16 setembro 2022

Delegado, advogados e policiais penais são alvos da PF no Amapá por 'esquemas ilícitos' na gestão penitenciária

Dois homens procurados foram mortos na operação deflagrada nesta quarta-feira (14).

Por g1 AP — Macapá

16/09/2022 

Fachada do Instituto de Administração Penitenciária (Iapen), do Amapá
A Polícia Federal (PF) cumpriu 8 prisões preventivas na manhã desta quarta-feira (14) numa operação contra investigados por "esquemas de ilícitos" dentro e fora do Instituto de Administração Penitenciária (Iapen) do Amapá . 

Entre os alvos está o delegado Sidney Leite, licenciado da Polícia Civil para concorrer como deputado estadual nas eleições deste ano. Dois homens foram mortos durante cumprimento de um mandado de busca e apreensão.

Leite atuava na Delegacia de Tóxicos e Entorpecentes (DTE) antes de se licenciar. Também foram alvos da PF advogados, dois policiais penais e detentos. A operação "Queda da Bastilha" conta com apoio de outros órgãos da segurança pública.

Operação da PF contra ilícitos no Iapen do Amapá - 14/09/2022 - Operação Queda da Bastilha - Foto: Jorge Júnior/Rede Amazônica
Os homens, identificados como Luan de Lima Teixeira e Clenildo Silva dos Santos, morreram num confronto com militares nesta manhã, na Baixada Pará, na Zona Leste de Macapá. A polícia detalhou que havia um terceiro homem que reagiu à abordagem, mas que ele conseguiu fugir da equipe. Só um deles, Luan, era alvo da operação. O outro era "conhecido das equipes policiais por comandar o tráfico naquela área".

Os policiais saíram às ruas para darem cumprimento a 8 mandados de prisão preventiva e um de prisão domiciliar, contra servidores públicos, advogados e presos do regime fechado. Também foi cumprido bloqueio de valores depositados em contas bancárias e aplicações financeiras de 21 investigados.

O grupo preso foi conduzido à sede da PF, na Zona Norte de Macapá. O órgão não divulgou as identidades dos investigados, mas a Rede Amazônica confirmou quem eram alguns dos envolvidos.

O g1 tenta contato com a defesa do delegado e demais detidos identificados.

Preso na quarta-feira, Sidney Leite era delegado titular da Delegacia de Tóxicos e Entorpecentes - Foto: Polícia Civil/Reprodução
O advogado criminalista Hugo Silva divulgou um vídeo nas redes sociais em que descreve que policiais cumpriram mandados de busca e apreensão na residência dele e em dois escritórios nesta manhã.

"Estou sem celular, pois prontamente entreguei para a polícia, ciente que não há nada de ilícito. Os nossos escritórios estão funcionando normalmente e nada foi encontrado de ilícito", escreveu.

A Polícia Civil informou que a Corregedoria do órgão acompanha a operação e que "se manifestará após reunião institucional com o Ministério Público e com a Polícia Federal".

A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) do Amapá informou, até 10h30, que ainda estava "tomando informações sobre a operação" e poderia se manifestar posteriormente sobre as acusações contra os advogados.

Um dos investigados morreu durante cumprimento de busca e apreensão na Operação
 'Queda da Bastilha' - Foto: Jorge Júnior/Rede Amazônica

Investigação

A PF descreveu que a operação desta quarta-feira teve como foco reprimir organização criminosa estruturada, com atuação dentro e fora do Iapen, responsável por crimes como tráfico de drogas, associação para o tráfico, falsidade ideológica, prevaricação, corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro.

Além das prisões preventivas e domiciliar, os policiais precisaram cumprir 22 mandados de busca e apreensão, em residências de investigados, escritórios de advocacia e dentro do próprio Iapen, sendo 4 em celas de internos e dois em salas de servidores do presídio.

Desdobramento

A investigação chegou aos supostos esquemas a partir da prisão de uma nutricionista em fevereiro. Na época, ela foi flagrada por câmeras de segurança facilitando a entrada de drogas, armas e munições, além de celulares no presídio. Ela era funcionária de uma empresa terceirizada que fornecia alimentação aos presos.

A PF citou que após a prisão foram identificados no presídio diversos tipos de fraudes e crimes com envolvimento do grupo que a nutricionista integrava: fornecimento de alimentação diferenciada para alguns internos mediante remuneração; entrada de celulares e drogas; fornecimento de atestado médico falso para concessão de prisão domiciliar ilegal; e irregularidades no uso de tornozeleira eletrônica.

"As fraudes ocorriam com a participação de servidores da segurança pública, advogados, presos e policiais penais do Iapen", diz a polícia.

Gerente de cozinha e detento foram presos em fevereiro por entrada de 11 quilos
de drogas, arma e 48 celulares - Foto: Polícia Penal/Divulgação

Esquemas

Na nota descrevendo a operação, a PF elencou os 4 supostos esquemas:

Alimentação especial e entrada de drogas/armas/munições no presídio: tinha ligação com internos que trabalhavam na cozinha do Iapen, que vendiam nas celas a “marmita da liberdade”. O transporte era proibido. A polícia acredita que alguns produtos eram levados por advogados e havia facilitação por parte dos policiais penais.

