20 março 2024

Câmara aprova projeto que restringe saída temporária de presos

Texto será enviado à sanção presidencial, e que poderá ser sancionado ou vetado.

Reportagem – Eduardo Piovesan

Edição – Pierre Triboli

20/03/2024

Guilherme Derrite,  deputado federal, relator do projeto e atual secretário de Segurança Pública
do estado de São Paulo - Imagem: Mario Agra/Câmara dos Deputados
A Câmara dos Deputados aprovou proposta que restringe a saída temporária de presos. Segundo o texto aprovado nesta quarta-feira (20), esse benefício será concedido aos detentos em regime semiaberto apenas se for para cursar supletivo profissionalizante, ensino médio ou superior.

Atualmente, a Lei de Execução Penal (Lei 7.210/84) também permite a saída temporária por até sete dias em quatro vezes durante o ano para visita à família ou participação em atividades que ajudem no retorno ao convívio social.

Se for para cursar supletivo profissionalizante, ensino médio ou superior, o prazo será o necessário para cumprir as atividades escolares.

O texto aprovado (emendas do Senado ao Projeto de Lei 2253/22) será enviado à sanção presidencial.

Câmara aprova fim da “saidinha” de presos; Texto já havia sido aprovado pelo Senado em fevereiro
e voltou à Câmara devido às alterações - Imagem: Agência Câmara

Regime semiaberto

O regime semiaberto é aplicável a quem cumpre penas de 4 a 8 anos se não for reincidente. Nesse modelo, a pessoa pode fazer cursos ou trabalhar em locais previamente definidos fora da unidade prisional durante o dia e regressar no período noturno.

O texto que irá à sanção foi aprovado pela Câmara em 2022 na forma do substitutivo do relator, deputado Guilherme Derrite (PL-SP), com as emendas dos senadores.

Com a mudança enviada pelo Senado, o condenado que cumpre pena por praticar crime hediondo ou com violência ou grave ameaça contra pessoa não poderá realizar trabalho externo sem vigilância direta.

Segundo alguns analistas de Direito Criminal e de Segurança Pública, o fim das
"saídas temporárias" são um enorme retrocesso da legislação penal no Brasil

Progressão

O projeto trata ainda de outros pontos, prevendo que a progressão de regime (de fechado para semiaberto) dependerá de exame criminológico favorável, além de o preso seguir as demais exigências da lei, como bom comportamento e cumprimento mínimo da pena no regime anterior.

No caso da progressão para o regime aberto, além da nova exigência de exame criminológico, o condenado deverá também mostrar indícios de que irá se ajustar com baixa periculosidade ao novo regime.

O juiz poderá determinar ainda o uso de tornozeleira eletrônica no regime aberto, situação permitida atualmente apenas no regime semiaberto.

Outra permissão dada ao magistrado da execução penal é exigir do preso o uso de tornozeleira quando estiver em liberdade condicional ou quando impor pena restritiva de frequência a lugares específicos.

Turista e morador de SP foi baleado e morto em casa de veraneio em Itanhaém, no litoral de SP;
por preso do CPP de Mongaguá em "saída temporária" em 16/03/2024, semana passada  - Foto: Reprodução

Sentimento de impunidade

O relator da proposta, Guilherme Derrite, afirmou que as estatísticas demonstram aumento do número de ocorrências criminais após saídas temporárias atreladas a datas comemorativas, como Dia das Mães e Natal. "Essa hipótese causa a todos um sentimento de impunidade sem qualquer contraprestação efetiva à sociedade", disse.

De 2006 a 2023, só no estado de São Paulo, mais de 128 mil criminosos não voltaram para os presídios após a saída temporária, segundo o relator. “Se cada um deles tiver cometido um crime por ano, foram mais de 2 milhões de vítimas por esse benefício”, afirmou Derrite, que é secretário de Segurança Pública do estado de São Paulo e retornou ao mandato parlamentar apenas para relatar a proposta.

Para o líder da oposição, deputado Carlos Jordy (PL-RJ), o projeto marca o combate à impunidade. "Eles terão direito de cursar um curso profissionalizante, terminar o segundo grau, concluir a faculdade."

Segundo alguns deputados o projeto aprovado pela Câmara acaba com o mecanismo da ressocialização

Fim da ressocialização

Já o autor da proposta, deputado Pedro Paulo (PSD-RJ), criticou a versão final do texto. Segundo ele, o projeto aprovado pela Câmara acaba com o mecanismo de ressocialização de presos. “Só sair para estudar e trabalhar não é ressocializar”, disse.

Ele ressaltou que o projeto original não previa a extinção da saída temporária, mas sim obrigava a União a monitorar presos por meio de tornozeleiras ou pulseiras com GPS.

Segundo Pedro Paulo, no último Natal, 35 mil presos no estado de São Paulo tiveram direito ao benefício e apenas 81 cometeram algum delito. “Por causa de 81, vamos prejudicar 35 mil que tiveram esse direito para, aos poucos, fazer a ressocialização. Isso vai causar uma profunda revolta no sistema presidiário”, declarou.

