Segundo a Polícia Militar, por volta das 10h deste domingo, dois homens passaram atirando de dentro de um carro na Rua José Rodrigues da Costa, no bairro Ponte Grande.
Por g1 Mogi das Cruzes e Suzano
05/03/2023 13h04
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"Pedrinho Matador que puxou 42 anos de prisão consecutivos e que foi o maior serial killer do Brasil - Montagem: Leandro Leandro |
Segundo a Polícia Militar, por volta das 10h deste domingo, dois homens passaram atirando de dentro de um carro na Rua José Rodrigues da Costa, no bairro Ponte Grande. Segundo a Polícia Militar, ele foi baleado por volta das 10h deste domingo em frente à casa de uma irmã. Pedrinho Matador ainda foi atendido pelo Samu, mas morreu no local.
Pedro Rodrigues Filho morava em Itanhaém, no litoral paulista, mas tinha familiares em Mogi das Cruzes.
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Carro em que suspeitos de atirarem em Pedrinho Matador foi abandonado durante fuga - Foto: José Antonio de Assis/TV Diário |
Ainda de acordo com a PM, o corpo da vítima ainda está no local. Policiais militares também estão no local onde o carro utilizado no crime foi abandonado. Até o momento, ninguém foi preso.
Após deixar a prisão, ele passou a atuar como youtuber, principalmente comentando crimes de grande repercussão e mostrando sua nova rotina. Somente no Kwai, uma plataforma de vídeos curtos, o seu perfil (Pedrinho Ex-matador) tem 236 mil seguidores.
Em entrevista à Folha sete meses após deixar a prisão, Pedrinho alertou os mais novos sobre os riscos da vida bandida. "O crime não é brincadeira. Muitos estão entrando por verem os galhos [fama e dinheiro], não a raiz [prisão e morte]. É como o diabo: dá com uma mão e tira com a outra. Tem muitos jovens que entram e, quando querem sair, já é tarde demais", disse.
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Pedrinho Matador durante ensaio fotográfico para reportagem sobre seu sucesso no YouTube - Robson Ventura - 08.dez.2018/Folhapress |
Embora a maioria dos seguidores apoiasse os conselhos do serial killer, muitos o criticavam. Pedrinho, porém, desdenhava."Eu dou risada. Esses caras são todos burros para caramba, não param para pensar no que falam. Por onde passei, eles não passam nem que a vaca tussa. Em vez de chegar na gente e conversar, saber quem é a pessoa, ficam falando abobrinhas", afirmou na ocasião.
O matador dizia se sentir envergonhado quando era reconhecido nas ruas. "Até corro, me escondo. A pessoa chega e diz ‘eu te conheço de algum lugar’. Falo ‘eu não, você está enganado’. Mas alguns são cara dura e chegam, daí tiram foto", afirmou. O assédio, entretanto, não o incomodava por completo. "Eu me sinto feliz porque as pessoas vão aprender um pouco sobre o que elas não sabem."
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"Pedrinho Matador" foi morto a tiros na manhã deste domingo, 05/03, em Mogi das Cruzes - Imagem:Basílio Magno/TV Diário |
Histórico de crimes
A primeira vítima de Pedrinho Matador foi o prefeito de Santa Rita do Sapucaí, sua cidade natal, localizada no Sul de Minas Gerais, após seu pai ser demitido da prefeitura, segundo ele, “sem direito a nada”.
O assassino de sua mulher foi o segundo homicídio praticado por Pedrinho: “Estou fazendo um bem para a sociedade, limpando o mundo de covardes”, disse ele, que é a favor da pena de morte.
Ele diz ter cometido mais de cem assassinatos, metade deles na prisão. A frase "mato por prazer" está tatuada no braço.
— Matei muitas pessoas que não valiam nada. Eu, pra ser sincero, não tenho remorso nenhum — confessa.
Segundo ele, as vítimas eram "pessoas que não prestavam", referindo-se aos estupradores, e "traíras", como colegas de cela e o pai, que teria matado a mãe.
Em 1996, em entrevista exclusiva exibida no Fantástico, três anos antes de ser libertado e confessar que iria continuar a matar quando saísse da prisão, Pedrinho disse que matava por prazer e vingança.
Notoriedade
No fim dos anos 90, ele ganhou as páginas dos jornais ao declarar que mataria o motoboy Francisco de Assis Pereira, o Maníaco do Parque, preso por estuprar e assassinar onze mulheres no Parque do Estado, em São Paulo. Mas não cumpriu a promessa. Os dois cumpriram pena na Casa de Custódia e Tratamento de Taubaté, conhecida por receber presos de alta periculosidade, no interior paulista.
