27 maio 2023

"Pombo-correio do CV": Policial penal federal é condenado a 12 anos de prisão

Em um período de pouco mais de um ano, Docimar Pinheiro trocou 28 vezes de escala na prisão. Ele ia sempre para a ala onde estava Márcio dos Santos Nepomuceno, o Marcinho VP, apontado como o chefe do CV.

Herculano Barreto Filho Do UOL, em São Paulo 

27/05/2023 

Segundo a PF, o policial penal Docimar Pinheiro comprou imóveis e veículos com renda
incompatível com o seu salário como servidor Imagem: Reprodução
A Justiça Federal condenou na segunda-feira (22) o policial penal Docimar José Pinheiro de Assis a 12 anos e 10 meses de prisão por facilitar o repasse de mensagens de lideranças do CV (Comando Vermelho) que cumprem pena no presídio federal de Catanduvas, no interior do Paraná.

O policial penal foi condenado por associação criminosa e corrupção passiva. A defesa dele vai recorrer da decisão no Tribunal Federal da 4ª Região. Apontado como o "pombo-correio" da facção criminosa do Rio de Janeiro, Docimar está preso desde junho de 2021.

Em um período de pouco mais de um ano, Docimar Pinheiro trocou 28 vezes de escala na prisão. Ele ia sempre para a ala onde estava Márcio dos Santos Nepomuceno, o Marcinho VP, apontado como o chefe do CV.

O policial penal foi absolvido dos crimes de associação para o tráfico e lavagem ou ocultação de bens e valores. Outras quatro pessoas envolvidas no esquema também foram condenadas.

A advogada Lucéia Aparecida Alcântara de Machado foi condenada a 10 anos e 11 meses em regime fechado pelos crimes de associação criminosa e corrupção ativa. Ela é acusada de coordenar o esquema de repasse de bilhetes do tráfico para a cúpula do CV.

A advogada Luceia Aparecida Alcântara de Macedo é acusada de coordenar um esquema de repasse
de bilhetes do tráfico de drogas para a cúpula do CV Imagem: Reprodução
Tânia Odenise Alves Perruzzo foi condenada a 6 anos e 8 meses de prisão em regime semiaberto por associação criminosa e corrupção passiva. Ela integrava o núcleo operacional do esquema, segundo a sentença da Justiça Federal.

Jessica Caroline Ribeiro Pinto foi condenada a 3 anos de prisão em regime aberto por associação criminosa e corrupção ativa. Ela é apontada como a responsável por receber e repassar os bilhetes a Docimar e chegou até a pedir aumento de "salário" ao tráfico em diálogo por telefone interceptado pela Justiça.

A advogada Verônica Garcia Borges foi condenada a 1 ano e 6 meses de prisão em regime aberto. Defensora de integrantes da cúpula do CV no presídio, é apontada como a responsável pela troca de mensagens entre os internos e os integrantes da facção nas ruas.

Todos os condenados alegaram inocência no processo. O UOL não localizou os representantes legais deles para que pudessem se manifestar.

O esquema

A cronologia do esquema

Às 10h06 de 6 de janeiro de 2020, o policial penal Docimar Pinheiro retira as algemas de Fabiano Atanásio da Silva, o FB. O interno apontado como uma das lideranças do CV voltava do banho de sol na penitenciária federal de Catanduvas. Em seguida, Docimar entrega um bilhete ao traficante.

Para a  PF, imagens do pátio de presídio mostram Cleverson Pereira dos Santos, o Palmeirense,
lendo bilhete para Marcinho VP, apontado como o chefão do Comando Vermelho Imagem: Reprodução/PF
Quatro dias depois, Docimar espera outros dois agentes chegarem ao final de um corredor para se aproximar da cela de FB. Ele então coloca a mão no bolso e repassa outra mensagem. O traficante recebeu seis bilhetes em entregas flagradas por câmeras entre janeiro e junho de 2020. Segundo a PF, o agente recebia R$ 15 mil por bilhete.

Um desses bilhetes foi flagrado pelas câmeras nas mãos de um detento no banho de sol às 12h20 de 11 de abril. Ele retira bilhetes do uniforme e lê a mensagem, em frente a três membros da facção. E olha diretamente para Marcinho VP. Depois, coloca o papel em um copo com água e joga o conteúdo em um ralo.

O ex policial penal, apesar de estar preso desde o ano de 2021, estava respondendo ao PAD desde
então, cujo resultado só foi conhecido agora no ano de 2023 - Imagem: Reprodução

Policial penal acusado de ser “pombo-correio” é demitido

Docimar José Pinheiro de Assis foi demitido na quinta-feira (27/04/23) do cargo que ocupava. Ele foi preso em 2021 por distribuir mensagens entre líderes do Comando Vermelho dentro do presídio de Catanduvas, no Paraná.

De acordo com as investigações da Polícia Federal, Assis agia mediante suborno e trabalhava como “pombo-correio” da facção criminosa. Ele levava as mensagens trocadas entre integrantes do CV que estavam presos e em liberdade.

Assis tinha 15 anos de carreira quando foi preso pela Operação Efialtes, da PF. A esposa do agente, advogada de 18 presos de Cataduvas, também foi acusada de envolvimento do esquema.

Entre os detentos que recebiam mensagens passadas pelo ex-agente estão Marcinho VP, Fabiano Atanásio da Silva, o FB, Pedro Vieira dos Santos, o Matemático, e Marco Antonio Pereira Firmino da Silva, o My Thor.

Na esfera penal, Assis havia sido indiciado pela PF pelo crimes de associação a organização criminosa, tráfico de drogas, lavagem de dinheiro e corrupção passiva.

Fonte: UOL

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