31 outubro 2023

Policial penal da Seap emboscado foi perseguido por homens armados com fuzis e pistola; VÍDEO

Altamir Senna Oliveira Junior, o Mizinho, saiu da cadeia há menos de um mês, após ter sido preso no ano passado durante a Operação Fim da Linha. Ele foi internado em estado grave no Hospital Oeste D'Or.

Por Felipe Freire, TV Globo

31/10/2023 

Imagens de câmeras de segurança registraram o momento em que o policial penal Altamir
Senna Oliveira Junior, o Mizinho, foi atingido por tiros de fuzil no Rio de Janeiro - Foto: Reprodução
Imagens de câmeras de segurança registraram o momento em que o policial penal Altamir Senna Oliveira Junior, o Mizinho, foi atingido por tiros de fuzil em Campo Grande, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, na tarde de sábado (28).

Altamir foi levado em estado grave para o Hospital Oeste D'Or. Ele é acusado de envolvimento com o contraventor Bernardo Bello. A polícia ainda não sabe motivação do crime.

Nas imagens, Altamir sai de casa e abre o carro. Três homens encapuzados surgem, e o policial sai correndo. Dois usavam fuzis, e um portava uma pistola. Eles atiram várias vezes — é possível ver tiros acertando muros de casas e um poste.

O bairro de Campo Grande é um dos sofreram com os ataques de milicianos a ônibus na última segunda-feira (23) após a morte de Matheus da Silva Rezende, de 24 anos, sobrinho do miliciano Zinho.

Câmeras flagraram o ataque ao polícial penal

Mizinho deixou a cadeia há pouco menos de um mês e responde em liberdade por organização criminosa e corrupção ativa.

Ele é policial penal e servidor da Secretaria Estadual de Administração Penitenciária do Rio (Seap).

A Rede D'Or informou que tem por política não divulgar nenhuma informação sem autorização do paciente ou familiares.

Em nota, a Polícia Militar disse que homens do 40º BPM (Campo Grande) foram à Rua Macedo Coimbra para verificar uma informação de disparos de arma de fogo. Ao chegar ao local, os agentes foram informados que a vítima foi baleada após sofrer uma tentativa de roubo. O homem foi levado para um hospital antes da chegada da polícia ao local.

O caso foi encaminhado para a 35ª DP (Campo Grande).

A Seap lamentou o episódio e informou que o policial penal segue internado. "A secretaria acrescenta que vai abrir uma investigação preliminar para apurar as circunstâncias do ocorrido. O caso está sendo investigado pela Polícia Civil", diz a nota.

Bernardo Bello, em foto de arquivo - Foto: Reprodução/TV Globo

Ligação com o jogo do bicho

No final do ano passado, Mizinho foi um dos 26 alvos de uma operação do Ministério Público do Estado (MPRJ) contra integrantes de um grupo que praticava crimes de corrupção e de lavagem de dinheiro proveniente da exploração de jogos de azar. Os bicheiros Bernardo Bello e Marcelo Simões Mesqueu, o Marcelo Cupim, também foram alvos da ação.

Na casa de Mizinho, as equipes encontraram R$ 31.800 em dinheiro vivo. Ele chegou a ser preso na Operação Fim da Linha. Ele foi denunciado por organização criminosa e corrupção ativa.

Mizinho foi candidato à deputado federal na última eleição. Filiado ao União Brasil, ele recebeu R$ 1,35 milhão do Fundo Eleitoral para sua campanha. Até a última prestação de contas ele tinha declarado ter gasto R$ 1,45 milhão, ficando com uma dívida de campanha de R$ 100 mil.

Altamir Senna, o Misinho, foi candidato a deputado federal na eleição passada, e também foi preso
 no ano passado por ligação com o jogo do bicho - Foto: Divulgação
O lema de campanha do candidato era "Fazer a diferença". Ao todo ele recebeu 7,8 mil votos e conseguiu uma vaga de suplente, sendo o 17º substituto do partido.

Segundo a investigação da Operação Fim da Linha, Mizinho é intermediário direto do bicheiro Bernardo Bello. Os promotores afirmaram que o inspetor auxiliava e representava Bello em reuniões com contraventores e milicianos.

Para tentar evitar ser grampeado, ele usava três celulares, sendo um deles em nome de terceiros e de uso exclusivo para conversar e trocar mensagens com Bernardo Bello. O contraventor era o único contato salvo no aparelho usado apenas para tratar de "assuntos escusos", segundo o MP.

Misinho foi flagrado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro em gravação autorizada pela
Justiça, afirmando ser "bandido", ele se encontra internado - Imagem: Reprodução

'Sou bandido'

Na denúncia apresentada à Justiça, o MPRJ anexou trocas de conversa entre Altamir e o Bernardo Bello. Em uma delas, ao dizer que recebeu um convite para trocar de quadrilha, Altamir diz que tem "palavra" e é "bandido". Em diversas mensagens, ele se refere ao contato como "irmão".

"Irmão, sou de palavra. Trabalho com o crime há 22 anos. Sou cria de favela. Não vou dar mole nunca. Sou bandido", escreveu.

Adriano Magalhães da Nóbrega, ex-capitão do Bope e suspeito de integrar milícia que matou Marielle Franco — Foto: Reprodução

'Íntimo' de Adriano da Nóbrega, ex-capitão do Bope morto em 2020

Altamir Senna Oliveira Junior, conhecido como "Misinho", que foi baleado em Campo Grande neste sábado (28), era amigo "íntimo" de Adriano da Nóbrega, ex-capitão do Bope morto em 2020. A revelação foi feita pela própria irmã do ex-PM numa ligação interceptada pela Polícia Civil e pelo Ministério Público em fevereiro de 2020. 

Segundo a mulher, à época, pouco depois da morte de Adriano numa operação policial na Bahia, Misinho estava "meio chateado" por não poder velar o amigo. A família de Adriano havia decidido pela cremação do corpo do ex-oficial do Bope.

Segundo promotores do MP, Misinho auxiliava e representava Bello em reuniões com contraventores e milicianos. Um dos três celulares que Misinho usava era para se comunicar exclusivamente com o bicheiro.
Ligação da irmã de Adriano interceptada pela Polícia Civil e pelo Ministério Público - Foto: Reprodução
Adriano Magalhães da Nóbrega, por sua vez, foi apontado pelo Ministério Público como um dos principais responsáveis pelo crime de agiotagem da milícia na comunidade Rio das Pedras, na Zona Oeste do Rio. 

Ele também chefiava o Escritório do Crime, grupo de policiais e ex-policiais que cometem homicídios sob encomenda. "Capitão Adriano" ou "Gordinho", como era conhecido, era considerado um indivíduo violento e estava foragido havia mais de um ano até ser morto em Esplanada, na Bahia, por equipes do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), da Companhia Independente de Policiamento Especializado (Cipe) Litoral Norte e da Superintendência de Inteligência (SI) da SSP-BA.

Ainda de acordo com o Ministério Público, Adriano era integrante da organização criminosa que agia no gabinete do então deputado Flávio Bolsonaro. Ele recebia parte de recursos vindos do esquema de "rachadinha", que seria operado por Fabrício Queiroz, amigo de Adriano dos tempos da Polícia Militar do Rio. As investigações apontam que a mãe de Adriano e sua ex-mulher receberam cerca de R$ 1 milhão em salários, embora não aparecessem para trabalhar.

Fonte: G1

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