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14 julho 2023

Juiz manda pagar aposentadoria de R$ 1,3 mi a ‘Pablo Escobar brasileiro’, mas fortuna fica bloqueada

Valor milionário é referente à aposentadoria, acumulada de 2011 a 2015, do ex-major da PM de Mato Grosso do Sul Sérgio Roberto de Carvalho, o ‘major Carvalho’ - apontado como eminência do tráfico internacional e comparado ao super traficante colombiano

Blog do Fausto Macedo

Por Rubens Anater

14/07/2023

'Pablo Escobar', o brasileiro / Pablo Escobar, o colombiano Foto: Reprodução TV Bandeirantes - Reuters
O juiz Marcelo Andrade Campos Silva, da 4ª Vara da Fazenda Pública de Campo Grande (MS), determinou o pagamento de R$ 1,3 milhão ao major PM aposentado Sérgio Roberto de Carvalho, conhecido na Europa como ‘Pablo Escobar brasileiro’ por sua proeminência no narcotráfico internacional. 

Em publicação da última segunda-feira, 10, no Diário Oficial da Justiça de MS, o juiz confirmou o pagamento, mas indicou também a necessidade do sequestro dos bens e valores segundo determinação da 14ª Vara Federal de Curitiba.

O valor é referente aos pagamentos da aposentadoria do ex-major, entre os anos de 2011 e 2015, período em que ele foi dado como morto depois de ter forjado um atestado de óbito na Espanha.

Em 2015, ‘Pablo’ entrou com uma ação contra a Agência do INSS de Mato Grosso do Sul (Ageprev), pedindo revisão dos benefícios do período e pagamento de R$ 516.695,00.

A ação tramitou de 2015 a 2022. Depois de o Superior Tribunal de Justiça e o Supremo Tribunal Federal negarem recurso da Previdência, o juiz Marcelo Andrade determinou o pagamento do valor ao traficante, atualizado para R$ 1.313.732,01.

No entanto, simultaneamente, um pedido do Ministério Público Federal no Paraná, levou a Justiça Federal no Estado a decretar o sequestro do montante devido ‘às atividades criminosas do ex-policial’.

Página do Diário da Justiça do Mato Grosso do Sul em que o juiz determina o pagamento e o
sequestro de R$ 1,3 milhões para o ex-major Carvalho Foto: Reprodução/Poder Judiciário do Mato Grosso do Sul

‘Major’ Carvalho recebe aposentadoria da PM

Apesar de não ter acesso ao valor milionário referente às aposentadorias de seu período tido como morto, ‘Pablo Escobar brasileiro’ voltou a receber como servidor aposentado pela Polícia Militar de Mato Grosso do Sul neste ano.

Mesmo preso na Bélgica, o ex-major recebeu R$ 89.983,79 desde março. Esse montante representa sua aposentadoria mensal de R$ 13.503,78 de março a junho, além de R$ 49.299,59 retroativos.

'Pablo Escobar brasileiro' é extraditado da Hungria para Bélgica | AFP

Com múltiplas identidades, ‘Pablo Escobar brasileiro’ era caçado pela Interpol

Carvalho é um ex-policial militar, que foi para a reserva da PM de Mato Grosso do Sul em 1997.

Já em 1998, foi condenado no Brasil a 15 anos de prisão pelo tráfico de 230 quilos de cocaína. Em 2019 foi condenado em novo julgamento a mais 15 anos de reclusão por movimentar R$ 60 milhões entre 2002 e 2007 usando ‘laranjas’.

Ele coleciona também condenações internacionais, assim como diferentes identidades usadas para fugir da lei - inclusive da Interpol, a Organização Internacional de Polícia Criminal que investiga crimes que transcendem fronteiras.

O ex-PM chamou a atenção do mundo e ganhou a alcunha de ‘Pablo Escobar brasileiro’ em referência ao narcotraficante colombiano Pablo Escobar — morto em 1993 —, depois de enviar 45 toneladas de cocaína da América do Sul para a Europa entre 2017 e 2019.

Escobar brasileiro”, ex-major Carvalho é preso na Hungria com documento falso, ex-major Carvalho estava foragido desde 2019. (Foto: VMM) 
Ele foi preso na Hungria em junho de 2022 em um hotel de Budapeste, onde se hospedou como Guilhermo Diaz Flores e um passaporte mexicano. Foi extraditado para a Bélgica, onde está preso por tráfico. Há também pedidos de extradição contra ele pelo Brasil e pelos Estados Unidos, onde responde pelo crime de lavagem de dinheiro.

Como o Estadão mostrou, ‘Pablo’ continuou seguindo sua trilha de crimes mesmo depois da prisão. Em fevereiro deste ano, uma operação da PF mirou tráfico de cocaína para a Europa em cargas de granito em um esquema operado pelo próprio ‘Pablo Escobar brasileiro’. 

Quatro mandados de prisão preventiva foram cumpridos no Espírito Santo, Paraná, São Paulo e Pernambuco. Um quinto mandado foi expedido contra um integrante da organização na Hungria.

Fonte: Jornal O Estado de São Paulo

Governo de SP abre concurso para contratar 1,1 mil policiais penais

Inscrições serão abertas no dia 19 deste mês; remuneração inicial será de R$ 3,5 mil por mês, mais Adicional de Insalubridade.

Do Portal do Governo

Sex, 14/07/2023 

Penitenciária I "Mário Moura Albuquerque" de Franco da Rocha -Coordenadoria da Capital e Grande São Paulo
O Governo de SP publicou nesta sexta-feira (14) o edital para a contratação de 1.100 vagas para policiais penal para as unidades da Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (SAP). As inscrições serão abertas no dia 19 deste mês e seguem até dia 18 de agosto. Serão 1.050 vagas masculinas e 50 femininas.

