Fala de candidato de Bolsonaro provoca desgaste na segurança e motiva nota pública de pasta da gestão Rodrigo Garcia.
Rogério Pagnan/Bruno B. Soraggi
4.abr.2022
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O ex-ministro da Infraestrutura Tarcísio de Freitas em evento no aeroporto de Congonhas Jardiel Carvalho - 25 mar.22/Folhapress |
Em entrevista ao canal do Youtube Money Reports, na última sexta-feira (1º), Tarcísio disse, entre outros temas, que a segurança pública paulista havia ruído e que um dos motivos para isso seria um suposto pacto com o crime organizado.
"São Paulo tem uma coisa interessante que o paulista não percebe: a associação com o crime organizado. São Paulo fez um pacto com o crime organizado, de não combatê-lo. E por que se optou por não combater o crime organizado? Porque combater o crime organizado dá efeito colateral", disse o pré-candidato.
Esses efeitos colaterais, segundo ele, seriam a reação dos criminosos com a morte de policiais, queima de ônibus, assalto a bancos e aumento da insegurança.
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Lincoln Gakiya, promotor do Gaeco de São Paulo teve sua morte encomendada por integrantes do PCC após apresentar pedido de transferência de líderes do grupo para presídios federais |
Tarcísio se tornou alvo de dois pedidos de investigação por parte de parlamentares por causa das declarações. Um dos autores é o deputado estadual Delegado Olim, filiado ao PP —partido que, na esfera federal, apoia a reeleição de Jair Bolsonaro (PL), mas que em São Paulo pode se juntar a Rodrigo Garcia (PSDB).
O deputado federal Alexandre Frota (PSDB) é o outro parlamentar que apresentou ao Ministério Público de São Paulo representação contra Tarcísio.
"A gente precisa entender se essa é mais uma falácia dele, mais uma fake news, porque ele precisa provar o que ele falou", afirmou o parlamentar à Folha.
Questionado pela Folha, Tarcísio não apresentou detalhes do suposto acordo nem comentou se teria provas —e quais seriam elas.
Segundo a assessoria de Tarcísio, ele "afirmou que o combate ao crime organizado não é uma prioridade do atual Governo de São Paulo". "A presença da maior facção do estado é um fato que está diariamente no noticiário e que é sentido cotidianamente pelas famílias, principalmente as mais pobres", disse.
As palavras do pré-candidato do Republicanos irritaram integrantes das cúpulas das polícias paulistas.
Na PM, as críticas foram chamadas internamente de "no mínimo infelizes" —e houve menções ao fato de Tarcísio ser carioca, e não paulista. O incômodo na Polícia Civil levou integrantes a citar as ações para indiciar e bloquear os bens de toda a família de Marco Camacho, conhecido como Marcola e considerado principal chefe da facção criminosa PCC.
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Integrantes do PCC cuja tranferência foi pedida pelo Promotor do Gaeco Lincoln Gakiya |
"As ilações do ex-ministro, além de descabidas e irresponsáveis, revelam o absoluto desconhecimento do tema segurança pública, em especial no que se refere ao estado de São Paulo. Só nos últimos dois anos, mais de R$ 1,2 bilhão em ativos ligados às facções foram recuperados pelas forças de segurança estaduais", diz trecho da nota, que elenca uma série de ações.
Membros do Ministério Público citaram que Lincoln Gakiya, um dos promotores de São Paulo responsáveis pelo combate ao crime organizado, teve sua morte encomendada por integrantes do PCC após apresentar pedido de transferência de líderes do grupo para presídios federais.
Isso acabou ocorrendo em fevereiro de 2021, em uma das primeiras ações do governo João Doria (PSDB). Marcola e outros 21 criminosos ligados à facção foram transferidos ao sistema federal.
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Integrantes do PCC cuja transferência foi pedida pelo Promotor do Gaeco Lincoln Gakiya |
A mudança de Marcola de unidade ocorreu após Doria assumir. A gestão anterior, de Márcio França (PSB), temia que a transferência pudesse gerar problemas no final do governo. Em novembro de 2018, ele disse ser necessário ter "cautela" para transferir os presos em razão de possibilidade de "reações".
"Nós sabemos que existem pessoas criminosas que também têm a tentativa de produzir reações, confusões. Então, temos que tomar cautela, não é uma coisa simples", afirmou.
Procurado, o Ministério Público afirmou que recebeu as representações do deputado federal Alexandre Frota e do deputado estadual Delegado Olim e que "ambas estão sob análise".
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Integrantes do PCC cuja tranferência foi pedida pelo Promotor do Gaeco Lincoln Gakiya |
O ex-ministro Tarcísio de Freitas é o pré-candidato ao Governo de SP apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro.
Ele é carioca, nascido na cidade do Rio de Janeiro, engenheiro formado pela Academia Militar das Agulhas Negras (Aman) e fez carreira como servidor da Câmara dos Deputados até ser transferido para a CGU (Controladoria-Geral da União), tinha até meados deste ano como domicílio eleitoral o estado de Goiás, e que selecionou como domicílio eleitoral a cidade de São José dos Campos, município este onde vive a família de sua cunhada.
Tarcísio foi diretor-executivo do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte) logo após a faxina contra esquemas de corrupção no órgão deflagrada pela ex-presidente Dilma Rousseff (PT).
No órgão, ele deu os primeiros passos mais concretos de sua jornada na infraestrutura até chegar ao PPI (Programa de Parceria de Investimentos), primeira medida do ex-presidente Michel Temer, em 2016.
Tornou-se ministro no momento em que teve a chance de entrar no gabinete de Bolsonaro ainda no governo de transição, para defender a manutenção do PPI.
Ele é vendido por seu grupo político como um entregador de obras e concessões. Levantamento feito pela Folha mostrou que os investimentos da pasta caíram em relação a gestões anteriores.
Sobre as PPPs no Sistema Prisional
Corroborando a fala do candidato ao governo de SP, fala o Ministro da Justiça
Fonte: Folha de São Paulo
Se tratando de uma matéria da Folha de São Paulo, não dá para esperar imparcialidade mesmo.
ResponderExcluirSegue o jogo.
Na verdade ele não está errado, sabemos que o picolé de chuchu fez o pacto.
ResponderExcluirNão falou nada que nós já não sabemos!
ResponderExcluirPara nós, funcionários públicos, definitivamente ele é a pior opção, não podemos votar em quem vai nos prejudicar ainda mais. Agora, quanto ao que ele disse...
ResponderExcluirVejam quem ficaram incomodados: Olim, Frota e Garcia.
Quem não deve, não teme. E quem está no dia a dia das prisões há alguns anos é que sabe a verdade, não é mesmo?
Se é favorável em fazer PPP, não terá o meu voto.
ResponderExcluirNenhuma novidade...
ResponderExcluirNenhuma novidade... segue a vida
ResponderExcluirE sobre o bônus que já e lei ninguém vai falar mais nada.
ResponderExcluirSe é favorável a privatização com certeza terá o meu voto, vou até comemorar no hot dog do Marquinhos tomar aquela serrana geladinha a melhor de Arandu e região.
ResponderExcluirLeandro me diz aí se o bônus ja é lei por que ainda não está sendo pago o que está acontecendo vai virar pizza também.
ResponderExcluirPode até ser Lei, mas enquanto o governo do estado não regulamentar ele não será pago. Infelizmente. falta vontade política. Assim como com a Polícia Penal, ela existe e é real, mas em São Paulo, nem me viu.
Excluir"irrita policiais", que, ainda assim, votarão nele
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