29 outubro 2024

De Boulos a agentes: como Tarcísio tratou diferentes “salves do PCC”; pouco voto meu candidato primeiro

Durante eleição, Tarcísio disse que PCC orientou voto em Boulos. Governador não comentou manuscrito ameaçando agentes penitenciários.

Renan Porto

29/10/2024

de Tarcísio no dia da eleição sobre ‘salve’ do PCC provoca indignação de Boulos, Juristas
dizem que o governador cometeu crime eleitoral - Imagem: Reprodução
São Paulo — Cerca de 10 dias antes de o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) mencionar, na data das eleições municipais, um suposto “salve” do Primeiro Comando da Capital (PCC) pedindo voto em Guilherme Boulos (PSol), a cúpula da Polícia Militar (PM) do estado minimizou outro manuscrito, também atribuído à facção, que teria sido interceptado na Penitenciária de Parelheiros, zona sul da capital, ameaçando agentes penitenciários.

Em ambos os casos, não foram divulgados elementos que comprovassem a participação de lideranças do PCC nas mensagens. Apesar disso, os manuscritos foram tratados de formas diferentes pelas autoridades de segurança pública e pelo governador, que sequer comentou o documento encontrado em Parelheiros.

Em 16 de outubro, comandantes da PM disseram ao Metrópoles que não havia indícios de que o salve interceptado em Parelheiros, com uma assinatura da Sintonia Final do PCC, seja verdadeiro, apesar de ataques registrados nos dias subsequentes.

Frente do "Salve" interceptado por policiais penais na Penitenciária de Parelheiros na região metropolitana - Imagem: Reprodução
No Centro de Detenção Provisória de Pinheiros, na zona oeste da capital, uma viatura da Secretaria de Administração Penitenciária foi incendiada. No Guarujá, dois homens em uma moto atiraram cinco vezes em uma base da PM na Vila Zilda.

“Não há nada que indique que está tendo ‘salve’ de organização criminosa”, disse Cássio Araújo de Freitas ao Metrópoles na época. Segundo ele, foram casos isolados.

Outros comandantes ouvidos pela reportagem levantaram a hipótese de que o documento tenha sido obra de agentes penitenciários para reivindicar melhores condições de trabalho e porte de armas institucional.

Policial penal é atacado a tiros em 28/10

Nessa segunda-feira (28/10), um agente da Penitenciária de Parelheiros, onde o suposto salve foi interceptado, foi baleado três vezes nas costas, quando estava a caminho do trabalho. O homem, de 41 anos, foi socorrido e levado para o Hospital Municipal de Parelheiros, onde permanece internado.

De acordo com o Sindicato dos Funcionários do Sistema Prisional (Sifuspesp), o agente informou a um colega que o socorreu que o atirador não anunciou assalto e atirou “do nada”.

A Secretaria da Segurança Pública (SSP) afirma que o caso foi registrado como tentativa de latrocínio no 101º Distrito Policial.

“Salve pró-Boulos”

Conforme noticiado pela coluna de Paulo Cappelli no Metrópoles, as forças de segurança dizem ter interceptado pelo menos quatro manuscritos, que seriam do PCC, dando ordens, chamadas de “salves”, para voto em Guilherme Boulos, que perdeu a eleição municipal nesse domingo (27/10) para o prefeito Ricardo Nunes (MDB), aliado de Tarcísio.

Os supostos salves teriam sido encontrados na Penitenciária II de Presidente Venceslau, no Centro de Detenção Provisória de Pinheiros, na Penitenciária de Riolândia e na Penitenciária I de Guareí. Todos em setembro, antes do primeiro turno.

Candidato Boulos (PSOL) se pronuncia após fala de governador Tarcísio de Freitas no domingo (27) -Imagem: Reprodução/Instagram

“Meus irmãos, estamos vindo através deste que chegou uma ideia da sintonia por boca que era pra nós reunirmos a massa e deixar neles que se possível trocar um papo com o nosso pessoal para estarem votando no Boulos que até mesmo dentro de questões que ele irá nos apoiar dentro de algumas causas nossas sendo dentro do sistema [sic]”, diz um dos manuscritos.

"Salve" interceptado dentro de Unidade Prisional de São Paulo, supostamente indicando voto em Boulos
Sem ser questionado diretamente sobre o suposto “salve” a favor de Boulos, Tarcísio mencionou o caso durante uma entrevista coletiva no Colégio Miguel de Cervantes, na zona sul da capital, logo após votar, acompanhado de Nunes.

“Isso aconteceu em São Paulo, disseram que era para votar no outro”, disse Tarcísio. Sem dar mais detalhes sobre o documento apreendido, o governador afirmou que “o outro” seria Guilherme Boulos.

"Salve" interceptado dentro de Unidade Prisional de São Paulo, supostamente indicando voto em Boulos

Salve contra agentes penitenciários

O manuscrito interceptado na Penitenciária de Parelheiros, com assinatura da Sintonia Final do PCC, promete “represálias na rua” como resposta “ao que estão fazendo” com o “irmão Marcola”, em referência a Marcos Willians Herbas Camacho, líder máximo da facção.

“Tomaremos nossas providências […] deixando um papo para que dentro desses 30 dias determinamos os irmão faça acontecer e chegar em nossas mãos, aguardando esse levantamento como caráter de urgência [sic]”, diz o texto.

Segundo o bilhete, os criminosos responsáveis pelos presos de pavilhões ou raios deveriam informar, com “caráter de urgência”, se as unidades onde estão presos há bloqueadores de sinal de celular, bem como indicar condições de não deixar rastros ou provas da articulação feita para os eventuais ataques.
Verso do "Salve" interceptado por policiais penais na Penitenciária de Parelheiros na região metropolitana - Imagem: Reprodução
Para autoridades do Setor de Inteligência da PM, há inconsistências no texto, que indicam uma possível farsa. Entre elas, a menção a Marcola, que está preso na Penitenciária Federal de Brasília, distante do sistema prisional de São Paulo.

Outro ponto citado pelos PMs é que não foram encontrados manuscritos semelhantes no regime fechado, onde estão as lideranças da facção.

Em contrapartida, os membros do Setor de Inteligência da PM afirmam que salves com viés político são comuns em período eleitoral e que a polêmica está relacionada à divulgação da informação.

Fonte: METRÓPOLES

Vídeos Youtube: TV Cultura/SBT


2 comentários:

  1. Quanto ao assunto relacionado com política, isso já faz parte de comentários de palanque. Daqui há anos, os dois estarão juntos. Lembro do ex-governador Geraldo Alckmin, que falava mal do Lula, e agora está junto com ele. A política é maquiavélica.

    ResponderExcluir
  2. Eu fico muito satisfeito com a bancarrota do "Boules"; em referência ao suposto salve do tal partido, de ameaça aos "pulissa", kkkk, como comicamente um colega aqui se refere ao ASP/AEVP, penso que o Tarcisio deveria ter se manifestado também, mas parece que a frase "o guarda não quer nada não" já é de conhecimento dele...

    ResponderExcluir

Deixe seu comentário e obrigado pela sua colaboração.