O concurso será realizado pela Fundação Getúlio Vargas e terá quatro etapas. Na primeira ocorrerá a prova objetiva agendada para 1 de outubro. 

Serão oferecidas também 50 vagas para policiais penais femininas - Imagem: SAP/SP

Após, os classificados farão prova de Condicionamento Físico, prova de Aptidão Psicológica e, por último terão que comprovar Idoneidade e Conduta Ilibada na Vida Pública e na Vida Privada e Investigação Social. Todas as etapas são eliminatórias.

Serão reservadas 5% das vagas para candidatos e candidatas autodeclarados com algum tipo de deficiência. O candidato preto, pardo ou indígena terá direito à pontuação diferenciada prevista no Decreto nº 63.979, de 19 de dezembro de 2018.

Penitenciária Feminina de Guariba - Coordenadoria da Região Noroeste - Imagem: SAP/SP
Os policiais penais aprovados em todas as fases do concurso, após nomeação, serão convocados para a realização de curso de formação técnico-profissional. O curso é obrigatório para a efetivação após decorrido o estágio probatório.

A remuneração dos ingressantes na Secretaria da Administração Penitenciária será de R$ 3,5 mil – posteriormente, passarão a receber também Adicional de Insalubridade, no valor de R$ 785,67. O edital está disponível no Diário Oficial do Estado.

Fonte: Portal do Governo

13 julho 2023

Bando do PCC fez churrasco para reféns em roubo de 500 kg de joias em Cuiabá/MT

O que os criminosos não sabiam é que o casal havia combinado de reunir parentes e amigos para um churrasco. Os convidados foram chegando, alguns deles com filhos pequenos e crianças de colo.

Josmar Jozino

Colunista do UOL

13/07/2023

Velho Lori, um dos integrantes mais antigos do PCC (Primeiro Comando da Capital),
atualmente recolhido em presídio federal - Imagem: Divulgação/Ministério Público de SP
O Ministério Público de Mato Grosso classificou o roubo como cinematográfico e os assaltantes como "polidos e educados". Afinal, os ladrões levaram 500 kg de joias da Caixa Econômica Federal de Cuiabá, patrocinaram churrasco às vítimas e compraram fraldas para crianças reféns.

A ação aconteceu em 13 de abril de 2000. O bando, capitaneado por Lourinaldo Gomes Flor, 67, o "Velho Lori", um dos integrantes mais antigos do PCC (Primeiro Comando da Capital), atualmente recolhido em presídio federal, atacou o setor de penhor da agência.

Segundo a Polícia Civil de São Paulo, Lori é um dos pioneiros no roubo de joias penhoradas no Brasil. Na capital mato-grossense, ele agiu com outro velho conhecido das autoridades paulistas: José Reinaldo Giroti, 52, o Girotinho.

A quadrilha saiu de São Paulo e levou 40 dias para planejar o roubo. Uma casa alugada em Várzea Grande serviu como ponto operacional. Os assaltantes sequestraram um funcionário responsável pelo acesso aos cofres e familiares dele.

A princípio, os reféns ficaram vigiados por uma parte do bando fortemente armada, na própria residência do funcionário sequestrado, no Jardim Cuiabá. Mas o grupo de Lori resolveu mudar a estratégia e invadiu uma residência no bairro Boa Esperança, para usá-la como cativeiro. O dono do imóvel e a mulher também foram rendidos.

O que os criminosos não sabiam é que o casal havia combinado de reunir parentes e amigos para um churrasco. Os convidados foram chegando, alguns deles com filhos pequenos e crianças de colo.

Todos foram rendidos e trancados nos quartos da casa. O funcionário sequestrado foi levado para a agência com os demais integrantes da quadrilha. Ele teve de permitir a entrada dos assaltantes na agência; caso contrário, a família dele morreria.

O churrasco foi servido

Enquanto os ladrões arrombavam o cofre e recolhiam os 500 kg de joias, avaliados à época em R$ 5 milhões, os ladrões responsáveis pela vigilância dos reféns resolveram ir ao açougue para comprar carne. Também providenciaram bebidas.

Os assaltantes também foram a uma farmácia da região comprar fraldas para as crianças reféns. Depois do roubo, a quadrilha se dividiu. Lori, Giroti e outros comparsas fugiram para São Paulo, mas acabaram detidos. Uma parte da quadrilha, baseada em Cuiabá, também foi identificada e presa.

Na denúncia oferecida à Justiça contra os acusados, a promotoria escreveu: "Não é despiciendo (desprezando) enaltecer a frieza e o calculismo dos denunciados, uma vez que participaram de reunião programada providenciado a compra de carnes e bebidas. O tratamento dispensado aos reféns se pautou pela polidez e educação".

Preso mais antigo

Além de ser um antigo integrante do PCC, Lori também é um dos presos que está há mais tempo atrás das grades. A matrícula dele no sistema prisional paulista é 38.824. O número de matriculados já ultrapassa a casa de 1,3 milhão, para se ter uma idéia, Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, tem a matrícula 45.465.

Ele é condenado a 118 anos, quatro meses e seis dias de prisão. A pena dele vence em 16 de fevereiro de 2101. Lori foi preso pela primeira vez em 22 de agosto de 1980. Naquela década, os carros da moda, usados pelas quadrilhas nos assaltos, eram o Chevrolet Monza, Ford Escort e Del Rey, entre outros.

Lori já conviveu 40 anos na prisão. Ele escapou quatro vezes, mas, somando o tempo total como foragido, ficou nas ruas 13 meses. E foi encarcerado definitivamente em 20 de maio de 2000, pouco mais de um mês após a ação cinematográfica em Cuiabá. Por esse crime recebeu uma pena de 10 anos.

