20 maio 2022

Operação prende policiais penais e militares aliados da maior milícia do RJ; delegada é investigada

Investigadores afirmam que os procurados forneciam informações sigilosas sobre operações específicas e até escoltavam, com viaturas oficiais, foragidos da Justiça.

Por Felipe Freire, Leslie Leitão e Lívia Torres, Bom Dia Rio

20/05/2022

Dinheiro e armas apreendidas na casa de um policial penal - Foto: Reprodução/TV Globo
A Polícia Civil do RJ, a Corregedoria da PM e o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) prenderam nesta sexta-feira (20) oito pessoas na Operação Heron, contra agentes públicos aliados da maior milícia em atividade no estado. Entre os alvos, estão três policiais militares, seis policiais penais e uma delegada.

Na casa de um dos policiais penais, a força-tarefa apreendeu dinheiro e armas.

De acordo com a investigação, os criminosos recebiam informações sigilosas sobre investigações em andamento e qual era o posicionamento de viaturas durante operações. Em troca, os agentes recebiam dinheiro e presentes, como uniformes, peças táticas e armas de fogo.

Investigadores afirmam que os procurados forneciam informações sigilosas sobre operações específicas contra grupos rivais, facilitavam a movimentação dos “bondes” — comboios para atividades criminosas — e até escoltavam, com viaturas oficiais, foragidos da Justiça.

Policiais da Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (Draco) e agentes do MPRJ saíram para cumprir, no total, 10 mandados de prisão e 11 de busca e apreensão.

Policiais penais recebiam presentes, como blusas, do miliciano Garça e precisavam enviar fotos usando Foto: Reprodução

Os alvos

Alcimar Badaró Jacques, o Badá, policial penal, preso;

Ana Lúcia da Costa Barros, delegada (busca e apreensão);

André Guedes Benício Batalha, o Gue, policial penal, preso;

Carlos Eduardo Feitosa de Souza, o Feitosa ou Feio, policial penal, preso;

Edson da Silva Souza, o Amigo S, policial penal, preso;

Ismael de Farias Santos, policial penal, preso;

Leonardo Corrêa de Oliveira, o Sargento Oliveira, PM;

Luiz Bastos de Olive Ira Junior, o Pqdzinho;

Matheus Henrique Dias de França, o Franc, PM, preso;

Pedro Augusto Nunes Barbosa, o Nun, PM, preso;

Wesley José dos Santos, o Seap, policial penal, preso.

A polícia investiga ainda se a delegada Ana Lúcia da Costa Barros, mulher de Gue, acessou o próprio banco de dados para ajudar a quadrilha. Ela foi alvo de busca e apreensão.

Um dos presos na Operação Heron chega à Cidade da Polícia — Foto: Lívia Torres/TV Globo

Tropa do Zinho

De acordo com a especializada, os servidores tinham contato direto com homens de Luis Antônio da Silva Braga, o Zinho, irmão e um dos sucessores de Wellington da Silva Braga, o Ecko, morto pela polícia em junho do ano passado.

Zinho é foragido da Justiça e hoje explora toda a Zona Oeste do Rio.

A investigação começou com apreensão de um telefone celular, realizada durante uma ação em 27 de abril de 2021, na casa de Francisco Anderson da Silva Costa, o Garça.

Luiz Antônio da Silva Braga, o Zinho, é empresário e irmão de Ecko, líder da milícia - Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal
Garça era um dos principais homens de confiança de Ecko e, segundo a polícia, era responsável pela gestão dos valores da quadrilha — tanto os provenientes das extorsões e taxas, quanto o pagamento de propina a agentes de segurança.

Na ação de um ano atrás, o miliciano conseguiu fugir, mas deixou o aparelho — com o qual a polícia obteve detalhes do grupo paramilitar.

Francisco Anderson da Silva Costa, o Garça: miliciano tinha apoio de policiais
A apuração também aponta que os agentes ajudavam os milicianos a se infiltrar em grupos de WhatsApp da polícia. Uma vez nesses canais, os criminosos conseguiam se antecipar a ações policiais e atrapalhá-las. De acordo com a Polícia Militar, os membros da corporação envolvidos serão submetidos a processo disciplinar e expulsão.

Segundo o delegado Thiago Neves, as investigações começaram em abril do ano passado, depois da apreensão do celular de Francisco Anderson da Silva Costa, conhecido como Garça e um dos chefes do bando.

Morte de Ecko agravou disputa entre milicianos; polícia investiga mortes - Foto: Reprodução/TV Globo
"A gente começou o trabalho em abril após a tentativa de prisão do Garça, que era uma das maiores lideranças de Santa Cruz. Mas na ação foram apreendidos cinco telefones. Após a quebra do sigilo telemático, começamos a investigação, que apontou o envolvimento de agentes públicos", diz Neves, que é delegado titular da Draco (Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas).

Setores de inteligência acreditam que Garça tenha sido morto a mando de Ecko, em virtude de uma divergência na quadrilha. Ele tinha um mandado de prisão nesta sexta.

A ação conta com o apoio do Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado (Gaeco/MPRJ), da Delegacia de Defesa dos Serviços Delegados, da Corregedoria Interna da Polícia Militar e da Contrainteligência da polícia.

Vídeo Jornalístico

Fonte: G1/Folha de São Paulo/SBT

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