18 dezembro 2023

Com atraso, governo lista os 19 criminosos mais procurados do país; veja

Com quase um ano de atraso, o governo Lula (PT) concluiu a lista dos criminosos mais procurados do país.

Eduardo Militão e Herculano Barreto Filho

Do UOL, em Brasília e em São Paulo

18/12/2023

Nova lista dos mais procurados tem André do Rap, Maria do Pó, Mijão, João Cabeludo, Playboy e Tião (da esquerda para a direita, de cima para baixo) - Imagem: Arte UOL
O UOL teve acesso com exclusividade à nova versão, que ainda não foi divulgada oficialmente. A relação não era atualizada havia mais de dois anos, desde a gestão de Jair Bolsonaro (PL). Veja quem são os criminosos que estão na lista.

Mega-assaltantes e chefes do PCC

A versão atualizada da lista tem 19 foragidos da Justiça —oito deles já constavam na relação anterior. A captura desses criminosos passa a ser prioridade para as forças de segurança após a divulgação oficial da lista pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública, responsável por sua produção.

Dez dos criminosos têm mandado de prisão por envolvimento em megaassaltos a bancos e carros-fortes com uso de pessoas como escudos humanos e armamento pesado.

Cinco são apontados como líderes de facções —entre elas, PCC (Primeiro Comando da Capital) e CV (Comando Vermelho) —, e quatro são acusados por tráfico internacional.

Todos têm mandados de prisão preventiva, sendo que 13 criminosos já foram condenados.

De saída do Ministério da Justiça, Flávio Dino prometeu há um ano — ainda durante o governo de transição— revisar a lista criada na gestão do ex-ministro Sergio Moro. Mas até agora a relação não foi oficialmente divulgada, apesar de o combate à criminalidade ter sido alvo de críticas.

Razões para o atraso. Fontes relataram ao UOL ao menos dois motivos para a demora: a lista não foi tratada com prioridade pelo Ministério da Justiça, ao mesmo tempo em que as polícias demoraram para fornecer as informações sobre os criminosos ao governo federal.

O governo federal incluiu na lista pela primeira vez Engri Júnior de Almeida Maia, apontado como líder da ADE (Amigos do Estado), facção criminosa que atua em Goiás. Ele tem condenações por tráfico de drogas e lavagem de dinheiro e está na lista da Interpol.

Ao UOL, Tadeu Alencar, secretário nacional de Segurança Pública, prometeu publicar a lista dos mais procurados ainda neste ano. Assim como o ministério, Alencar não falou sobre as causas do atraso. O espaço segue aberto.

"A ideia é assinarmos a lista reformulada e ampliada até o final do mês. Estamos em fase de finalização e de edição da portaria que vai normatizar o assunto."
Tadeu Alencar, secretário nacional de Segurança Pública

Quem entra na lista dos mais procurados. Os critérios foram o potencial de letalidade das ações dos criminosos, como uso de fuzis e "domínio de cidades", e o envolvimento em organizações criminosas de alcance nacional e no exterior.

Para que serve a lista. Aos moldes do site da "difusão vermelha" da Interpol (a polícia internacional), que mostra os criminosos mais procurados no mundo, a lista orienta a ação policial no país e amplia as chances de captura, além de manter a população em alerta para fornecer pistas.

Como é elaborada. Uma equipe própria de investigadores do Ministério da Justiça faz consultas (formais e informais) a policiais civis, militares e federais de todo o país.

Tadeu Alencar disse que uma portaria com regras foi elaborada para balizar a produção da lista. Nos últimos meses, a consultoria jurídica do ministério recomendou ajustes. 

Criado em 2020, na gestão de Moro como ministro da Justiça, o projeto não avançou após o hoje senador do União Brasil deixar o governo Bolsonaro em abril daquele ano. Ao todo, dos 22 integrantes da lista anterior, 11 foram capturados e um, morto.

Milicianos fora. A nova versão da lista não inclui líderes de grupos paramilitares por terem ação local. Já Moro insistiu, à frente do ministério, para que Wellington da Silva Braga, o Ecko, que chefiava a maior milícia do Rio, fosse incluído. Ele foi morto pela polícia em junho de 2021.

O UOL procurou as defesas dos foragidos 

Outro lado. A defesa de Luken Cesar Burghi Augusto, um dos procurados por mega-assaltos, disse que não irá comentar a inclusão na lista por ele estar foragido. O UOL ligou para os escritórios dos advogados de Denilson Moreira Dias e Kaio Bonotto Cavalcante, mas eles não atenderam. Os defensores dos outros procurados por esse tipo de crime não foram localizados.

Outra novidade na lista foi a inclusão de Adalberto Pagliuca Filho, 69. Ele é acusado de chefiar uma organização criminosa de Mato Grosso com atuação em outros dez estados.

Outro lado. Os advogados Áureo Tupinambá Filho e Anderson Domingues disseram que o processo com mandado de prisão contra André do Rap é nulo. Ele foi solto em outubro de 2020 após habeas corpus concedido pelo então ministro do STF Marco Aurélio Mello. Mas a decisão foi revogada pelo também ministro Luiz Fux. "A decisão poderia ser cassada pelo colegiado do STF, e não por outro ministro. Quando a própria Justiça desrespeita as regras do jogo, fica difícil para ele se entregar. O processo é falho e nulo", diz Áureo Tupinambá Filho. O STF não comentou o posicionamento da defesa de André do Rap.

A reportagem ligou para a defesa de João Cabeludo, mas não obteve retorno. Os advogados de Maria do Pó e Caipira não foram localizados.

Fonte: UOL

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