Outro lado: a reportagem não conseguiu contato com os advogados de Lourinaldo Gomes Flor, mas publicará a versão dos defensores dele, assim que houver uma manifestação.

Fonte: UOL

12 julho 2023

Conheça a história de Keko, o ‘guerrilheiro do PCC’ que desafia a polícia nas redes sociais

Foragido há 17 anos, o bandido, um dos chefes da segurança do tráfico internacional de drogas no porto de Santos, já enfrentou a PM, atirou em helicóptero e ficou conhecido no Kwai e no TikTok.

Por Marcelo Godoy

12/07/2023 

Foragido há 17 anos, o bandido, um dos chefes da segurança do tráfico internacional de drogas no
porto de Santos, já enfrentou a PM, atirou em helicóptero e ficou conhecido no Kwai e no TikTok - Imagem: Reprodução/Estadão
No dia 7 de junho, um admirador entrou no perfil Falujasiria, no Instagram, que pertence a André Luiz dos Santos, o Keko, e escreveu um comentário em uma fotografia do bandido com seu fuzil: “Tá na mídia paizão tá passando no Kwai e TikTok direto. Brabo demais”

Keko tem outros quatro perfis na rede social com fotos e vídeos de seu treinamento e preparo na selva da Baixada Santista. Sua história se confunde com as lendas criadas em torno de seu nome. Ela está registrada em uma investigação criminal.

Nos últimos dois anos, Keko atirou em policiais, quase derrubou um helicóptero da Polícia Militar e se escondera, segundo a Polícia Civil, na Bolívia. O Grupo de Atuação Especial e Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público Estadual (MPE), acredita agora que ele está de volta ao seu ambiente: a mata em torno do mangue, ao redor do Porto de Santos, onde ele é um dos chefes da segurança do tráfico internacional de drogas, mantido pelo Primeiro Comando da Capital (PCC).

Um usuário de uma rede social deixa uma mensagem para Keko em um dos perfil que o traficante
do PCC mantém Foto: Reprodução / Estadão
De acordo com relatório secreto da polícia, Keko “vive na mata desde meados de 2008 quando foi condenado a nada menos que 92 anos de reclusão, mas, ao que tudo indica, nunca esteve isolado”. Sua rede de proteção contaria com a participação de Rafael da Silva Martins, o Marrom, apontado como o chefe do tráfico de drogas na Vila Esperança, em Cubatão. 

O material apreendido durante as investigações permitiu à polícia concluir que Keko mantém uma estrutura capaz de escondê-lo de forma discreta, mas sem que lhe falte o mínimo, “como água, luz, e algo importantíssimo, o acesso à internet!”.

O Estadão reconstruiu os últimos passos dessa caçada ao homem que se comporta como um guerrilheiro. Os lances mais recentes dessa perseguição começaram em 2 de abril de 2020. 

A ficha de Keko, organizada pela inteligência da polícia paulista Foto: Reprodução/Estadão
Naquele dia, o capitão Bruno, da PM, pilotava uma das aeronaves Águia, da corporação, quando avistou uma embarcação de alumínio de cerca de 12 pés de comprimento. A patrulha aérea sobrevoava o mangue, em São Vicente, ao lado da Estrada de Paratinga, perto da praça do pedágio, onde corre o Rio Boturoca.

Os ocupantes do barco levavam dois tonéis azuis, semelhantes aos usados por traficantes da região para esconder entorpecentes na mata. Quando perceberam a aproximação da polícia, os bandidos manobraram e levaram a embarcação para baixo da vegetação ribeirinha. 

O piloto do helicóptero tentou se aproximar, mas eles atiraram com fuzis. Alvejaram quatro vezes a aeronave, comprometendo o comando dos pedais, o que obrigou o capitão Bruno a procurar uma área segura para o pouso de emergência.

Documento da perícia mostra os tiros disparados por Keko que alvejaram o helicóptero Águia, da PM Foto: Reprodução / Estadão
A Polícia Militar reagiu e despachou para lá quatro equipes do Comando de Operações Especiais (COE), tropa criada para combates na selva. 

A nova incursão começou no dia 8 de abril, em uma pequena ilha do Rio Boturoca, em São Vicente. Duas patrulhas avançaram pela terra e duas outras se aproximaram pelo mar em embarcações com calado apropriado para ações de comando.

Quando as patrulhas marítimas se aproximavam da margem do rio, traficantes escondidos na ilha atiraram com fuzis. O policial Rodrigo Tadeu Rodrigues foi atingido no punho direito e seu companheiro Julio Cesar Reis foi ferido na coxa esquerda. Uma rápida operação de resgate foi montada para transferir os baleados para hospitais de São Paulo.

Embarcação abandonada por Keko e encontrada pela polícia na região do Rio Boturoca, no mangue
da Baixa Santista Foto: Reprodução / Estadão
O COE permaneceu por mais de 24 horas na região de mata fechada. Vasculharam cada pista deixada pelos bandidos – não muito longe dali, um suspeito seria baleado perto da linha férrea Santos-Jundiaí. 

Apesar do cerco, Keko e seus homens fugiram, deixando para trás drogas, explosivos, munições, balanças de precisão e anotações com a contabilidade do tráfico.

A maioria da cocaína apreendida estava nos tonéis plásticos, em esconderijos cavados na terra. Uma parte menor foi achada em cima de uma bancada, em porções de cerca de um quilo. Os policiais haviam, pela primeira vez, desbaratado um dos bunkers de Keko. 