O deputado Pastor Henrique Vieira (Psol-RJ) afirmou que a proposta vai penalizar 95% das pessoas que cumprem a medida por causa de menos de 1% que não cumpre. "Não podemos pensar política pública e legislação com base em exceção, negando os dados concretos", disse.

Ele falou que a medida sinalizará aos presos que bom comportamento não é mais balizador para progressão de pena. "O debate está sendo feito de forma sensacionalista, que não resolve o problema da segurança pública", disse Henrique Vieira.

Caixão do Sargento Roger Dias da Cunha chegou no cemitério coberto pela bandeira do Brasil - Imagem: Renato Rios Neto/Itatiaia

Favoráveis ao projeto

Para o deputado Coronel Assis (União-MT), a chamada saidinha é uma "excrecência jurídica" porque foi deturpada. Ele disse que, em outros países, existe figura jurídica parecida, mas a liberdade está condicionada a diversos fatores a serem observados.

O deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) e outros parlamentares lembraram o homicídio em janeiro de um sargento mineiro por um preso que estava de saída temporária. "Infelizmente, ele teve a sua vida ceifada por conta de um direito, na verdade, um privilégio, de um bandido que estava sob a saidinha", disse Ferreira.

Já o deputado Reimont (PT-RJ) disse que a defesa de alguns deputados do fim da saída temporária é filosoficamente contraditória com os pedidos de anistia pelos envolvidos nos ataques às sedes dos três Poderes em 8 de janeiro de 2023. "Aqui estão reclamando da saidinha, mas estão quase chorando para pedir anistia", afirmou.

Fonte: Agência Câmara de Notícias

19 comentários:

  1. Quem ficou com dó,leva para casa! 😬

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Isso resolveu todos os problemas da segurança pública 🤠🤠🤡🤡💩💩

      Excluir
    2. Leva uns 10 para o seu barraco que resolve!🤬

      Excluir
  2. Meu instinto de sobrevivência básico jamais vai torcer para haver rebeliões sob o fundamento de receber esmolas do governo. Todos do fundão são potenciais reféns, com risco altíssimo de morte (lembram de Campinas?).
    A "gestão " deve agir com inteligência e prevenção, porquê os detentos vão chiar mesmo.
    Sábio é quem evita, não quem resolve.

    ResponderExcluir
  3. Até que enfim aprovaram alguma coisa útil pra sociedade

    ResponderExcluir
  4. Sanção do presidente?! Façam suas apostas!

    ResponderExcluir
  5. Kardilho vulgo Guarda Juju do Marrey, vão quebrar as cadeias igualzinho o que fiz com sua cara... priiii piiiiiii piiiii priiii piiiiiii piiiii priiii

    ResponderExcluir
  6. Eu acho que resolve pouco isso, o problema é a progressão de regime, com certeza vão fazer manobras, para o sentenciado que tem direito a saidinha migrar diretamente para o regime aberto, tem que ficar esperto.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Acha que ele nunca vai sair pra rua? Inocente , tá com cara de bozo

      Excluir
  7. Inicialmente falava-se no fim das saidinhas e aquilo que constatamos é que houve algumas alterações, por mais que diminua o número de presos circulando nas ruas muitos ainda irão sair, uma vez que, o número de presos matriculados para concluirem os estudos irá aumentar. Ou seja, esperava-se o fim das saidinhas e o que fizeram foi remanejar a bandidagem para ambientes escolares, a sociedade esperava por mais.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Acredito que o presidente não irá nem vetar e nem sacionar, vai deixar passar o tempo, e em 15 dias tem que voltar ao Legislativo, e a responsabilidade será deles de sancionar a Lei.

      Excluir
  8. Colocaram o ladrão de nove dedos em uma saia justa , se vetar vai ficar mal na fita com a população e se sancionar vai ficar mal na fita com os bandidos ! 🤣

    ResponderExcluir
  9. Como ele nem cara de bobo tem, vai passar para o Pai da Criança, os Legisladores. Foram eles que criaram, eles que o embalem, e a responsabilidade será deles. Mas vamos esperar para ver.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Não duvido ! A esquerda quando é para combater o crime sempre acende uma vela para Deus e outra para o diabo , sempre fica em cima do muro , e o povo que se lasque!😬

      Excluir
  10. Quero é saber da polícia penal, com ou sem saidinha pra mim não muda nada de nada, isso é conversa fiada, oque muda sim pra mim é oque virá da polícia penal

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Chegou o defensor dos presos, o defensor das saidinhas. Não muda na sua vidinha, mas muda e muito pra sociedade.

      É uma melhora para o povo brasileiro.

      Quer ser puliça, preste concurso para tal. Entrou no catadão da lei 500 e agora quer só privilégios.

      Vai estudar, jão.

      Excluir
    2. Com a polícia penal vc será acautelado com o INVEJÁVEL apito tático priiii piiiiiii piiiii priiii piiiiiii piiiii parabéns pela conquista

      Excluir

Deixe seu comentário e obrigado pela sua colaboração.