04 setembro 2024

Tentativa de fuga acaba com 129 mortos em prisão superlotada em Kinshasa no Congo

Ao menos 59 pessoas ficaram feridas, e houve casos de mulheres violentadas; com capacidade projetada para 1,5 mil pessoas, o presídio abrigava entre 14 ou 15.000 mil detentos.

Por O Globo e agências internacionais — Kinshasa

03/09/2024

Veículo policial com oficiais militares deixa a prisão de Makala, em Kinshasa, na
República Democrática do Congo, em 3 de setembro de 2024 - Foto: Hardy BOPE / AFP
Pelo menos 129 pessoas morreram durante uma tentativa de fuga na maior prisão da República Democrática do Congo, disseram as autoridades do país nesta terça-feira. Esta foi a mais recente crise a atingir uma instalação de detenção superlotada na região, notória por condições que grupos de direitos humanos há muito tempo denunciam como desumanas. Segundo o governo local, 24 detentos morreram de ferimentos de bala após tiros de advertência terem sido disparados. A maior parte, porém, morreu por sufocamento ou esmagamento.

Segundo o ministro do Interior do Congo, Jacquemain Shabani, 59 pessoas ficaram feridas, e houve casos de mulheres violentadas. Diversas partes do local foram incendiadas durante a tentativa de fuga, ocorrida na madrugada desta segunda-feira. Até a tarde desta terça não estava claro se algum detento conseguiu escapar da Prisão Central de Makala, a única em Kinshasa, capital do Congo e uma das cidades mais populosas da África. Com capacidade projetada para 1,5 mil pessoas, o presídio abrigava no momento entre 14.000 e 15.000 detentos, de acordo com um relatório de outubro de 2023 da ONG Anistia Internacional.

Reforços militares caminham na entrada da Prisão de Makala em Kinshasa - Imagem: Hardy Bope / AFP
Disparos foram ouvidos na noite desta segunda-feira na prisão, segundo relatos da mídia local e vídeos publicados nas redes sociais. Stanis Bujakera Tshiamala, um conhecido jornalista congolês que cumpriu pena em Makala no ano passado, mas que já foi solto, compartilhou um vídeo mostrando uma cena caótica, com detentos correndo enquanto tiros eram disparados ao redor deles. Em outro registro publicado por ele e filmado à noite, vários detentos estão em pé ao redor do que parece ser um cadáver dentro da prisão. Várias gravações verificadas pelo The Times foram filmadas dentro do complexo prisional.

Em um deles, que apresenta imagens gráficas, uma multidão aparece reunida ao redor de pelo menos 25 corpos. Em outro, é possível ver que os mortos foram retirados do terreno e carregados num caminhão. Shabani, o ministro do Interior, disse que os detentos que morreram por ferimentos de bala foram atingidos “após aviso”. Grupos de direitos humanos denunciam há anos as condições de detenção na prisão de Makala, uma instalação construída em 1957, antes de o Congo se tornar independente da Bélgica, e que sofreu poucas reformas desde então.

— Esta é também uma oportunidade para elogiar todos os serviços de segurança, a polícia nacional e o Exército, que responderam rapidamente e conseguiram conter a situação, impedindo a fuga — disse Shabani, o ministro do Interior. — Houve de fato danos, incluindo perda de vidas, ferimentos e especialmente danos materiais na prisão central. Infelizmente, a administração e os cartórios pegaram fogo. Essas são situações urgentes que estamos tratando no momento.

             

A violência ocorreu enquanto o presidente do Congo, Felix Tshisekedi, estava em Pequim para um fórum sobre cooperação China-África. Com mais de 100 milhões de habitantes, a República Democrática do Congo tem enfrentado múltiplas crises, incluindo um surto mortal de varíola dos macacos e um conflito em sua região oriental que matou mais de seis milhões de pessoas e já deslocou milhões de outras nas últimas três décadas. O porta-voz do governo do Congo, Patrick Muyaya, também estava viajando com Tshisekedi em Pequim e não comentou o caso.

O ministro da Justiça, Constant Mutamba, indicou no X que “há investigações em andamento para identificar e punir severamente os responsáveis por esses atos de sabotagem”. Ele também anunciou que a transferência de prisioneiros para esta prisão será suspensa até novo aviso. Grupos de direitos humanos pediram uma investigação internacional sobre o que aconteceu.

No ano passado, mais de 500 detentos morreram por asfixia e várias doenças na penitenciária, de acordo com Emmanuel Adu Cole, um defensor dos direitos humanos. Vídeos sem data compartilhados este ano por Bujakera, o jornalista congolês, mostram detentos exaustos em salas de detenção e banheiros, incapazes de se sentar ou deitar. Em 2020, a BBC falou com um funcionário da prisão que descreveu como as pessoas morriam na Prisão Central de Makala por causa das péssimas condições do local, incluindo escassez de alimentos e falta de higiene. Sete anos atrás, pelo menos 4 mil presos escaparam da mesma prisão.

Ainda em 2020, quando a rede britânica conversou com um funcionário da prisão, estimava-se que apenas 6% dos detentos estavam realmente cumprindo penas. O restante aguardava andamento no sistema jurídico da República Democrática do Congo, onde os casos podem se arrastar por anos. (Com New York Times)

Fonte: Jornal O Globo

Vídeo: RTVE Noticias

9 comentários:

  1. Os cansados da muralha iriam resolver essa rebelião munidos apenas de 1 caneta, 1 prancheta e 1 frase: INDIVÍDUO INFRATOR, QUAL O SEU ROMEU GOLF?

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    1. Vc iria resolver com o INVEJÁVEL apito tático priiii piiiiiii piiiii priiii piiiiiii piiiii priiii parabéns pela conquista guarda Juju.

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    2. Vc não... Vc consegue ser esculachado pelo Kardilho kkkkkkkk🤣🤣🤣

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    3. kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

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  2. Cansados estão abraçando tudo... escoltinhas estão perdendo espaço.

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  3. Tudo isso por medo de entrar na cadeia... bando de cu!

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    1. Quem fez concurso pra apertar botão e apitar foi vc guarda Juju do Marrey.

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  4. kardilho!Sai da ratoeira, e vai trabalhar no fundão. Faça jus ao que fala. Eita! Esqueci nem os asp's te suportam. Fica jogado de setor em setor.

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