O lugar tinha câmeras de monitoramento para vigiar o seu entorno, além de uma rede de casamatas usadas para repelir invasores.

Os tonéis de plástico azul com cocaína escondidos no meio da mata pela quadrilha de Keko Foto: Reprodução/Estadão
Parte da droga armazenada ali serviria para abastecer a comunidade da Vila Esperança. Outra era levada à noite por Keko e suas equipes até o porto, onde mergulhadores do PCC prendiam o entorpecente em navios com destino à Europa.

Lá, outros mergulhadores ligados à facção ou aos seus parceiros europeus, como a Ndrangheta e a máfia sérvia, recuperavam a droga para distribuí-la no continente. 

Trata-se de um negócio na Baixada Santista hoje dominado por traficantes como André de Oliveira Macedo, o André do Rap, atualmente foragido.

O mapa áreo da região da Vila esperança, em Cubatão, onde Keko se esconde Foto: Reprodução/Estadão

Nova operação

Após as incursões de abril de 2020, a PM manteve a vigilância na área do Rio Boturoca. Foi ali que seus homens detectaram meses depois um bando em lanchas rápidas, com fuzis, circulando pelo mangue. 

Era 11 de junho. Três dias depois, novas informações chegaram ao Batalhão de Operações Especiais (Bope): os bandidos desembarcaram mais tonéis azuis na região. Os policiais identificaram as coordenadas de GPS de três pontos que teriam sido ocupados pelos criminosos.

A Justiça recebeu o pedido e concedeu a ordem para monitorar os suspeitos. Depois, expediu mandados de busca. Às 7 horas de 20 de junho, homens do COE e do esquadrão antibombas da PM irromperam nos três pontos monitorados. Mas os agentes chegaram tarde demais. Tudo tinha aspecto de abandono. Foi pouco a pouco que as provas das atividades dos bandidos foram surgindo.

Keko se desloca com fuzil, roupas camufladas e usa balaclavas em seus treinamentos na mata;
aqui, imagens de um de seus vídeos - Foto: Reprodução/Estadão
A ação no primeiro endereço foi decepcionante. Em uma rua de terra batida, às margens da ferrovia, um muro alto e um portão escondiam um barracão. Ali, em uma caixa plástica, embaixo de uma bancada de madeira, foi achado o único vestígio deixado pelos criminosos: um carregador de fuzil.

As coisas só começaram a mudar a quase um quilômetro dali, na encosta de um morro. Uma armadilha feita com linhas e uma granada pelos traficantes estava no caminho dos policiais, comandados pelo tenente-coronel Valmor Saraiva Racorti, que tiveram de detoná-la.

A trilha onde Keko armou com um fio uma armadilha com uma granada para deter invasores
perto de sua casa, na mata - Foto: Reprodução/Estadão
No fim da trilha, havia uma casa de alvenaria. Em meio à mata nativa, Keko construíra um imóvel com piscina e um lago artificial, mas não se esqueceu de também estender ali armadilhas para os invasores. Contava ainda com a companhia de um cão da raça pitbull.

Em seus perfis nas redes sociais, o traficante publicou vídeos ensinando o cachorro a subir em árvores e a resgatar troncos presos a anilhas de equipamentos de musculação – material semelhante ao encontrado pelo COE –, jogando-os na piscina.

A piscina da casa de Keko, em meio à mata, em Cubatão; à esquerda, seu pitbull na piscina - Foto: Reprodução/Estadão
Em um outro vídeo, o traficante mostra que o cão atendia ao comando “amém” para só então começar a comer. O dono fazia ainda as vezes de veterinário do bicho e chegou a se filmar cuidando de um ferimento do animal.

No imóvel, todo bagunçado e com a piscina vazia, os policiais encontraram um fuzil BMG, calibre .50, modelo 82A1. Mais adiante na mata, perto de uma cachoeira, eles localizaram um barraco onde Keko supostamente guardara quatro rolos de emulsão explosiva.

Fuzil calibre .50 apreendido pelos policiais do COE na terceira ação para tentar capturar Keko,
na área do mangue - Foto: Reprodução/Estadão
O bandido, no entanto, escapou. Nenhum traço que levasse a sua captura foi encontrado. A alcunha de ”guerrilheiro do PCC” teve origem em um informe, nunca confirmado pela polícia, de que Keko passara uma temporada na Colômbia, onde teria aprendido a navegar pela selva com os guerrilheiros das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). “Há muita lenda em torno dele”, reconhece o promotor Lincoln Gakiya, um dos maiores conhecedores do PCC no País.

O homem procurado pela PM sumiu no meio da mata, como nos vídeos que ele divulga nas redes sociais onde diz: “Não existe atalhos, tudo é repetição e treinamento”

Ou como escreveram os investigadores da Polícia Civil em um relatório secreto: “A ousadia demonstrada nas duas ações chega a ser assustadora, mas ao que tudo indica, ‘Keko’ treinou muito e se preparou para o dia do combate”.


                                Condenado a 92 anos de prisão, bandido treina técnicas de guerrilha 

Ao ser questionado sobre o paradeiro de Keko, em fevereiro, o delegado Luiz Carlos do Carmo, diretor do Departamento de Polícia do Interior-6 (Deinter-6), responsável pela Baixada Santista, disse ao Estadão o que todos até então acreditavam: Keko fugira para a Bolívia. Era lá que ele estaria.

Transformada em santuário do PCC, o país andino abrigara durante anos o megatraficante Gilberto Aparecido dos Santos, o Fuminho, antes de ele se transferir para Moçambique, onde foi preso pelos agentes da Drug Enforcement Administration (DEA), dos EUA. 

