04 junho 2025

Ex-preso deixa cadeia e vira diretor adjunto da Secretaria Penitenciária de Salvador/BA

Sátiro Sousa Cerqueira Júnior foi preso logo após tentar matar o vizinho com um tiro em razão de a vítima se recusar a abaixar o som.

Carlos Carone

04/06/2025 

O novo diretor -adjunto do Conjunto Penal de Salvador I, é nada menos que um ex-preso - Imagem: Blog Alô Juca
Uma situação incomum corre como uma rastilho de pólvora entre as áreas que atuam na segurança pública da Bahia. Um homem preso flagrante, em 2019, após atirar em um vizinho durante uma discussão por causa de som alto, foi nomeado, em 28 de maio, para um cargo de direção adjunta na Secretaria de Administração Penitenciária e Ressocialização baiana (Seap).

Sátiro Sousa Cerqueira Júnior foi preso logo após tentar matar o vizinho com um tiro em razão de a vítima se recusar a abaixar o volume do som que escutava. O Ministério Público enquadrou o caso como tentativa de homicídio qualificado por motivo fútil. Ele cumpriu prisão preventiva no Presídio de Salvador até receber alvará de soltura e responde pelo crime em liberdade.

Agora, o ex-preso assume um cargo com salário superior a R$ 11 mil no Conjunto Penal de Salvador, da Seap. Na função de diretor-adjunto, Sátiro teria a responsabilidade de auxiliar na gestão do Conjunto Penal de Salvador, colaborando na organização, manutenção da ordem e segurança da unidade. 

Conjunto Penal Masculino de Salvador, no Complexo da Mata Escura foi inaugurado no ano
de 2017 - Imagem: Camila Souza/Jornal Grande Bahia
A indicação tem gerado controvérsia por envolver um servidor com histórico judicial em aberto, atuando justamente no sistema penitenciário.

O caso ocorre em meio a uma crise no sistema prisional baiano. Recentemente, o governo federal interveio no Conjunto Penal de Eunápolis após fugas em massa e denúncias de falhas na segurança. 

Dos 16 detentos que escaparam em dezembro, 15 continuam foragidos. Inspeções do Tribunal de Contas e do Ministério Público também revelaram problemas estruturais em presídios como o de Salvador e Itabuna, incluindo irregularidades na manutenção e suspeitas de má gestão.

Nomeação de ex-detento para cargo em presídio da Bahia gera ação judicial e críticas na
Assembleia Legislativa - Deputado Leandro de Jesus da Assembléia Legislativa da Bahia diz ser indmissível tal ato

Reação a nomeação

A nomeação de Sátiro Cerqueira Júnior para o cargo de diretor-adjunto do Conjunto Penal de Salvador I gerou polêmica e provocou uma reação imediata na Assembleia Legislativa da Bahia. O deputado estadual Leandro de Jesus (PL) protocolou uma ação popular na Justiça visando barrar a nomeação, alegando incompatibilidade do nomeado com os critérios legais e morais exigidos para o exercício da função.

Sátiro foi nomeado no último dia 28 de maio pelo governador Jerônimo Rodrigues (PT). Servidor da Secretaria de Administração Penitenciária desde 2015, ele já atuava na mesma unidade prisional em que foi detido, em agosto de 2019, após ser preso em flagrante por tentativa de homicídio. A denúncia formal contra ele, que ainda tramita na Justiça, inclui acusações de homicídio por motivo fútil, homicídio à traição e crime tentado.

Imagem interna de raio do Conjunto Penal de Salvador na Bahia - Imagem: Camila Souza/Jornal Grande Bahia
Segundo o parlamentar, a nomeação fere diretamente o princípio da idoneidade moral, previsto na Lei de Execução Penal (Lei nº 7.210/1984) como requisito básico para o exercício de cargos de direção em estabelecimentos prisionais. “É inadmissível que o governador nomeie para um posto que requer reputação ilibada alguém que responde por uma tentativa de homicídio. Este é o cenário da Bahia do PT, reflexo dos anos de insegurança que vivemos”, afirmou Leandro.

O crime pelo qual Sátiro responde teria ocorrido após uma discussão com um vizinho sobre o volume de som, no bairro de Fazenda Grande do Retiro, em Salvador. A prisão em flagrante foi convertida em prisão preventiva no dia seguinte, durante audiência de custódia.

Na função de diretor-adjunto, Sátiro teria a responsabilidade de auxiliar na gestão do Conjunto Penal de Salvador, colaborando na organização, manutenção da ordem e segurança da unidade. 

A indicação tem gerado controvérsia por envolver um servidor com histórico judicial em aberto, atuando justamente no sistema penitenciário.

Fonte: METRÓPOLES/BN(Bahia Notícias)

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