21 maio 2024

Estudantes contrários a escolas cívico-militares são agredidos e detidos por PMs na Alesp

Alunos foram à Alesp na tarde desta terça-feira (21) protestar contra o projeto de Tarcísio, que está em votação.

Isabela Palhares

Paulo Eduardo Dias

21.mai.2024 às 17h32

Policiais entram em confronto com estudantes contrários às escolas cívico-militares em São Paulo, na Alesp, nesta terça (21) - Reprodução/X
SÃO PAULO - Estudantes contrários ao projeto de criação de escolas cívico-militares em São Paulo foram agredidos e detidos na tarde desta terça-feira (21) na Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo). A proposta, do governo Tarcísio de Freitas (Republicanos), entrou em votação nesta terça.

Para impedir a entrada dos estudantes na galeria do plenário, policiais do Baep (Batalhão de Ações Especiais de Polícia) usaram escudos para conter os adolescentes. Vídeos feitos pelos manifestantes também mostram policiais agredindo estudantes com cassetetes.

Ao menos sete pessoas foram apreendidas. Para evitar a entrada dos manifestantes, os elevadores que dão acesso ao plenário foram deligados, e as portas antichamas foram fechadas.

O confronto teve início após a polícia legislativa impedir a entrada de todos os estudantes no plenário. A sessão teve início às 16h30; às 17h a galeria ainda permanecia praticamente vazia, e mesmo assim os jovens foram impedidos de entrar.

André do Prado (PL), presidente da Alesp, disse que "medidas de segurança" precisaram ser adotadas pela Casa sob o risco de haver uma invasão ao plenário. Ele não comentou sobre os jovens apreendidos ou agredidos.

O deputado Edmir Chedid (União) reclamou das medidas adotadas pela PM para conter os estudantes e também da forma apressada com que o governo tem pressionado para o projeto ser aprovado.

"Eu sou quase uma pessoa com deficiência e não tem um elevador funcionando nessa Casa. Eu desci, quase cai, porque quero votar. É um projeto importante do governo, mas não é razoável que o governo não deixe tempo para a gente apreciar o projeto", disse o deputado da base aliada do governador.

O governado Tarcísio enviou o projeto que cria as escolas cívico-militares para a Alesp no início de março, com a expectativa de aprová-lo ainda no primeiro semestre deste ano para abrir 50 unidades com o modelo já no próximo ano.

O projeto teve uma tramitação célere, pouco mais de dois meses e apenas uma audiência pública para debater a proposta.

A base do governador está mobilizada para aprovar o projeto ainda nesta terça-feira. Tarcísio elegeu as escolas cívico-militares como uma das principais bandeiras para a área da educação, em um aceno à base bolsonarista.

Tarcísio passou a prometer o modelo para se contrapor ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), quando o governo federal decidiu acabar com o programa nacional de fomento a escolas cívico-militares criado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Apesar de ser uma forte aposta do governo para agradar a base bolsonarista, os secretários de Educação, Renato Feder, e da Segurança Pública, Guilherme Derrite, não foram à Alesp para apresentar o projeto. Também não foi apresentado nenhum estudo que comprove os benefícios educacionais do modelo ou estudo de impacto na formação dos estudantes.

O projeto de Tarcísio prevê que os policiais militares da reserva que atuarem em escolas cívico-militares vão receber mais do que os professore da rede estadual paulista. O projeto do governador propõe pagar um adicional de até R$ 6.034 aos agentes de segurança —valor 13% superior ao piso dos docentes em São Paulo.

Segundo a proposta de Tarcísio, os PMs da reserva vão atuar nessas escolas para cuidar da "segurança escolar" e desenvolver "atividades extracurriculares de natureza cívico-militar". Para isso, vão receber um complemento de R$ 301,70 a cada jornada diária de 8 horas —com a possibilidade de cumprirem até 40 horas de trabalho por semana.

O valor total que os policiais podem receber apenas de complemento, já que ainda continuarão recebendo os soldos da reserva, é 13% maior do que os R$ 5.300 definidos como piso salarial para os professores da rede estadual com jornada de 40 horas semanais.

EXTINÇÃO DO PROGRAMA FEDERAL

Em julho do ano passado, o governo Lula iniciou o processo de extinção total do programa federal de fomento a escolas cívico-militares, uma bandeira de Bolsonaro.

O Ministério da Educação petista, comandado por Camilo Santana, fez um estudo jurídico sobre o tema que apontou que o modelo fere a Constituição e as diretrizes da educação brasileira.

O artigo 61 da LDB, que define as qualificações necessárias para os profissionais da educação básica escolar, diz que eles devem ser habilitados para a docência. Exigência que não é feita aos militares que atuam nas escolas.

O Estatuto dos Militares também não prevê, em nenhum de seus dispositivos, que faça parte de suas atribuições a atuação dedicada às políticas públicas de educação.

O estudo do MEC também alertou que a alocação de militares em funções escolares é "um flagrante desvio de sua finalidade enquanto estrutura de Estado", além de ter chamado a atenção para os salários pagos aos oficiais, muito superiores aos valores recebidos por docentes e até mesmo diretores escolares.

"Os investimentos robustos para manter militares reformados nas escolas públicas de ensino fundamental e médio em atividades de assessoria e suporte parecem debochar da escassez de recursos que as redes de ensino conseguem mobilizar para o pagamento de seu próprio pessoal", diz o estudo.