Agora, a Bolívia seria, segundo agentes da Polícia Federal que combatem as facções criminosas, o refúgio escolhido por André do Rap, coincidentemente, outro criminoso que nasceu na Baixada Santista.

O PCC no mundo

Facção atua em 22 países de três continentes - América, Europa e África

Veja as principais rotas da cocaína usadas pelo grupo

Entretanto, não ia demorar muito para que a inteligência da Polícia Civil obtivesse uma informação que coloca novamente Keko com os pés na Baixada. 

Foi por meio de uma mensagem telefônica em que ele fez ameaças a um desafeto que a polícia localizou o local exato de onde partira o recado: a favela Vila Esperança, em Cubatão, vizinha ao mangue. “Temos a informação de que ele voltou”, afirmou o promotor Sílvio Loubeh, do Gaeco da Baixada, com mais de 15 anos de experiência no combate ao crime organizado.

Após a segunda fuga de Keko, o Gaeco havia pedido à Justiça que os perfis mantidos pelo narcotraficante fossem desativados, mas até a semana passada era possível acessar os vídeos e as fotos postadas pelo bandido, quase tudo material antigo. É que desde a “sua volta”, Keko mantém silêncio.

A casa de Keko no meio da mata, na região do mangue; imagem do laudo pericial- Foto: Reprodução/Estadão
Nada de novo aparece em suas contas no Instagram. Suspeita-se de que ele tenha criado novos perfis, onde procura manter vídeos de treinos para o combate, como os que circulam livremente em redes populares, como o Kwai e o TikTok. 

No material de 2020, os investigalodores encontraram provas para ligar o bandido aos bunkers e aos objetos apreendidos, além de pistas para localizá-lo. Talvez, por isso mesmo, ele esteja, agora, mais cauteloso.

Matéria jornalística

Fonte: Jornal O Estado de São Paulo

Vídeos: Instagran/ SBT - Brasil

‘Bandido ostentação’: chefe acusado de lavar R$ 1 bilhão do PCC é preso em praia de Pernambuco

Líder acusado de comandar o setor financeiro da facção foi localizado em condomínio na Praia dos Carneiros, em uma ação que contou com participação da Abin, da Polícia Civil e do Ministério Público.

Por Marcelo Godoy

11/07/2023

Odair Lopes Mazzi Junior, o Dezinho, líder do PCC, foi preso na Praia dos Carneiros,
em Pernambuco Foto: Polícia Civil de Pernambuco
A polícia prendeu nesta terça-feira, 11, Odair Lopes Mazzi Junior, o Dezinho, líder do Primeiro Comando da Capital (PCC). Um dos chefes da chamada Sintonia Final, o grupo que controla as ações da facção criminosa indicados por Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, Dezinho foi apontado na Operação Sharks como o responsável pela lavagem de R$ 1 bilhão, enviados pelo grupo para o Paraguai.

Foragido desde 2020, o acusado estava escondido em um condomínio de luxo com sua mulher. Desde o desaparecimento de Marcos Roberto de Almeida, o Tuta – supostamente assassinado na Bolívia – e a prisão de Valdeci Alves dos Santos, o Colorido, em abril de 2022, em Salgueiro, também em Pernambuco, Dezinho tinha assumido também a tarefa de cuidar da logística do tráfico internacional de drogas.

Fotografias apreendidas pelo Ministério Público Estadual mostram a festa de casamento do acusado,
em que ele levou a mulher para passear de helicóptero Foto: Ministério Público de São Paulo
Dezinho era conhecido por gostar de ostentar riqueza. Seus endereços em São Paulo incluíam apartamento em Moema, na zona sul, e uma casa em um condomínio em Alhapville, em Santana do Parnaíba, na Grande São Paulo.

Fotografias apreendidas pelo Ministério Público Estadual mostram a festa de casamento do acusado, em que ele levou a mulher para passear de helicóptero, e outras fotos em que ele aparece em trajes tradicionais árabes – suspeita-se em viagem de lua de mel. Em outra imagem, ele e a mulher aparecem em capa da Revista Caras, como se estivessem na “Ilha de Caras”.

“Extremamente importante essa prisão. Ele (Dezinho), o Silvio Luiz Ferreira (Cebola) e o Patrick Velinton Salomão (Forjado) eram integrantes da sintonia final de rua do PCC. E, na Bolívia, o Sérgio Luiz de Freitas, o Mijão. A participação da ABIN e da Polícia Civil de Pernambuco foi importantíssima no sucesso dessa operação”, afirmou o promotor Lincoln Gakiya, do Grupo de Atuação Especial e Repressão ao crime Organizado (Gaeco).

Gakiya foi responsável pela denúncia dos acusados na Operação Sharks, que detectou em 2020
a lavagem de R$ 1,2 bilhão ganho pelo PCC com o tráfico internacional de drogas -Imagem: Leandro Leandro
Gakiya foi responsável pela denúncia dos acusados na Operação Sharks, que detectou em 2020 a lavagem de R$ 1,2 bilhão ganho pelo PCC com o tráfico internacional de drogas – a quantia não inclui os negócios particulares feitos por seus membros e associados. Os dados da contabilidade da facção mantida por Dezinho constavam de documentos apreendidos e se referiam ao período entre junho de 2018 e setembro de 2020.

A Justiça de São Paulo decretou a prisão de 18 acusados de pertencer à cúpula da facção na operação, a maior até então a investigar a lavagem de dinheiro da cúpula da organização criminosa. Eles teriam sido nomeados para a Sintonia Final por Marcola, em razão da transferência dele e de outros chefões do grupo para o sistema prisional federal, em 2019. Em razão da dificuldade de comunicação com a rua, era preciso entregar essa missão para pessoas da mais absoluta confiança de Marcola.

