20 dezembro 2024

Diretor do Deic e delegado de SP são afastados após serem citados em delação; deputado Olim também é mencionado

Nomes foram listados por Vinicius Gritzbach, que colaborava com investigações sobre o PCC e foi executado a tiros no Aeroporto de Guarulhos. Citados negam ligação com criminosos.

Por Rodrigo Bocardi, Léo Arcoverde, Kleber Tomaz, Bruno Tavares, 

TV Globo. GloboNews e g1 SP — São Paulo

20/12/2024

Antônio Vinicius Gritzbach delatou esquema do PCC e tmbém a corrupção na Polícia Civil de São Paulo | Reprodução
Dois delegados foram afastados preventivamente pelo governo de São Paulo após terem seus nomes citados na delação de Vinicius Gritzbach sobre o envolvimento de policiais civis corruptos com o Primeiro Comando da Capital (PCC).

O deputado estadual Antônio Olim (PP) também foi mencionado pelo empresário, morto a tiros no Aeroporto de Guarulhos no mês passado.

As informações sobre os delegados citados na delação foram divulgadas na quinta-feira (19) pelo SBT. Nesta sexta-feira (20), a TV Globo, a GloboNews e o g1 apuraram que eles foram afastados.

A Secretaria da Segurança Pública de SP foi procurada e não se pronunciou até a última atualização desta reportagem.

Gritzbach era empresário do ramo imobiliário, lavava dinheiro para policiais e membros da facção criminosa PCC. Por esse motivo, ele também era investigado pelas autoridades por corrupção.

Os delegados afastados são Fabio Pinheiro Lopes, diretor do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), e Murilo Fonseca Roque, de uma delegacia de São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo.

Também citado na delação, Antônio Olim é delegado, mas já estava afastado da Polícia Civil por causa do cargo político que exerce.

O Ministério Público investiga a suposta participação do deputado delegado Olim (PP) e do diretor do Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais) Fábio Pinheiro Lopes, mais conhecido como Fábio Caipira, em uma reunião em que foi alinhado o pagamento de propinas pelo empresário Antônio Vinícius Gritzbach, assassinado em novembro.

Segundo Gritzbach, um advogado conhecido como Ramses, que seria "muito influente", prometeu resolver todos os seus problemas, como restituição do passaporte, desbloqueio de bens e liberdade durante todos os processos.

O advogado teria, então, se reunido com os delegados Olim, Caipira e outro delegado, de nome Murillo. Após o encontro, Ramses cobrou R$ 5 milhões de Gritzbach, sendo R$ 800 mil em honorários e R$ 4,2 milhões em propinas, que garantiriam a realização de todos os seus "desejos".

O empresário aceitou o acordo e realizou o pagamento da seguinte forma: dois apartamentos, R$ 300 mil em transferência bancária e o restante dividido em cheques e dinheiro vivo.

Por envolver deputado estadual, esta parte da delação só pode ser investigada por procuradores de Justiça do setor de competência originária do Ministério Público, que trata de pessoas com foro privilegiado. As acusações estão sendo analisadas pelos procuradores.

Deputado estadual Delegado Olim foi citado por delator assassinado - Imagem: Divulgação/Alesp
O diretor do Deic afirmou, em nota, que a investigação departamento sobre lavagem de dinheiro contra Gritzbach foi realizada dentro da mais estrita legalidade. Dessa forma, ou o empresário faltou com a verdade para obter vantagens em seu acordo de delação premiada, ou foi enganado pelo mencionado advogado.

De acordo com o policial, os imóveis que o delator diz ter sido usado para pagar a suposta propina estão em nome do próprio advogado Ramses e da filha dele, e que na investigação feita pelo Deic, Antônio Vinícius nao teve nenhuma vantagem: ele foi indiciado, teve a prisão pedida e bens bloqueados e continuou com o passaporte apreendido.

Segundo fontes ouvidas pela reportagem, a força-tarefa criada pelo governo estadual investiga se os três delegados cometeram alguma ilegalidade. Eles responderão em liberdade.

Dinheiro e armas apreendidos durante operação da PF e do MP-SP contra policiais corruptos ligados
ao PCC - Imagem: Reprodução/TV Globo

O que dizem os citados

Procurados pela equipe de reportagem, Fabio e Olim negaram ter cometido qualquer irregularidade nas funções de delegados. Murilo não foi encontrado para comentar o assunto.