Entrada de celulares no Iapen: aparelhos eram escondidos por servidores numa "bomba d'água" do presídio, onde alguns presos tinham acesso. Os que não acessavam a área, poderiam alugar telefones pagando R$ 100 por dia.

Revolver calibre 38 também fazia parte da encomenda enviada ao Iapen
Atestados falsificados: a intenção era conseguir a prisão domiciliar de detentos do regime fechado, que eram falsamente comprovados com doenças graves, inclusive da área psiquiátrica. Para isso eram apresentados documentos falsos e descrição de que no presídio não tinham tratamento médico adequado. A polícia acredita que havia pagamento de propinas a policiais penais (com uso de "laranjas") com intermediações feitas por advogados. Os pagamentos variavam dependendo das condições financeiras do preso, a pena, e o "poder" dele no presídio. Em um dos casos houve pagamento de R$ 150 mil, segundo a PF.

Tornozeleiras eletrônicas: o esquema era pagamento de R$ 2 mil para que detentos em regime domiciliar ou em liberdade provisória fossem liberados sem o equipamento de monitoramento.

A operação é resultado de um trabalho conjunto da PF com o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco/AP) do Ministério Público Estadual, e ainda com apoio da Força Tarefa de Segurança Pública (FTSP) e equipes do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), Força Tática, 6º Batalhão da Polícia Militar e Polícia Rodoviária Federal (PRF).

Rafael Mendonça Góes morreu dentro do Iapen horas após ser preso na operação 'Queda da Bastilha" - Foto: Reprodução/Internet

Testemunhas são mortas

Um dos detentos alvos da operação “Queda da Bastilha” da Polícia Federal (PF) no Amapá deflagrada na quarta-feira (14), Rafael Mendonça Góes foi achado morto dentro do cadeião do Instituto de Administração Penitenciária (Iapen) à tarde. Ele era investigado de participar de vários esquemas ilícitos que funcionavam dentro e fora do presídio.

Os policiais saíram às ruas para cumprirem 8 mandados de prisão preventiva e um de prisão domiciliar, contra servidores públicos, advogados e presos do regime fechado. Rafael, que já estava detido, teve cumprido um mandado de prisão preventiva contra ele na manhã da quarta-feira\(14).

Porém a informação foi confirmada pela Politec à Rede Amazônica. Rafael Mendonça Góes morreu dentro do Iapen horas após ser preso na operação 'Queda da Bastilha".

Lucivaldo Costa, diretor do Iapen — Foto: Daian Andrade/CBN Macapá
O diretor do Iapen, Lucivaldo Costa, explicou como a administração penitenciária tomou conhecimento sobre a morte do detento.

"O banho de sol deles foi à tarde e enquanto as celas estavam abertas foi que os presos chamaram e saíram com esse preso em cima de um carrinho pra fora alegando que ele estaria passando mal. Ele estaria soltando espuma pelo nariz e foi verificado ainda no caminho para a enfermaria que ele já estaria em óbito", disse o diretor.

O que chama a atenção é que a morte ocorreu por volta de três horas da tarde, segundo o Iapen, minutos antes de uma audiência em que o detento iria ser ouvido sobre a operação.

Rafael estava preso no Pavilhão F1, onde ficam presos condenados, e era investigado por participar de vários esquemas ilícitos que funcionavam dentro e fora do presídio. Ele cumpria pena de 20 anos e seis meses pelos crimes de homicídio e cárcere privado.

Luiz Orlando Ferreira Pinto morreu nesta quinta-feira (15) em Vitória do Jari, no interior do Amapá - Foto: Reprodução

Líder de facção, e 2º envolvido é morto

Luiz Orlando Ferreira Pinto, apontado pela polícia como um dos líderes de uma facção criminosa, morreu após trocar tiros com a polícia em Vitória do Jari, no Sul do Amapá, nesta quinta-feira (15). Segundo a polícia, ele foi morto ao reagir a abordagem durante uma operação contra tráfico de drogas no município.

Luiz Orlando já havia cumprido pena por tráfico de drogas e atualmente era investigado pelo Ministério Público e pela Polícia Civil como integrante de um esquema de tráfico com comando dentro da penitenciária do Amapá.

Segundo a polícia, durante abordagem, o homem reagiu e disparou 3 vezes contra a equipe, que revidou. Foi acionada a emergência para atender Luiz Orlando, mas ele não resistiu e morreu ainda no local.

A Polícia Científica (Politec) fez a remoção do corpo. Com o investigado foram apreendidos dinheiro, celular, uma arma e munições.

A ação em Vitória do Jari fez parte da operação Horus que é coordenada pela Diretoria de Operações (DOP) da Polícia Militar e com reforço da delegacia do município.

Delegado Wellington Ferraz acredita em homicídio - Foto: Fernando Carneiro/Rede Amazônica

'Deram ordem para matar ele', diz delegado 

Politec concluiu que Rafael Mendonça Góes, morto na quarta-feira (14) por esganadura. Investigação busca identificar os autores do caso que é tratado como homicídio.

