Grupo ligado ao PCC é suspeito de ordenar morte de policiais no Guarujá

Uma organização criminosa ligada ao PCC (Primeiro Comando da Capital) é investigada pela Polícia Civil por tentar instalar uma milícia no Guarujá, no litoral de São Paulo.

Do UOL, São Paulo

01/10/2024

Agentes cumprem 26 mandados de prisão na Baixada Santista e capital paulista — Foto: Divulgação SSP

Segundo investigações, Cristiano Lopes Costa, o "Meia Folha", foi o responsável por tentar criar uma milícia na região em que atuava, a Favela do Caixão, em Vicente de Carvalho, no Guarujá, importante ponto de controle de acesso ao Porto de Santos.

Com registro criminal por tráfico de drogas e porte ilegal de arma de fogo, Costa esteve no início de 2022 no Rio de Janeiro em busca de conhecimentos do modo de atuação das milícias. Segundo foi apurado, ele tentou implementar os ensinamentos na Baixada Santista, resultando em uma onda de homicídios de policiais militares inativos que realizavam atividades de segurança privada em comércios da cidade.

As investigações mostram que o criminoso seria responsável pela formação de uma milícia, composta por vigilantes, com objetivo de realizar o monopólio da segurança dos comércios da região. Segundo as forças de segurança, Costa era braço direito de André Luís da Costa Lopes, o Andrezinho da Baixada, na época chefe do tráfico da Baixada Santista. Andrezinho foi preso em 2019 pelo envolvimento no duplo homicídio de importantes lideranças do PCC, à época em liberdade: Rogério Jeremias de Simone, o Gegê do Mangue, e Fabiano Alves de Souza, o Paca.

Uma investigação da Coordenação de Repressão à Corrupção da Polícia Federal mostrou que a Prefeitura Municipal do Guarujá firmou contratação no valor de R$ 5 milhões com a empresa de Costa, a HC Serviços de Locação. O contrato era de prestação de serviços de limpeza hospitalar junto à Secretaria de Saúde município.

O grupo teria ordenado o assassinato de policiais da ativa e da reserva. Ao menos quatro mortes de agentes no ano passado podem ter o envolvimento dos suspeitos. Segundo a SSP (Secretaria da Segurança Pública) de São Paulo, a quadrilha operava uma série de ações para conseguir se consolidar como milicianos na cidade.

Assassinato de "Meia Folha"

Acordo entre políticos e a quadrilha

Um acordo teria sido feito entre eles para ''conter a violência'' na cidade. Além disso, a investigação também descobriu fraudes em licitações facilitadas pela ''parceria'' criada.

Um contrato irregular gerou R$ 26,9 milhões à organização criminosa. O dono de uma empresa de limpeza, membro do grupo, venceu uma licitação com indícios de fraude para prestar serviços em órgãos públicos. Enquanto isso, servidores públicos recebiam propinas para viabilizar irregularidades.

A partir de uma apuração inicial integrada do MPSP e da Polícia Civil, foi possível detectar indícios de fraudes em procedimentos licitatórios relacionados à Câmara Municipal e à Prefeitura do Guarujá, além de possível favorecimento de agentes públicos com o recebimento de propinas para viabilizar as fraudes.

Operação na Baixada Santista, batizada de Hereditas, a operação investiga indícios de
irregularidades em contratos com a Câmara dos Vereadores e a Prefeitura de Guarujá - Imagem: Reprodução / SSP SP

Uma das empresas beneficiadas com as fraudes pertencia a uma notória liderança do PCC, Cristiano Lopes Costa, o "Meia Folha" que foi assassinada a tiros na noite de 12 de março de 2024. 

Participaram da operação 15 integrantes do Ministério Público, 76 policiais militares do Comando de Policiamento de Choque (ROTA, COE e GATE) e 50 policiais civis da Delegacia Seccional de Praia Grande e do DOPE (Departamento de Operações Policiais Estratégicas).

Fonte: UOL

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