Apesar do entendimento de que o modelo fere as legislações educacionais do país, o governo Lula não proibiu ou regulamentou sobre a presença de militares nas escolas. Na ocasião, especialistas apontaram que a decisão da gestão petista poderia impulsionar a bandeira bolsonarista de militarização da educação básica.

Fonte: Jornal Folha de São Paulo

9 comentários:

  1. Se a essência pedagógica não for desvirtuada por ideologias bolsonaristas cancerosas, um pouco de disciplina não fará mal a esta geração de mimados idiotizados parasitas de celular que estão se tornando as crianças brasileiras. Agora se for transformar as escolas paulistas em redutos para reconstrução cognitiva visando implementar doutrinação ideológica do gado, aí sou contra.
    Já tem psicopata de sobra neste sofrido Estado.

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    1. E vocâ ainda tem duvidas se é ou não para doutrinar ídeológicamente as crianças? Tirar o poder de questionamento e da dúvida? Ficar com medo de perguntar se é certo ou errado o que estão aprendendo, pois sabem que quem dá as aulas são pessoas doutrinadas? E que estão ali apenas para também doutrinar, obedecer sem questionar. Querem tirar o poder de raciocínio e de escolhas de nossas crianças e jovens e tranforma-los em robôs.

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    2. doutrinar para um lado, eu não vejo reclamando...elas estão desvirtuada por causa das ideologias da esquerda que são implantadas cada vez mais...escola não é lugar de doutrinação política...

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    3. Leandro, agora você literalmente forçou a barra e fez um comentário simplesmente que me deixou perplexo. Está então afirmando que o sistema de ensino atual é o melhor? Meu caro, converse com professores, neste momento estou conversando com uma, as ideologias Karl Marxistas já foram impostas há décadas nas escolas brasileiras e simplesmente destruíram as gerações de jovens que hoje estão entre 15 e 25 anos. Não sei qual a sua idade, mas espero que viva anos o suficiente para ver que nao haverá qualificação, me refiro a mão de obra qualificada para suprir profissões das mais variadas aéreas e ramos. O primeiro comentário é cirúrgico, bem como o do Márcio, agora o seu tem viés totalmente político.

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    4. Depende de como você vê as coisas e por qual prisma. Eu tenho 61 anos de idade e cresci na Ditadura militar, inclusive fomos acovardados por eles. Matavam estudantes que protestavam, da mesma maneira que bateram e prenderam ontem estudantes que protestavam. As professoras do ginásio nos davam livros escondidos para nós lermos. Nas bibliotecas não tinham, havia apenas a Coleção Vagalume e algumas poucas obras brasileiras. Meu filho caçula tem 24 anos e acabou de se formar em Programação de Sistemas e já foi contratado com salários iniciais de R$12.000,00, pois falta bons programadores de sistemas, e meu neto mais velho esta com 19 anos de idade e fazendo o 2º ano de Engenharia de Software na Universidade Tecnológica Federal do Paraná, a UTF-PR, Universidade esta construida voce deve saber por quem, o que ocorre é que os atuais pais terceirizaram a educação dos filhos para os Professores, e eu falo com conhecimento de causa, sou formado em Magistério, e fiz estágio em escolas públicas e também lecionei, assim como também sou formado em Direito, e afirmo a você, se temos jovens perdidos sem saberem o que querem, é por conta das facilidades que o mundo moderno oferece a eles, os pais, pois estes não querem saber de educar mais os filhos, isso é comum, pode perguntar para qualquer professor. Eu quando garoto, além de apanhar da professora e até uma determinada vez da Diretora da Escola, a EEPSG Eliazar Braga em Pederneiras, quando cheguei em casa apanhei de minha mãe também. Então, assim como eu fui educado, também eduquei meus filhos e não terceirizei esta missão aos professores que estão lá para ensinar conhecimentos e não educar crianças, minha filha mais velha segue a mesma cartilha. Pais são obrigados e orientar e educar os filhos, ajudar a fazer as lições, dar exemplos, cobrar quando estão incorrendo em erros e ensinar que serem obedientes aos mais velhos, aos pais e aos familiares e serem educados com todos não é mérito algum, isso é obrigação. É o que todos devem ser e fazer. Que ser honesto, não mentir, saber respeitar o espaço alheio e entender que a sua liberdade termina onde começa a do seu semelhante, bem como respeitar as opções e escolhas das pessoas, que pensam diferente de você também não é nada de excepcional, e que também nada mais é que uma obrigação. Um dever apenas. Mas isso tudo se aprende em casa, e não nas escolas, professor não vai a sala de aula para educar filhos de pessoas que eles nem mesmo conhecem, mas o que temos atualmente é uma geração que tenta de todo jeito e maneira escapar de sua responsabilidade enquanto pai e mãe. E enquanto não tivermos pais com educação suficiente para entender isso, então teremos crianças, adolescentes e homens incapazes, irresponsáveis e também despreocupados com a educação das gerações vindouras. Acreditar que uma Escola Militar é a resposta para tudo, é aceitar que a Coréia do Norte está no caminho certo, pois lá sim todas as Escolas são de fato militares, e detalhe, á Coréia do Norte é o único Pais do Mundo Civilizado, que é Comunista de fato. O restante dos paises se rendeu ao Capitalismo e as benesses que ele proporciona. E por último vivemos em uma democracia capitalista.

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  2. E pro guardinha 300,00 ; 1 camiseta e 1 cursinho tático
    Vai lá vota de novo

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  3. Estudantes estão c a razão. Escola cívico militar do serve de cabide p PM e milico. A qualidade de ensino é ruim e tem péssimo desempenho no Enem

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