O delegado Wellington Ferraz, responsável pela investigação, acredita que algo desagradou o crime organizado que, segundo ele, domina o Iapen.

“Ao que tudo indica, o Rafael tenha falado algo a mais. Pode ter apontado a forma como se trabalhava lá dentro [Iapen], ou tenha dado detalhes da organização criminosa, que desagradou os detentos e deram, sim, a ordem para matar ele”, destacou o delegado.

Ferraz explicou que dois fatos chamaram a atenção da equipe, logo após a saída dos policiais federais do presídio que estavam dando cumprimento aos mandados da operação.

“Logo após essa operação da PF, os presos foram liberados pros seus respectivos pavilhões e Rafael, somente ele, foi chamado pela administração [do Iapen] para conversar. O que a gente não sabe ainda é sobre o quê. Após essa conversa ele foi liberado pra retorno ao pavilhão”, citou,

O delegado disse que o segundo acontecimento que não passou despercebido foi que, momentos depois da saída da PF do Iapen, uma advogada esteve no parlatório e chamou 3 detentos para conversar. Investigações apontam que os três são lideranças criminosas.

Delegado e Equipe responsaveis pela Delegacia de Homicídios esteve na U.P., para realizar investigações
“Conversaram por cerca de meia hora e retornaram para os pavilhões. Dois deles foram para a enfermaria, onde estão restritos dos demais detentos. E outro foi para o pavilhão F1, onde também estava o Rafael. Por coincidência, 20 minutos depois do retorno dele para o pavilhão e da conversa com a advogada, veio a notícia do óbito desse rapaz”, pontuou.

Devido a todas essas informações, a Decipe segue a linha de investigação de um homicídio que foi encomendado.

“Tentaram criar uma roupagem que o Rafael tinha passado mal. Dois detentos levaram ele até a enfermaria com o argumento que ele estaria passando mal, espumando pela boca. Fomos até o local, acompanhamos toda a perícia. E o laudo necroscópico atestou a esganadura. Ele foi vítima de homicídio”, ressaltou o delegado.

Outra questão levantada pelo delegado são as características do crime, que demonstram muita raiva em relação a vítima.

“Estamos cientes dessas informações e vamos trabalhar para fechar este caso, para identificar quem foram e de que forma essas lideranças mataram esse rapaz”, afirmou.

Fonte: G1

17 comentários:

  1. Os imbróglios elencados na matéria acima epigrafada revelam verdadeira hidra imiscuida no sistema penal amapaense. Torço para que as autoridades competentes estirpem mui rapidamente aqueles que foram alcançados pelas vergônteas neoplásicas da corrupção abominável, retornando a unidade citada ao status quo de total assepsia funcional.
    Passar bem.

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  2. Venho através desse informar que todos os guardas da ADM são bunda mole. Boa noite

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    1. Data máxima vênia, combativamente refutarei vossa afirmação genérica e descabida. Insta salientar que o espécime mamífero humano que ocupa o nobre cargo de Diretor Geral na UP que laboro possui glúteos avantajados e desprovidos de flacidez.
      Passar bem.

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    2. Unica coisa que vc sabe fazer é Dejep, na ADM tem computadores é muito para sua cabeça de massa de pão de SAL ou quer dizer como vcs falam marroco.

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  3. Todo asp da ADM tem medo de ladrão. Pronto falei

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    1. Insofismavelmente, não é o que ocorre. Há que se ponderar que excepcionalmente, em última ratio, alguns servidores da polícia penal administrativa sofrem descargas de adrenalina na corrente sanguínea ao se depararem com sentenciados e transpiram excessivamente, com os artelhos tremelicando. Todavia, a grande maioria exerce funções administrativas exclusivamente pela digna vocação de guardarem proximidade com a bolsa escrotal do Diretor Geral, preferencialmente rugosa e com múltiplos folículos capilares no intuito de produzir cócegas no maxilar.
      Passar bem.

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    2. Insofismavelmente é a sua mae

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    3. Das 12:03, limite-se ao mundo paralelo repleto de paquidermes acéfalos que compõem sua sociedade retrógrada e insignificante, seu prolapso de cloaca podre.

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  4. Que delegado lindo. Deveriam mudar o nome do cargo para delegato. Aff, me abana. Ele é tudoooo. Tudo de bom.
    Ass: Concurseiro

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    1. Vc não esquece o concurseiro hem?

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    2. Asps não podem usar armas ,só apitos .Que polícia é essa? Kkķkk

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    3. O Nóia saiu do armário kkkkkkkkkk

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    4. Cala a boca homossexual. Vc tem tara por policiais!

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    5. Concurseiro é o manja rola do blog e que tem uns tara especial pelo Fábio Jabá. Vai votar nele, Concurseiro?

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    6. Vcs estão exigindo muito do Concurseiro. Como ele vai ter respeito pelos seus colegas de farda se nem o próprio ânus ele respeita?

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    7. Caralho que enquadro no homossexual hein

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