"Dessa forma, ou o empresário faltou com a verdade para obter vantagens em seu acordo de delação premiada, ou foi enganado pelo mencionado advogado", informou Fabio por telefone. De acordo com o policial, Gritzbach foi investigado pelo Deic e indiciado por lavagem de dinheiro.

"Recebo, com veemente indignação, notícias acerca do meu nome e de outras honradas autoridades com fatos nebulosos, imprecisos e improvados, os quais não guardam qualquer relação com a realidade. Não conheço, nunca estive ou recebi pessoalmente, o senhor Vinicius Gritzbach. Não mantive qualquer contato próximo ou mediato com essa pessoa. Nunca intermediei ou atuei pela gestão de procedimentos judiciais ou extrajudiciais a respeito dele, quem só soube existir quando do seu homicídio, publicamente divulgado, no aeroporto de Guarulhos", informa trecho da nota divulgada à imprensa por Olim.

"Repudio e expresso a minha cabal indignação ao uso de meu nome de forma vil, gratuita e indevida. Não recebi nenhuma notificação oficial a respeito desses fatos, e sigo absolutamente sereno com relação a esse episódio, sobre o qual haverei de me posicionar, cobrando das autoridades os esclarecimentos e demandando as responsabilidades devidas, no momento e nas vias apropriadas para fazê-lo", continua o deputado no seu comunicado.

Presos e procurado na operação da PF e do MP em São Paulo - Imagem: Reprodução

Outros policiais foram delatados

Mais sete policiais também foram delatados por Gritzbach por suspeitas de corrupção e envolvimento com o PCC. Seis deles estão presos, incluindo outro delegado, e um está foragido. As prisões foram feitas nos últimos dias pela Polícia Federal (PF) em ação conjunta com o MP.

São eles: o delegado Fábio Baena, os investigadores Eduardo Lopes Monteiro, o "Du", Marcelo Roberto Ruggieri, o "Xará", Marcelo Marques de Souza, o "Bombom", Valmir Pinheiro, o "Bolsonaro" e o agente policial Valdenir Paulo de Almeida, o "Xixo".

O agente da Polícia Civil, Rogério de Almeida Felício, o "Rogerinho Punisher" fugiu e não foi preso.

Também foram presos pela PF o advogado Ahmed Hassan Saleh, o "Doutor Mudi", e os empresários Ademir Pereira de Andrade e Robinson Granger de Moura, o "Molly". Assim como os policias, eles acabaram delatados por Gritzbach.

Eles são suspeitos de lavagem de dinheiro e elo com o Primeiro Comando da Capital (PCC). Ainda de acordo com a investigação, parte do grupo movimentou junto ao menos R$ 72 milhões de maneira ilegal nos últimos cinco anos.

Objetos apreendidos pela PF e pelo MP em ação contra policiais, advogado e empresários
suspeitos de elo com o PCC - Imagem: Divulgação

Como funcionava o esquema

De acordo com a PF e o MP, para lavar o dinheiro os investigados investiam dinheiro da propina paga pelo PCC aos policiais e do tráfico de drogas da facção criminosa em negócios imobiliários e na abertura de contas de empresas-fantasma.

A investigação identificou essa movimentação financeira irregular dos oito investigados entre 2018 e 2022.

Todos os oitos investigados citados acima haviam sido denunciados por Vinicius Gritzbach antes de ele ser assassinado no mês passado. O empresário conhecia o grupo pois lavava dinheiro para ele, seja na aquisição de empreendimentos imobiliários ou no investimento de criptomoedas e joias.

Também investigado pelo Ministério Público por suspeita de corrupção de lavagem de dinheiro, Gritzbach denunciou o grupo durante delação premiada à Justiça. Caso fosse condenado, ele teria a pena reduzida. O empresário respondia aos crimes em liberdade.

