11 julho 2025

PMs da Rota atiram em policial civil em serviço na favela do fogaréu na zona sul de SP

A ação da Rota na Favela do Fogaréu aconteceu um dia depois que dois cabos da Polícia Militar foram presos acusados de matar uma pessoa rendida na Favela de Paraisópolis.

Josmar Jozino

Colunista do UOL

11/07/2025

Rafael Moura da Silva, 38, da equipe do Cerco (Corpo de Repressão Especial ao Crime Organizado)
 da 3ª Delegacia Seccional - Imagem: Cedido ao UOL
Policiais militares da Rota (Rondas Ostensiva Tobias de Aguiar), a tropa mais letal da corporação, baleou no início da noite o investigador Rafael Moura da Silva, 38, da equipe do Cerco (Corpo de Repressão Especial ao Crime Organizado) da 3ª Delegacia Seccional (Oeste).

O policial civil estava em serviço com colegas e acabou levando três tiros na rua Pedro Faber, na Favela do Fogaréu, na região do Capão Redondo, zona sul. Uma das balas ficou alojada no abdômen de Rafael. Segundo informações, ele foi levado para o hospital das Clínicas.

Os agentes contaram que a equipe do Cerco entrou na favela por um lado. Do outro lado vinham os PMs da Rota e houve o encontro. O pessoal do Cerco se identificou e afirmou que estava fazendo uma operação contra o tráfico de drogas. Mas os militares sacaram as armas e atiraram.

Policiais observam a favela de Paraisópolis, em SP, depois da ação que terminou com um
homem morto nesta quinta (10), mesmo após ter sido rendido - Danilo Verpa/Folhapress
A reportagem procurou a SSP (Secretaria Estadual da Segurança Pública), para ter mais detalhes sobre o caso. A pasta informou que ainda não tinha informações e que estava apurando a ocorrência.

Já nos grupos de WhatsApp de policiais civis, agentes divulgaram até a foto do policial civil baleado e informaram que ele permanece internado e seu estado é estável.

Nas mensagens, os policiais afirmam que no local da ocorrência os policiais da Rota queriam apresentar a versão de troca de tiros. "O ambiente está pesado e com animosidade entre os dois lados", escreveu outro agente para os colegas.

Grupo ataca motorista e tomba carro no Morumbi, Zona Sul de SP - Imagem: Reprodução/TV Globo
A ação da Rota na Favela do Fogaréu aconteceu um dia depois que dois cabos da Polícia Militar foram presos acusados de matar uma pessoa rendida na Favela de Paraisópolis.

Os cabos Renato Torquatto da Cruz, 39 e Robson Noguchi de Lima, 33, foram detidos apela Corregedoria da PM e devem passar por audiência de custódia amanhã.

O episódio aconteceu às 15h50. Minutos depois, moradores de Paraisópolis atearam fogo em caçambas em Paraisópolis, quebraram carros e agrediram motoristas.

Grupo ataca motorista e tomba carro no Morumbi, Zona Sul de SP - Imagem: Reprodução/TV Globo
Mais tarde, por volta das 20h36, policiais militares mataram outra pessoa e alegaram que houve troca de tiros. Um IPM (Inquérito policial Militar) também foi aberto para apurar esse caso.

Os Delegados

O que os delegados envolvidos no caso querem saber é se os policiais da Rota atiraram sem se importar com as consequências, ou seja, se atiraram primeiro nos policiais que estavam chegando em uma biqueira da favela para perguntar depois. Um delegado ouvido pelo Estadão afirmou se tratar de uma situação muito difícil.

"Estamos verificando todas as circunstâncias do caso para, depois, tomar uma decisão com serenidade", afirmou o diretor do Departamento de Polícia Judiciária da Capital (Decap), Emygdio Machado Neto.

O caso está sendo registrado no 37.º Distrito Policial, no Campo Limpo. A polícia deve analisar as imagens e os sons nas câmeras dos policiais da Rota, que, segundo os procedimentos operacionais anunciados pelo governo do Estado, deveriam estar ligadas na ocorrência.

Além deles, só as câmeras usadas pelos traficantes de droga para monitorar a região podem ter imagens sobre o que de fato aconteceu no local. A Corregedoria da PM deve acompanhar o caso. Até as 21h30, o Comando da PM não havia se manifestado.

Fonte: UOL

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