Pedrinho Matador: O serial killer que matou 'mais de cem' e passou 42 anos na cadeia. Última matéria do Globo de 17/06/21
Pedro Rodrigues Filho tinha status de pessoa famosa na Penitenciária do Estado, em São Paulo. Condenado pelo assassinato de dezenas de pessoas, entre elas, o seu póprio pai, ele andava pelas galerias de celas ostentando o corpo coberto de tatuagens ("Mato por prazer", dizia uma delas). Não por menos, era chamado de Pedrinho Matador pelos detentos que o reverenciavam como maior homicida do sistema prisional, onde ele entrou em maio de 1973, quando tinha 19 anos, e só saiu em 2007. Em 2011, foi preso de novo, para ser libertado de vez em 2018.
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O mineiro Pedro Rodrigues Filho, conhecido como Pedrinho Matador, foi preso nesta quinta-feira, 10/09/2011 em Camboriú, no Litoral Norte de Santa Catarina |
Pedrinho, que em seu perfil no Instagram se identifica, agora, como "ex-matador", garante que deixou a carreira no crime para trás. No passado, ele tinha o hábito de esfaquear suas vítimas. De acordo com uma reportagem da revista "Época" publicada em 2003, boa parte de seus crimes foram cometidos depois da prisão. Ao longo de uma vida na cadeia, matou detentos no refeitório da penitenciária, na cela, no pátio e até dentro de um camburão da polícia. Confessou, diante de um juiz, ter eliminado um interno só porque 'não ia com a cara dele'. Também matou um colega de cela alegando que o indivíduo "roncava demais".
Rodrigues Filho nasceu em 29 de outubro de 1954, numa fazenda em Santa Rita do Sapucaí, no sul de Minas Gerais, com o crânio ferido, resultado de chutes que o pai desferira na barriga da mãe durante uma briga. Em entrevista à "Época" (leia abaixo), Pedrinho contou que sentiu vontade de matar pela primeira vez aos 13 anos de idade. Numa briga com um primo mais velho, empurrou o rapaz sobre uma prensa de moer cana-de-açúcar. O parente não morreu por pouco.
O assassino nunca foi à escola. Cometeu seu primeiro homicídio aos 14 anos, quando o pai foi demitido do cargo de vigia de um colégio municipal, acusado de roubar merenda. Pedrinho matou a tiros o vice-prefeito da cidade, que havia ordenado a demissão, e, depois, tirou a vida de outro vigia, que ele supunha ser o verdadeiro ladrão. Fugiu para Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo, onde moravam seus padrinhos.
Conheceu a viúva de um líder do tráfico, apelidada de Botinha, e foi viver com ela. Assumiu as tarefas do falecido e decidiu eliminar rivais, matando três ex-comparsas. Morou lá até que Botinha foi executada pela polícia. Pedrinho escapou, mas continuou no tráfico. Arregimentou soldados e montou o próprio "negócio".
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O serial killer Pedrinho Matador na prisão, em 1991: 'Mato por prazer' | Reprodução |
Entrevista para o Fantástico em 1996
O criminoso se gabava de ter matado muito mais do que dizem os registros oficiais. À revista "Época", ele disse foram mais de cem homicídios. Contou, mostrando orgulho, de quando assassinou o pai, depois que o progenitor matara a sua mãe, desconfiado de uma traição. Segundo esta versão macabra do próprio Pedrinho, ele rasgou o peito do pai a facadas e comeu um pedaço de seu coração. Contudo, em depoimento a um psiquiatra, ele havia dito que o pai fora morto por familiares de uma amante. Assim como este, vários relatos do serial killer têm contradições.
Diferentes reportagens dão conta de que Pedrinho foi condenado a 400 anos de cadeia por 71 homicídios. Segundo o texto da revista "Época" que embasa este post, só havia registros de 18 processos contra o serial killer. Ao ser confrontado com esse número, o próprio assassino se mostrou surpreso ("Só isso?", ele disse). De acordo com um pesquisador ouvido pela publicação, os anos 70 foram sumidouro de registros penitenciários no Brasil. Muita documentação foi perdida numa época de desmandos em que os tribunais ainda não eram informatizados.
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Pedrinho Matador durante entrevista para o 'Fantástico', em 1996 | Reprodução |
Leia, abaixo, a entrevista à "Época" publicada em 2003
Afinal, quantas pessoas você matou?
Que eu lembro, só aqui (na Penitenciária do Estado) eu matei dez. Mas, veja bem, tudo gente que não presta, viu amigo? Se for contar mesmo é cento e pouco. Só na cadeia eu matei 47.
Você diz que matou seu pai. Seus irmãos não ficaram bravos?
Meus irmãos eram pequenos, todos crentes, como minha mãe. Ficou aquela revolta toda quando ela morreu (assassinada por seu pai). Que eu saiba, não ficaram revoltados, não.
