Polícia encontrou armamento, dinheiro e joias na casa de dono da Transwolff, responsável por linhas da Zona Sul da capital. Investigação aponta ligação dele e do dono da Upbus, que opera na Zona Leste, com o Primeiro Comando da Capital (PCC).
Por Bruno Tavares, TV Globo e g1 SP
09/04/2024
Viaturas da Polícia Militar preparadas para deflagração da Operação Fim da Linha - Foto: SSP/ Divulgação |
Também foram cumpridos 52 mandados de busca e apreensão relacionados aos envolvidos. Eles são suspeitos de ligação com a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC).
Foram presos:
*Luiz Carlos Efigênio Pacheco, conhecido como "Pandora", dono da Transwolff, preso dentro de casa;
*Robson Flares Lopes Pontes, dirigente da Transwolff, preso na garagem da Transwolff;
*Joelson Santos da Silva;
*Elio Rodrigues dos Santos, preso em flagrante por porte de arma.
As ações ocorreram na capital, Grande São Paulo e em cidades do interior paulista. No imóvel de um dos dirigentes, foram encontrados diversos fuzis, revólveres, além de dinheiro e joias.
Armamento encontrado na casa de dirigente de empresa de ônibus de SP, alvo de operação do MP - Foto: Divulgação/MP |
As decisões judiciais estabelecem também o bloqueio de bens dos investigados, no valor máximo de quase R$ 600 milhões.
Os dirigentes das empresas devem se afastar dos cargos e cinco deles, ligados à UPBus, terão de cumprir medidas medidas cautelares - entre elas a proibição de frequentar a empresa de se ausentar da cidade sem comunicação prévia à Justiça.
A operação é realizada pela polícia Militar, Receita Federal e pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica, o Cade, órgão vinculado ao Ministério da Justiça e Segurança Pública que fiscaliza e combate abusos de poder econômico.
Armas encontradas em casa de dono de empresa de ônibus de SP - Foto: Divulgação/MP |
Investigação
Durante quase cinco anos de investigação, os promotores do grupo de combate ao crime organizado (Gaeco) reuniram indícios de que as empresas eram usadas pela facção criminosa para lavar dinheiro do tráfico de drogas e de outros crimes.
A suspeitas de que o crime organizado estava infiltrado no transporte público de São Paulo vêm desde os anos 1990, quando parte do sistema era operado por perueiros clandestinos, que faziam o trajeto entre os bairros mais afastados e os terminais de ônibus.
Em 2003, a prefeitura da capital transferiu a operação das linhas para a iniciativa privada. Parte do sistema ficou com as grandes empresas de ônibus e os itinerários mais curtos passaram a ser feitos por cooperativas. A maior delas era a Cooperpam, com sede na Zona Sul.
Ao longo dos anos, segundo o MP, os dirigentes dessa cooperativa montaram uma empresa e passaram a pressionar e até ameaçar os cooperados a transferir o controle da cooperativa para essa outra companhia, chamada de TW ou Transwolff.
Joias e relógios encontrados pela polícia em residência de dono de empresa de ônibus da capital paulista — Foto: Divulgação/MP |
Dez anos depois, em 2013, quando o primeiro contrato de permissão da Prefeitura de SP chegou ao fim para todas as empresas, a Transwolff conseguiu assinar um contrato emergencial, que foi prorrogado durante anos, devido a um impasse no processo de concessão.
Só em 2019, depois que o TCM liberou a licitação, a prefeitura da capital assinou 32 contratos para a concessão das linhas de ônibus da cidade, por um prazo de 15 anos.
No caso da UPBus, o Ministério Público afirma que os diretores integram a cúpula da facção criminosa. Um dos donos da empresa era Anselmo Bicheli Santa Fausta, conhecido como “Cara Preta” e Claúdio Marcos de Almeida, o "Jango".
A morte de "Jango"
Os promotores descobriram que outros chefes da facção criminosa fazem parte da direção da UPBus. Dois deles aparecem entre os sócios: Alexandre Salles Brito, chamado de "Buiú", e Claudio Marcos de Almeida, o "Jango". Eles já foram alvo de investigação por crimes graves como homicídios, tráfico de drogas, sequestros e roubo a bancos.
Parentes dos investigados também entraram para a sociedade. Segundo a investigação, eles têm profissões ou exercem atividades econômicas incompatíveis com o capital investido na UPBus.
Efetivo
É o maior efetivo já usado em uma operação do Ministério Público. Ao todo, são 340 policiais militares, 106 viaturas compreendendo todas unidades do Comando de policiamento de choque (1° BPChq, 2° BPChq, 3° BPChq, 4°BPChq, 5° BPChq e RPMon), bem como os agentes de inteligência.
Força externa empregada 43 agentes da receita federal com 20 viaturas, 64 membros do ministério público e 2 agentes do CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica).
Fonte: G1/O GLOBO
Vídeo: BAND/BRASIL URGENTE
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