23 maio 2023

Sob risco de desgaste, deputados aprovam aumento de Tarcísio para policiais de SP

Proposta do governador deixa de fora Força Penal e abre crise com Agentes Civis após privilegiar PMs.

Carlos Petrocilo

23.mai.2023 às 21h16

Funcionários da Fundação Casa, que estão em greve há 20 dias, protestam durante votação na Alesp - Danilo Verpa/Folhapress
SÃO PAULO - Sob protestos, a Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo) aprovou, nesta terça-feira (23), o projeto de lei que reajusta salários com percentuais diferentes para as polícias Civil e Militar, o que pode criar ainda mais degaste entre as duas corporações.

Foram registrados 84 votos favoráveis e nenhum contra, entre os 94 deputados —eram necessários, pelo menos, 48 votos para aprovação.

Os servidores receberão os novos valores a partir de julho deste ano. Com o reajuste, o impacto no orçamento será de R$ 2,5 milhões neste ano.

Nenhuma das quase 50 emendas sugeridas por deputados foi incorporada ao texto elaborado pelo governo. Agora, o projeto vai à sanção do próprio governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), autor da proposta.

Deputados do PT e do PSOL foram ao plenário em duas ocasiões, na quarta (17) e nesta terça, com a intenção de esgotar as sessões extras e adiar a votação. Mas as duas bancadas também foram favoráveis ao reajuste.

A oposição teve êxito na primeira tentativa de encerrar com a sessão antes da votação, mas não conseguiu o seu objetivo nesta terça apesar de contar com protestos de servidores que lotaram a galeria, sobretudo representantes da Fundação Casa que estão em greve desde o último dia 3 e estenderam faixas contra a proposta no Plenário e do lado de fora da Alesp.

O deputado André do Prado (PL), presidente da Casa, chegou a pedir para que o público da galeria não se manifestasse. Boa parte dos manifestantes deixou o plenário antes do término da votação.

Proposta de Tarcísio de Freitas estabelece percentuais mais altos para os PMs - Pablo Jacob
- 23.jun.2022/Governo do Estado de SP/Divulgação
A oposição se comprometeu em abrir mão de qualquer emenda ao texto, desde que fosse aprovada uma do deputado Major Mecca (PL), presidente da Comissão de Segurança Pública e Assuntos Penitenciário e aliado de Tarcísio, que propõe o mínimo de 20,25% de reajuste às diversas carreiras.

"O projeto tem o mérito de propor reajustes, mas apresenta uma série de problemas, privilegiando a PM em detrimento da Civil e deixa de fora a polícia penal", disse o deputado Simão Pedro (PT).

O próprio Mecca e a bancada da bala votaram contra a emenda para atender aos interesses do governo. "O governador manifestou a todos nós, da bancada de segurança, que se esse projeto sofresse alteração corria o risco de ser vetado pelo Executivo", disse Mecca.

O texto abalou a relação de Tarcísio com as forças de segurança e com os deputados da sua própria base. Um grupo de policiais civis e penais foi até ao prédio da Assembleia se manifestar contra a proposta.

Os penais, a segunda maior força de segurança do estado, ainda não foram contemplados por Tarcísio.

Entre as emendas, pelo menos, três estabeleciam de 20% a 30% para os agentes de segurança penitenciária e servidores da Fundação Casa.

"São emendas razoáveis, e o governador tem, ao final, a prerrogativa de vetar. Incomoda é essa submissão, vamos ser só um carimbador do Executivo", disse Antonio Donato (PT).

A valorização dos policiais foi uma promessa de Tarcísio durante a campanha de 2022. "Nesses 56 anos que estou na Polícia Militar, eu nunca tive um aumento assim. É um homem [Tarcísio] que está chegando agora, na política, e é de confiança do [Jair] Bolsonaro", defendeu deputado Conte Lopes (PL), que foi capitão da Rota (Rondas Ostensivas Tobias Aguiar).

Tarcísio e seu secretário de Segurança Pública se desgastaram com o anúncio dos reajustes diferenciados

DISCREPÂNCIA

O governador fez várias reuniões com os parlamentares, que apesar de apoiarem a gestão criticaram principalmente a diferença de aumento no salário de forma escalonada e com percentuais de reajustes diferentes entre os cargos e as polícias Civil e Militar.

Pela proposta, por exemplo, os oficiais da PM terão um aumento superior ao dos delegados da Polícia Civil.

De acordo com o projeto, o maior percentual para delegados, por exemplo, é de 20,7%, para aqueles em início de carreira (3ª classe). Já para os oficiais da PM, o aumento chega a 29%, caso de capitães e 1º tenentes. Na média, oficiais terão reajuste de 22,6%, contra 17,9% dos delegados.

"Temos que dar um voto de confiança para o governador. A Polícia Civil foi um pouco prejudicada, mas ele [Tarcísio] vai tirar algumas diferenças. Quem ouve o PT e o PSOL falar parecem que eles gostam de vocês [policiais]", disse deputado Delegado Olim (PT).

Outra emenda, a do deputado Paulo Fiorilo (PT), visava assegurar o percentual de reajuste de 33,61% para todas as carreiras e classes, sem qualquer distinção, das Polícias Civil, Penal e Militar. Fiorilo chegou a chamar a bancada da bala de bancada de enquadrados, numa alusão a influência de Tarcísio.

O próprio governador governador admitiu ter "falhado na comunicação do projeto e do conceito do reajuste".

Pouco depois de enviar o texto à Alesp, políticos se manifestaram contra a proposta. O deputado federal Capitão Augusto (PL) chegou a dizer que "nem o Doria nem o PSDB apresentaram um projeto como este que prejudicasse tanto os policiais militares".

Após as críticas, Tarcísio e o secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite, desistiram do item que estabelece uma contribuição social de 10,5% para inativos e pensionistas dos militares.

Fonte: Jornal Folha de São Paulo

5 comentários:

  1. Cadê o meu grande amigo Kardilho com seu INVEJÁVEL apito tático priiii piiiiiii piiiii priiii piiiiiii piiiii priiii piiiiiii piiiii priiii piiiiiii...e bora pro boteco do Proença em Arandu tomar aquela serrana geladinha.

    ResponderExcluir
  2. Se a PC q será subsidiada tbm, recebeu essa merreca. Pq acreditam q os PPs terão um aumento satisfatório antes do juízo final???

    ResponderExcluir

Deixe seu comentário e obrigado pela sua colaboração.