil, dependendo do modelo e se era 'completo': com fone e carregador;
*cobrado propina para manter preso no trabalho e, quando ele não tinha mais em espécie, tirado a aliança dele de casamento;
*consertado carros particulares na oficina do presídio;
*permitido entrada de drogas.
Estoque de bebidas era farto e tinha até whisky 12 anos - Imagem: Dracco/Divulgação |
Em outubro, uma onda de violência na fronteira do Brasil com o Paraguai impôs uma rotina de medo e fez com que autoridades dos dois países se mexessem para tentar combater a ação do narcotráfico na região.
O alerta cresceu na última semana quando uma chacina deixou quatro pessoas mortas em Pedro Juan Caballero, cidade paraguaia na fronteira, incluindo duas estudantes de medicina brasileiras. No outro lado da fronteira, um vereador de Ponta Porã (MS) foi morto quando andava de bicicleta.
Fonte: Folha de São Paulo
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