Após a denunciar o grupo, a PF e o MP fizeram a operação na capital de São Paulo e nas cidades de Bragança Paulista, Igaratá e Ubatuba, no interior do estado. Agentes e promotores foram até imóveis dos investigados, onde encontraram:

Lancha e motos aquáticas foram apreendidas no sitio do operador do esquema
Dinheiro de origem não declarada e suspeito de lavagem: mais de R$ 753 mil em cédulas de dinheiro nacional e estrangeiro, sendo cerca de R$ 120 mil em valores convertidos de dólares e euros que estavam nos imóveis;

Armas e munições sem comprovação: oito pistolas, seis fuzis, três espingardas, um revólver e uma carabina. Também tinham oito carregadores e mais de 1.600 balas;

Carros de luxo nacionais e importados: sete veículos no total, sendo Mercedes Benz, Ford Maverick, picape Hilux, Jeep Compass, Toyota Cruiser, Audi e Honda;

Veículos náuticos e outros: uma lancha, três motos aquáticas e dois quadriciclos;

Artigos de luxo: cinco relógios de grife de marcas famosas importadas, 35 anéis, 11 colares, nove pingentes, seis pulseiras, dois terços e 68 pedras preciosas;

Celulares e equipamentos de informática: 11 telefones, dois laptops e pendrives;

Documentos diversos: escrituras de imóveis, cadernos de anotações e cheques bancários.

Antônio Corona Neto, o "Sem Sangue", o empresário Antônio Vinícius Lopes Gritzbach e Anselmo Becheli Santa Fausta, o "Cara Preta"
Gritzbach acusou policiais de cobrarem R$ 40 milhões de propina para não responsabilizá-lo pelos assassinatos de dois membros do PCC. O empresário era investigado pelo Departamento Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) por suspeita de ter mandado matar Anselmo Becheli Santa Fausta, o "Cara Preta", e Antônio Corona Neto, o "Sem Sangue" em 2021.

Ele não pagou o dinheiro do suborno e foi indiciado pela polícia pelos homicídios. Gritzbach foi executado a tiros no dia 8 de novembro na frente do Aeroporto internacional de São Paulo, em Guarulhos.

Câmeras de segurança gravaram o crime cometido por dois homens encapuzados e com fuzis que fugiram em seguida (veja vídeo acima). Um motorista por aplicativo foi atingido por um dos disparos e também morreu.

Dois suspeitos de participarem da execução dele foram presos dias depois pela força-tarefa criada pelo governo paulista para investigar o caso. Matheus Augusto de Castro Mota e Matheus Soares Brito teriam ligação com o Primeiro Comando da Capital.

O terceiro suspeito procurado como foragido pelo homicídio do empresário é Kauê do Amaral Coelho. Segundo a força-tarefa, mais pessoas podem estar envolvidas no crime.

Além de investigarem o possível envolvimento do PCC no assassinato de Gritzbach, as autoridades apuram a hipótese de que policiais possam ter participado da execução dele. Um áudio gravado pelo empresário mostra uma conversa entre um membro da facção oferecendo R$ 3 milhões a policiais para matá-lo.

A equipe de reportagem tenta localizar as defesas dos oito investigados para comentar o assunto.

Fonte: G1

Vídeo: SBT

6 comentários:

  1. Mentira !!!!!
    São tudo fack news !!!!!
    São frutos de uma imaginação distorcida e mentirosa.
    A segurança pública em São Paulo são exemplos para os demais Estados da Federação.
    Não admitirem os excessos e nem desvio de cintura.
    Só para dar um exemplo prático desta política vamos arroxar mais ainda a disciplina
    Um exemplo , vamos meter fumo nesta tal de SAPO Para servir de padrão de disciplina.

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    1. A milícia tomando conta do estado e um retardado mental, cérebro atrofiado mandando fazer o L, esse imundo com certeza vota nessa quadrilha miliciana na próxima eleição com certeza, ja o seu L manda de volta pro presidio mais próximo, ameba, pois é la o lugar dele, quem tem politico de estimação que leve para casa e de sua esposa para ele de presente, politico bom é preso, são todos bandidos safados e pilantra, e quem vibra por eles é igual.

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  2. Após esse episódio, já caiu mais um delegado e com ele, 400 mil reais. Vamos aguardar o desenrolar das investigações.

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  3. Tem aevp que está na tranca por envolvimento neste caso! Esqueceram?

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    1. Então apite sem parar priiiii priiiii priiiii priiiii priiiii priiiii priiiii priiiii priiiii priiiii priiiii

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