27 novembro 2024

Policial civil delatado por Gritzbach é preso pela PF; Capitão da PM também é detido na operação

A PF (Polícia Federal) realizou uma operação nesta terça-feira (26) contra um grupo que movimentou R$ 6 bilhões em cinco anos com a lavagem de dinheiro em pelo menos 15 países.

Josmar Jozino

Colunista do UOL

27/11/2024

Policial civil deltado por empresário é preso pela PF; Capitão PM também foi detido
Elia foi delatado à Corregedoria da Polícia Civil pelo empresário Antônio Vinícius Lopes Gritzbach, 38, delator do PCC (Primeiro Comando da Capital) assassinado a tiros no último dia 8 no aeroporto internacional de Guarulhos.

O policial civil do Deic (Departamento Estadual de Investigações) Cyllas Elia foi preso na manhã da terça-feira, 26/11 pela Polícia Federal durante a Operação Tai-Pan, deflagrada para desarticular organização criminosa voltada à prática de crimes contra o sistema financeiro, evasão de divisas e lavagem de dinheiro.

A operação também prendeu o capitão da Polícia Militar Diogo Costa Cangerana, que atuou na Casa Militar e comandava uma Companhia do 13º Batalhão, no Brás, região central de São Paulo. O oficial é apontado como articulador do esquema, segundo a PF

Cyllas Elia é CEO da 2 Go Bank e foi delatado por Vinícius Gritzbach - Imagem: Reprodução/Instagram
Elia foi delatado à Corregedoria da Polícia Civil pelo empresário Antônio Vinícius Lopes Gritzbach, 38, delator do PCC (Primeiro Comando da Capital) assassinado a tiros no último dia 8 no aeroporto internacional de Guarulhos.

Gritbzach prestou depoimento à Corregedoria oito dias antes de ser morto. Além de integrantes do PCC, ele também delatou policiais civis envolvidos, segundo ele, em casos de corrupção. Os agentes são do Deic e do DHPP (Departamento de Homicídios e proteção à Pessoa).

Segundo o empresário, Elia era sócio de um banco digital com Anselmo Becheli Santa Fausta, 38, o Cara Preta, narcotraficante que tinha grande influência no PCC, e com Rafael Maeda Pires, 31, o Japa, parceiro deste último.

Cara Preta foi assassinado a tiros em 27 de dezembro de 2021 no Tatuapé, zona leste de São Paulo, junto com o motorista Antônio Corona Neto, 33, o Sem Sangue. Gritzbach foi processado como o mandante das mortes porque teria desviado ao menos R$ 200 milhões do narcotraficante.

‘Japonês’ do PCC foi encontrado morto dentro do próprio carro em São Paulo, em um
stacionamento no subsolo de um predio - Imagem: Reprodução Cidade Alerta
Japa foi encontrado morto com tiro na cabeça em 5 de maio de 2023, no subsolo de um prédio no Tatuapé. Ele estava dentro de seu veículo, um Toyota. A polícia investiga se ele se matou ou se foi induzido pelo PCC a cometer suicídio.

No depoimento, Gritzbach afirmou que o banco digital se chamava IV Bank e hoje tem a denominação de 2 Go Bank. O policial civil era lotado na Delegacia de Repressão a Crimes Cibernéticos, do Deic.

A reportagem tenta contato com a defesa de Cyllas Elia. O espaço está aberto e o texto será atualizado em caso de manifestação. Em nota, a A 2GO Instituição de Pagamento informou que "está colaborando com as investigações e segue à disposição das autoridades".

Quadrilha movimentou R$ 6 bilhões

A PF (Polícia Federal) realizou uma operação nesta terça-feira (26) contra um grupo que movimentou R$ 6 bilhões em cinco anos com a lavagem de dinheiro em pelo menos 15 países.

Foram cumpridos 16 mandados de prisão preventiva e 41 de busca e apreensão em endereços de 7 estados: São Paulo, Distrito Federal, Espírito Santo, Paraná, Ceará, Santa Catarina e Bahia. Mais de 200 policiais federais estão mobilizados na operação.

Segundo a corporação, a quadrilha administrava um complexo sistema bancário paralelo e ilegal. O grupo atendia pessoas que quisessem ocultar capitais, lavar dinheiro ou enviar e receber quantias do exterior. A PF aponta que há indícios de envolvimento de facções do tráfico de drogas, de armas e contrabando.

Expertise em lavagem de dinheiro é o que faltava para PCC virar máfia; não falta mais
Dos R$ 6 bilhões, R$ 800 milhões foram movimentados só em 2024. Segundo a polícia, o esquema contava com o envolvimento de dezenas de pessoas, brasileiros e estrangeiros. Entre os alvos estão policiais civis e militares, gerentes e contadores de bancos.

A investigação começou em 2022 e mostrou que os criminosos não operavam só no Brasil. Eles também atuavam nos EUA, Canadá, Panamá, Argentina, Bolívia, Colômbia, Paraguai, Peru, Holanda, Inglaterra, Itália, Turquia, Dubai e especialmente Hong Kong e China, para onde se enviava a maior parte dos recursos de origem ilícita.

Os investigados podem responder pelos crimes de organização criminosa, lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Além das prisões e das buscas, a Justiça Federal determinou o bloqueio de bens e valores no valor superior a R$ 10 bilhões para mais de 200 pessoas jurídicas.

Fonte: UOL

Um comentário:

  1. Estão aparecendo os "des"PREPARADOS. Pior de tudo é, taxados como integrantes de organização criminosa.

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