Dezinho é visto em fotos em que aparece em trajes tradicionais árabes. Investigadores suspeitam
que tenha sido sua viagem de lua de mel Foto: Ministério Público de São Paulo

Casas-cofre, laranjas e dólar-cabo

De acordo com dados da Sharks, a facção havia montado um esquema em que parte do dinheiro – cerca de R$ 200 milhões – fora movimentado por meio de contas bancárias em nomes de laranjas e de empresas fantasmas. O restante foi mantido em casas-cofre espalhadas pelo Estado de São Paulo e transportado em carros até ser entregue a doleiros, que remetiam os recursos para o exterior por meio do chamado dólar-cabo, a fim de a facção pagar seus fornecedores de drogas no Paraguai, na Bolívia e no Peru.

A rede de casas-cofre – o tesouro do PCC – foi criada para que o grupo mantivesse sua liquidez. A facção tinha, então, dificuldade para fazer a lavagem do dinheiro obtido com o tráfico internacional de cocaína. As casas ainda resolviam o problema. Os investigadores desconfiam que parte delas estava instalada em casas de luxo adquiridas pelo grupo em bairros nobres do Estado. Depois, a facção passou a investir em propriedades no Paraguai e imóveis na capital paulista.

Depois, investigações da PF, como a Operação Rei do Crime, detectaram que o PCC teria passado a usar esquema de doleiros. Entre eles estava o do ‘Banco do Crime’, investigado na Operação Tempestade, da PF, ele teria movimentado o dinheiro do tráfico por meio do mesmo sistema de lavagem de dinheiro dos suspeitos de movimentar recursos desviados de hospitais de campanha para a a pandemia de covid-19 no Rio, na gestão do governador cassado Wilson Witzel. Essa é uma das principais revelações da Operação Tempestade.

Dezinho era conhecido por gostar de ostentar riqueza. Fotos apreendidas pelo MP mostram
viagens do acusado Foto: Ministério Público de São Paulo
As investigações subsequentes apontam Dezinho como suspeito de ter movimentado cerca de 15 toneladas de cocaína em um único ano. “Ele era responsável pela logística de drogas, como a contratação de pessoas para beneficiar a pasta base de cocaína”, afirmou o promotor. 

A Diretoria de Inteligência da Polícia Civil de Pernambuco passou a monitorar o acusado depois de receber informações do Gaeco de São Paulo, que obteve ainda ao apoio da Central de Inteligência Nacional, mantida pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin), que coordenou as ações na área de inteligência.

Dezinho estava com documentos falsos quando foi detido pelos policiais civis. “Ele estava recebendo a visita da mulher, que estava de férias, quando foi capturado”, contou o promotor. Em 2020, ele escapara ao cerco da polícia quando vivia em um condomínio de luxo em Alphaville, na Grande Sâo Paulo. 

Atualmente, ele ainda é réu no processo da Operação Sharks. De acordo com o Gaeco, o PCC está em 22 países e contaria com cerca de 40 mil integrantes.

Vídeo da prisão


Fonte: Jornal O Estado de São Paulo
Vídeo: GNEWS

10 julho 2023

Cerca de 20 mulheres são detidas após tentarem entrar com drogas e carteiras falsas na PCE em Cuiabá/MT

Ao todo, nove mulheres tinham drogas presas ao corpo e outras 11 estavam com carteiras de visitante sem registro no sistema da unidade.

Por g1 MT

10/07/2023

Nove mulheres tentaram entrar com drogas presas ao corpo, e onze com documentos falsos na 
PCE em Cuiabá - Imagem: Secretaria de Segurança Pública (Sesp-MT)
Cerca de 20 mulheres foram detidas após serem flagradas por policiais penais tentando entrar na Penitenciária Central do Estado (PCE), em Cuiabá, com carteiras falsas e porções de drogas. A ocorrência foi registrada neste domingo (9).

Segundo a Polícia Penal, as mulheres não tinham feito a solicitação da produção das carteiras de visitantes, já que não constavam protocolos de entrada para a confecção dos documentos. Com isso, apontou que as carteiras eram falsas.

A substância estava embrulhada com plástico insulfilm e presa entre seu o corpo e a roupa íntima que ela usava. Com a outra, de 19 anos, foram localizados outros três pacotes, contendo 760 gramas de entorpecente.

Os flagranres ocorreram na Penitenciária Pascoal Ramos, mais conhecida como Penitenciária Central do Estado
A polícia penal também identificou que as mulheres não tinham feito a solicitação da produção das carteiras de visitantes, pois não constavam protocolos de entrada para a confecção dos documentos, apontando que eram falsos. 

Além disso, os dispositivos de segurança QR Code não eram compatíveis com nenhum código utilizado nas Carteiras Individuais de Visitantes (CIV), emitidas pela Secretaria Adjunta de Administração Penitenciária (Saap) da Secretaria de Segurança Pública (Sesp).

As mulheres, a droga e todas as carteiras foram apreendidas e encaminhadas para a Central de Flagrantes para as devidas providências que o caso requer.

Em abril mulheres tentaram entrar com barrigas falsas na PCE

Mulheres prendem drogas na barriga, se passam por gestantes e são presas ao tentarem
entrar em presídio - Imagem: Policia Penal/MT
Fonte: G1

Gravissímo: PRF de Rondônia é preso com mais de 500 kg de cocaína em MT

O policial rodoviário federal conseguiu fugir no momento da abordagem, mas foi preso em seguida.