Quantos irmãos são?
Treze. Dez mulheres e três homens. Uma morreu. O bandido matou. Mas eu já matei ele também.
Eles visitam você?
Não gosto que minha família venha aqui, não. A maioria é evangélico, não quero que eles venham. A última visita foi há sete anos, lá em Taubaté (no presídio de segurança máxima). Foi minha irmã mais velha.
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Pedrinho Matador fazendo flexões ainda na cadeia, em 2003 | Foto de Otávio Dias de Oliveira/Agência O GLOBO |
Tive uma guerra com ele. Bagulho particular. Ele me mandou um bolo envenenado pela teresa (corda que liga uma cela a outra pela janela). Comi e comecei a sangrar pela boca. Só não morri porque tinha um monte de leite em pó que eu comi rapidinho para desintoxicar.
Aí você o espancou?
Não. O Hosmany fez isso porque eu tinha uma treta com ele antes. Tinha um rapaz que tentou uma fuga, e o Hosmany delatou. Fui falar, e ele me deu um soco na boca. Pra que soco na boca? Já era! Eu já ia matando ele, mas o pessoal separou.
Em Taubaté, você prometeu matar o Maníaco do Parque.
Isso. O que ele fez estraga a gente que está preso. Ele fez uma barbaridade. Matou um bocado de menininha indefesa. Eu tenho ódio.
Tem algum arrependimento?
Não tem nada. Só matei quem não presta.
As pessoas lá fora têm medo de você?
Têm porque nunca procuraram saber por que eu matei. Veja, eu nunca matei criança. Eu amo as crianças. Quando tem visita, eu fico brincando com elas, dou conselho. Os pais não têm tempo de cuidar porque têm de ficar namorando na cela. Nunca matei mulher nem pai de família.
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Simplesmente sou apenas um assassino disse Pedrinho Matador em entrevista para o Fantástico em 1996 - Imagem: Reprodução |
Isso é quando você tem de matar na mão, no bonde (camburão), no fórum. É fácil, você não sabe?
Não, não precisa mostrar...
É fácil. Tem de pegar desprevenido. Se você estiver esperando, não adianta. Matei uns dez assim. Tem lugar que não tem faca, meu!
Você conheceu o Bandido da Luz Vermelha?
Dei uma paulada na cabeça dele. Foi uma particular entre eu e ele. Ele era muito pilantra.
Qual a diferença entre a cadeia há 30 anos e a cadeia de hoje?
Agora está mais evoluído. Antes, era lei seca. Não tinha visita íntima. Era tipo vida de escravo. Qualquer coisa o couro comia. Hoje tá moderno. Tem escola, até computador, que está bichado, mas tem. Tive curso de pintura, desenho.
É verdade que o sujeito sai da cadeia pior do que entrou?
A cadeia não recupera ninguém, amigo. O cara sai revoltado. Aprende coisa que não sabia.
E essa turma do Primeiro Comando da Capital (PCC), que comanda o crime organizado nos presídios paulistas?
Isso aí já é um particular que não cabe a mim falar.
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Ex -matador não tinha papas na lingua e afirmou diversas vezes que só matou porcarias, e limpando o mundo |
Fui, mas não entrei. Ali é o seguinte: depois que surgiu o partido, você vê que a cadeia mudou. Não morre ninguém porque o partido não deixa. É paz. Paz para a Justiça ver. Se começa uma briga, eles seguram. Eles também ajudam quem sai, arrumam trabalho.
Como é seu cotidiano?
Acordo às 4h, arrumo a cama, faço a minha física na cela até as 6 horas: cordinha para pular, flexão, prancha. Depois vou pro pátio, corro e tomo banho gelado. Às 8h abre a escola, e eu trabalho até 13h, na arrumação. Aí eu almoço e vou até as 16h30 trabalhando. Cuido de tudo lá. Organizo, não deixo fazer baderna. Depois trancam, eu janto e durmo.
Já viu muita morte aqui?
Ah, mais de 200.
Como é a Lei da Cadeia?
Não pode cagüetar (dedurar). Malandrão morre tudo. Estuprador não fica. Bicha, também não. Você não divide cela com quem não é homem, né?
Já entrou num shopping? Metrô? McDonald's?
Como é que fala isso aí? Não conheço nada disso, não. Metrô eu vi pela janela do Carandiru.
O que você lê?
O livro mais triste que eu li foi "Raízes Negras". Tem o filme, conhece? Já li também a coleção do Sidney Sheldon. Agora, estou lendo "Boas Sementes", que é religioso.
Pessoa que faz mal pra um pai termina assim
ResponderExcluirNem deveria estar solto. Um sujeito que matou mais de 100 pessoas, deveria nunca ter sido solto.
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