Da Redação

Segunda-Feira, 10 de Julho de 2023

Polícia Militar apreende 542 quilos de cocaína dentro de veículo em Canarana, a ação foi registrada
 na noite desta sexta-feira (07); uma mulher foi presa em flagrante - Imagem: PMMT
Durante a ação, um policial rodoviário federal do Rio Grande do Norte (lotado em Rondônia) e uma mulher de 26 anos foram presos em flagrante por tráfico de drogas neste final de semana em Mato Grosso pelo envolvimento em um caso de sequestro, associação e tráfico de drogas na região do Araguaia. 

O registro foi feito pela Polícia Militar de Canarana, que fez a apreensão de mais de 500 kg de cocaína. Conforme o boletim de ocorrência, mais pessoas estavam envolvidas no caso. O policial conseguiu fugir no momento da abordagem, mas foi preso em seguida. 

Conforme a PM, durante deslocamento pela rodovia MT-242 em direção à cidade de Água Boa para realizar policiamento na festa "Expovale", os policiais depararam-se com um homem à beira da estrada, pedindo ajuda. O homem informou que vinha do distrito da Matinha em seu veículo quando viu um carro capotado e duas pessoas acenando por socorro.

Policiais militares da cidade de Canarana apreenderam 542 quilos de substância análoga a cloridrato de cocaína - Imagem: PMMT
De acordo com o homem, ele estava a caminho da cidade de Canarana quando visualizou uma caminhonete S-10 acidentada na beira da rodovia e duas pessoas pedindo ajuda. Ao parar o carro, um suspeito armado ordenou que fosse colocada diversas malas dentro da carroceria da F250 e que o motorista dirigisse em direção a cidade. 

No entanto, quando o veículo estava em movimento, o suspeito na carroceria começou a bater no teto, exigindo que o veículo parasse. Diante da recusa da vítima, o suspeito efetuou um disparo de arma de fogo.

De acordo com o boletim de ocorrência, temendo por sua segurança, a vítima parou o veículo e fugiu adentrando a mata próxima. Após o ocorrido, o suspeito assumiu a direção do veículo e seguiu para a cidade acompanhado de uma suspeita e a esposa de Campolim. 

Policial Rodovíário Federal estava conduzindo veículo carregado de cocaína que veio a se acidentar e acabou sendo preso - Imagem: PMMT
Pouco depois, a guarnição policial se deparou com um veículo semelhante ao carro da vítima e decidiu realizar uma abordagem. No entanto, ao perceberem a aproximação da polícia, os suspeitos abandonaram o veículo e fugiram para a mata.

Ao verificar o veículo, os policiais encontraram uma grande quantidade de drogas na carroceria. Foram apreendidos aproximadamente 542,200 kg de cocaína, dividida em 500 tabletes. 

Além disso, foram encontrados valores em dinheiro com uma suspeita detida. Ela portava R$ 1.890 em sua bolsa e mais R$ 200 na capinha de seu celular. No veículo capotado do casal suspeito, foi localizado um valor de R$ 1.152 em espécie.

O veículo capotado, uma Chevrolet S10 branca, também foi entregue à delegacia.

Fonte: PNB - Online PMMT

Filhos de PM torturaram e mataram tenente aposentado em SP, diz polícia

Quando os ladrões viram a farda do oficial passaram a torturá-lo com faca, coronhadas, choques, socos e pontapés na frente da família dele, porque a vítima era policial.

Josmar Jozino  

Colunista do UOL

10/07/2023

Quadrilha foi presa e o líder deles identificado como Salete (em cima à esquerda) comandava o bando Imagem: Reprodução
Violento, multirreincidente e ligado ao PCC (Primeiro Comando da Capital). Este é o perfil criminoso de Welington Aquino dos Santos, 35, o Salete, líder da quadrilha que torturou, sequestrou e matou o tenente aposentado da Polícia Militar, Ricardo Boide, 52, na noite do último dia 4, na Grande SP. Dois comparsas dele que participaram do crime são filhos de PM. O bando invadiu a casa de Boide em Itapecerica da Serra. 

Quando os ladrões viram a farda do oficial passaram a torturá-lo com faca, coronhadas, choques, socos e pontapés na frente da família dele, porque a vítima era policial. Os criminosos o sequestraram e o mataram a tiros em uma área rural.

Quatro assaltantes foram presos, incluindo Salete. Dois deles são filhos de um sargento reformado da PM. Segundo investigações coordenadas pelo delegado Hélio Bressan, titular da Seccional de Taboão da Serra, dias antes de invadir a casa do tenente, o líder do bando havia comandado arrastões em dois condomínios no município vizinho de Embu das Artes.

No dia 29 de junho, Salete e o bando invadiram o condomínio Quinta da Cachoeira. A quadrilha, armada até de espingarda, entrou na casa 2, bateu no morador e aterrorizou os dois filhos menores. Foram roubados telefone celular, vídeo game, notebook, relógio de pulso, roupas e boné.

O tenente aposentado da PM (Polícia Militar), de 52 anos, teve a casa invadida, foi torturado, sequestrado e morto, em Itapecerica da Serra, na região metropolitana de São Paulo

Tiro no rosto

Na casa de número 20, os criminosos agiram com mais violência ainda. O dono da residência, de 63 anos, tentou impedir a entrada dos ladrões e levou um tiro no rosto. Ele foi removido em estado crítico para o Hospital Regional de Cotia.

Parte dos assaltantes usava máscaras ninja. Além de roubar objetos de valor das residências, o grupo exigia dados bancários e senha das contas correntes das vítimas para realizar transferências via Pix pelo aplicativo do celular. Os criminosos utilizavam também maquininhas adquiridas em nome de "laranjas".

O bando fugiu assim que o morador foi ferido. Policiais militares foram acionados e prenderam Jhonatan de Souza Ferraz Paz, 27, o motorista que deu fuga para os comparsas. Uma das vítimas reconheceu Salete como o assaltante que o ameaçou de morte e o obrigou a fornecer a senha bancária.

Segundo a Polícia Civil, no dia 19 de junho, Salete e outros oito ladrões entraram no condomínio Jardim dos Ipês, também em Embu das Artes, e roubaram duas casas. As vítimas foram amarradas. O bando fez diversas transferências via Pix e levou joias, telefones celulares e objetos de valor.

Na fuga, os assaltantes se dividiram em dois veículos. Uma das vítimas, de 62 anos, foi feita refém e teve de dirigir a própria caminhonete. Ela acabou abandonada nas imediações da Rodovia Regis Bittencourt, onde pediu ajuda a uma pessoa que passava pelo local.

Matéria jornalística

Ladrões são filhos de sargento da PM

Em todos esses arrastões, o bando de Salete se comunicava por telefone com outras comparsas e fazia inclusive chamadas de vídeos, mostrando imagens de vítimas sendo torturadas. Foi assim que os criminosos agiram na casa do tenente Boide.

O oficial foi muito torturado. Os criminosos o espancaram com um cassetete, o cortaram com a faca dele e lhe aplicaram vários choques com uma maquininha que carregavam. Os assaltantes usaram um cobertor para cobrir a cabeça das demais pessoas que estavam na casa.

A quadrilha transferiu em torno de R$ 100 mil das vítimas via Pix e roubou armas, joias e a aliança do PM. Boide, muitommachucado e com o rosto sangrando, foi colocado no Corsa vermelho da enteada dele e levado como refém. O corpo foiencontrado em uma estrada a 1,5 km da casa onde morava.

Investigadores da equipe do delegado Pedro Buck, titular da Delegacia de Embu das Artes, realizaram várias diligências na região e prenderam Salete nas imediações da casa dele. O líder da quadrilha tentou fugir pelo telhado, mas foi alcançado e dominado.

Com eles, os policiais civis apreenderam a aliança e a faca roubadas do tenente. As vítimas dos arrastões nos condomínios de Embu das Artes também o reconheceram como um dos participantes nos assaltos violentos.

Além de Salete, a equipe de Pedro Buk prendeu os irmãos Alexandre Alencar Reif, 27, e Erick Alencar Reif, 26. Ambos são filhos de um sargento aposentado da PM, e, segundo a Polícia Civil, foram reconhecidos pelos familiares do tenente Boide como autores do roubo na casa dele. A pistola roubada do oficial foi apreendida na residência dos dois.

Polícia Cívil e Polícia Militar depois de buscas e investigações localizam o corpo do Tenente
 Ricardo Boide e prendem seus assassinos - Imagem: Reprodução

Tatuagem entregou filho de PM suspeito e preso por morte de tenente em SP

Erick Alencar Reif, 26, um dos quatro presos acusados de torturar, sequestrar e matar o tenente aposentado da Polícia Militar Ricardo Boide, 52, foi reconhecido por um parente da vítima graças a tatuagens no pescoço e no ombro. 

O crime ocorreu no último dia 4, em Itapecerica da Serra, na Grande São Paulo, O irmão dele, Alexandre Alencar Reif, 28, não teria usado máscara no dia do crime e foi reconhecido pela mesma testemunha com 100% de certeza. Ambos são filhos de um sargento reformado da PM.

Erick negou envolvimento no crime, ao ser ouvido pelo delegado titular de Embu das Artes, Pedro Buk, responsável pela prisão da quadrilha, mas contou que ficou preso durante dois anos por roubo. A coluna apurou que ele foi condenado a 8 anos e 10 meses e saiu da prisão em fevereiro deste ano.

Os irmãos foram presos em casa, no dia 5, em Embu das Artes, por investigadores da equipe de Pedro Buk. Segundo policiais civis, Erick estava embriagado e deitado no quarto. Sob a cama, os agentes encontraram uma pistola 9 mm, preta, carregada de balas, roubada da casa do tenente. 

Alexandre não tinha antecedentes criminais. Quando viu os investigadores se aproximando de sua casa, tentou pular o muro para fugir, mas acabou contido e algemado. Na delegacia, o suspeito se reservou ao direito de falar apenas em juízo.

Penitenciária de Junqueirópolis situada no Oeste Paulista e assim como 99% das Unidades Prisionais
do estado de São Paulo, dominadas pela Facção Primeiro Comando da Capital (PCC) - Imagem: Reprodução

Presídios dominados pelo PCC

O quarto assaltante preso foi identificado como Jhonatan Santos do Vale, 26. As vítimas contaram à polícia que durante o roubo à casa do tenente, o ladrão retirou o capuz. Ele também acabou reconhecido sem sombra de dúvidas como um dos envolvidos no assalto.

Salete, o líder da quadrilha, já ficou recolhido em prisões dominadas por presos integrantes do PCC, como as Penitenciárias de Parelheiros e Franco da Rocha, na Grande São Paulo, e de Junqueirópolis e Assis, na região oeste do Estado.

Em 16 de março de 2023, Salete foi beneficiado pela Justiça com a progressão para o regime aberto. Ele estava recolhido no CPP (Centro de Progressão Penitenciária) de Franco da Rocha. Contra ele havia dois mandados de prisões expedidos pela Justiça de Embu das Artes.

A reportagem não conseguiu contato com os advogados de Welington, Jhonatan Santos, Erick, Alexandre e Jhonatan Paz, mas publicará a versão dos defensores de todos eles na íntegra, caso haja manifestação. O espaço continua aberto a todos.

Ladrões cruéis segundo o Delegado

Fonte: UOL

Video: Band/UOL